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Os melhores afastam-se da governação do país

Os melhores afastam-se da governação do país

“Estes cenários, comuns a todos os partidos, afastam os melhores da governação do país.”

O pai ajudou o filho recém licenciado a realizar o seu sonho e criar uma empresa de eventos e é consequente sócio. Foi convidado para membro de governo. Gostava de aceitar. Fala com o filho, pois este tem negócios com o setor público. Coloca-lhe a questão de deixar de ter esses negócios. Mas, percebe que são dos principais clientes. Por amor ao filho, o pai recusa o convite.

Uma cidadã convidada para cargo de governo, é casado em comunhão de adquiridos, tem uma empresa de software, cujos principais clientes são escolas públicas e setor empresarial do estado. O maior rendimento do casal provém desse negócio. A cidadã recusa o convite. Que gostava de aceitar.

Um caso real agora. Um reputado especialista foi convidado para cargo ministerial. A mulher, com quem é casado em comunhão de bens, provém de uma família financeiramente muito acima da média. Herdou muitos bens, imobiliários nomeadamente e com os irmãos é sócia de empresas que gerem alguns desses bens. Foi perentória: “não tens o direito de expor os bens e a vida patrimonial nem de mim nem da minha família.

Pode-se dizer: mas, desde que declare esses patrimónios está dentro da lei.

Contudo, duas questões se colocam.

Passa a ser público o conhecimento dos bens e negócios da família.

E há uma outra questão tão ou mais importante do que esta: a suspeita gerada na opinião pública. Que pode fazer estragos irreparáveis aos membros da família.

Estes cenários, comuns a todos os partidos, afastam os melhores da governação do país.

Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional

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