O humorista conservador que esteve para ser fuzilado pelos “vermelhos” e que editou em português
Correio de Lagos
02/11/2025
Em Madrid, no verão de 1936, as ruas eram um palco de medo e vingança. Os tiros ecoavam entre os muros das igrejas transformadas em quartéis e as madrugadas cheiravam a pólvora e a denúncia. A Espanha desmoronava-se dentro de si própria, e entre os nomes que surgiam nas listas de “suspeitos” estava o de um homem que apenas sabia escrever. Chamava-se Wenceslao Fernández Flórez, galego de nascimento, cronista fino e humorista de espírito conservador. Fora um dos autores mais lidos da imprensa madrilena, ironizando políticos e burocratas, sempre com a leveza de quem acredita que o riso pode ser uma forma de lucidez. Quando a guerra rebentou, esse humor tornou-se um crime. Acusado de ser “reacionário”, foi preso e condenado à morte.