O Neurocientista Fabiano de Abreu e o Cardiologista Roberto Yano uniram forças para definir os efeitos permanentes da doença. Deste trabalho conjunto surgiu um artigo científico já aprovado e publicado pelo International Journal of Development Research.
O objectivo do projecto dos dois especialistas passou por compreender os riscos que a Covid-19 acarreta, tanto para o sistema nervoso central, quanto para o sistema cardiovascular. E a conclusão é de que a doença poderá deixar sequelas.
O Médico Cardiologista Roberto Yano refere que «cada vez que surge um vírus novo, é um desafio para a comunidade científica, ainda mais quando se trata de algo que tomou proporções como esta pandemia». Relativamente ao coração, «é irrefutável que, nos casos mais graves da infecção, exista uma probabilidade de ocorrer sequelas cardiovasculares, como insuficiência cardíaca, infarto e AVC», explicou o especialista. «Temos que antecipar os nossos estudos para conhecer melhor o desenvolvimento da doença e compreender quais sequelas permanentes esta doença deixará em relação ao sistema cardiovascular e também ao sistema nervoso central».
Para Fabiano de Abreu, a preocupação recai tanto nos danos físicos da doença como nos traumas que esta acarreta no âmbito psicológico. Sabemos que, ao nível neurológico, poderemos ter danos a nível celular ou a própria infecção pode causar traumas que afectam a nossa capacidade cognitiva e que podem resultar em transtornos, síndromes ou outras variáveis futuras», esclarece. «Na minha área de estudo, preocupa-me também a saúde mental da sociedade em geral que está, a nível geracional, a vivenciar algo deste tipo pela primeira vez».
Os danos que a Covid-19 pode causar estão ainda em fase incipiente de estudo, uma vez que é uma doença relativamente nova, mas, a cada dia, há mais casos de relatos de pessoas que, mesmo após superarem a doença, referem sequelas. «Pacientes com Covid-19, mesmo recuperados, ainda sofrem com a mudança no paladar e olfato, que pode ser irreversível. Isso está relacionado à lesão causada, principalmente, nos neurónios sensoriais primários», conclui Fabiano de Abreu.
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Sobre esta dupla de investigadores
Fabiano de Abreu é Doutor em Neurociência e Psicologia, membro da Federação Europeia de Neurociência, Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociência, mestre em Psicanálise pelo instituto Gaio da Unesco, Especialista em Propriedades Eléctricas dos neurónios em Harvard e voluntário do exército português para assuntos de coronavírus. Já Roberto Yano é Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e em Estimulação Cardíaca Artificial pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.