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Ministra da Cultura espera a inauguração, em 2022, do Centro Expositivo a funcionar como pólo museográfico na Fortaleza de Sagres, com uma porta simbólica do século XVIII e outras atracções para os visitantes

Ministra da Cultura espera a inauguração, em 2022, do Centro Expositivo a funcionar como pólo museográfico na Fortaleza de Sagres, com uma porta simbólica do século XVIII e outras atracções para os visitantes

A empreitada, a cargo da Direcção Regional de Cultura do Algarve, ascende a cerca de 1,5 milhões de euros. O primeiro andar “com um Centro Expositivo completamente diferente” do que ficará instalado no rés-do-chão, “será uma sala de exposições temporárias. A primeira que estamos a programar será de arte contemporânea”, anunciou Adriana Nogueira. E haverá mais surpresas neste local.

A Fortaleza de Sagres vai ter um novo ponto de atracção e aumentar a oferta cultural no concelho de Vila do Bispo. Trata-se do Centro Expositivo que, com abertura prevista para o início do ano de 2022, será um pólo museográfico, o qual irá proporcionar aos diversos públicos uma reflexão sobre o valor singular deste território, desde a Antiguidade aos nossos dias, relacionando-o com as Viagens de Exploração Oceânica e com a figura do Infante D. Henrique. A exposição, dedicada às “Viagens”, permitirá, a inaugurar, uma experiência interativa com a relevância do Promontório de Sagres, como a primeira experiência de globalização no mundo. A empreitada, nesta altura na fase da construção da cenografia, ascende a cerca de 1,5 milhões de euros e é da responsabilidade da Direcção Regional de Cultura do Algarve.

“Quem vier aqui passará a palavra e poderão vir mais pessoas a este local que, acima de tudo, conta um pouco a nossa História” (Graça Fonseca, ministra da Cultura)

“Estas obras estão prestes a concluir. Esperamos que, em 2022, esteja aberto aos visitantes. Este investimento é muito importante e podemos ter um centro de visitação, onde quem vier aqui passará a palavra e poderão vir mais pessoas a este local que, acima de tudo, conta um pouco a nossa História e de alguma forma o que isso representa. O que é que Sagres representa hoje em dia, também daquilo que é a nossa identidade”, afirmou a ministra da Cultura, Graça Fonseca, aos jornalistas, no final de uma visita ao edifício, no dia 26 de Novembro de 2021, após a colocação da primeira peça no Centro Expositivo do Promontório de Sagres.

Na altura, estava acompanhada pela secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, pela Directora Regional da Cultura do Algarve, Adriana Nogueira, e pelo arqueólogo desta instituição Rui Parreira, além do director da Fortaleza de Sagres, Luciano Rafael, do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Algarve, José Apolinário, e autarcas do concelho de Vila do Bispo.

“Este é também um equipamento que está incluído no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que será uma terceira fase, vamos chamar-lhe assim, com cerca de 600.000 euros de investimento a entrar na Fortaleza. É um pouco essa importância de assinalarmos que temos mesmo de investir no nosso património acima de tudo. Esse é o facto mais extraordinário para trazermos mais pessoas e para podermos projectar o nosso património”, sublinhou a ministra da Cultura.

“Alguém considerou que era relevante guardar-se este objecto, numa altura em que, provavelmente, não saberia bem o que estava a guardar. E aqui estamos nós com uma porta do século XVIII, com a importância que tem não só no Centro Expositivo, mas também para contar a história deste monumento.”

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Nesta visita, o que mais chamou a atenção de Graça Fonseca foi “a história desta porta”, de 1793, que pertencia à entrada da Fortaleza de Sagres, destacou aquela responsável governamental ao apontar para a preservação da mesma, junto à qual falava aos jornalistas. “E porque é que eu acho que é um exemplo que vale a pena? Alguém considerou que era relevante guardar-se este objecto, numa altura em que, provavelmente, não saberia bem o que estava a guardar. E aqui estamos nós com uma porta do século XVIII, com a importância que tem não só no Centro Expositivo, mas também para contar a história deste monumento. Isso é muito importante, acima de tudo porque passa a mensagem de que temos cada vez mais de cuidar do património que é nosso, é uma responsabilidade de todos, principalmente na área da cultura, dos directores regionais, dos museus, de monumentos, das câmaras. Mas é também uma tarefa de todos. E esta porta conta essa história. Conta a história que alguém um dia entendeu que valia a pena e aqui estamos nós, hoje, a dizer obrigada, porque a porta ficou preservada”, salientou Graça Fonseca, mostrando-se bastante sensibilizada com a situação.

Trata-se de uma peça do portal neoclássico da Fortaleza de Sagres. A porta, de cor preta e em madeira, pesa duas toneladas, necessitou de vigas reforçadas para a suportar e abre a museografia do novo equipamento que trará novos conteúdos à Fortaleza de Sagres, o monumento mais visitado no Algarve.

“Por volta de 1959, o Estado fez obras na Fortaleza e esta porta foi retirada”, lembrou a directora regional da Cultura do Algarve. Esteve guardada pelo empreiteiro que, anos mais tarde, a devolveu, tendo, assim, salvo um espólio que facilmente se poderia ter perdido para sempre, como reconhecem responsáveis do sector da cultura.

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“O espaço de cima estará sempre a mudar. As pessoas vão querer ver sempre a próxima exposição” (Directora Regional da Cultura do Algarve, Adriana Nogueira)

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Constituído por dois pisos, o Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres terá “uma sala com três cores diferentes e nenhuma delas projectada. Não se sabe o que está escrito e cada cor é que vai realçar a mensagem que lá está”, referiu, em declarações aos jornalistas, Adriana Nogueira, directora regional da Cultura do Algarve.

O espaço, notou, servirá “de estudo sobre aquela época” dos Descobrimentos para os visitantes. “São histórias que se contam. Mas alguém pensou e decidiu avançar por estes mares fora. E vai ver-se esses mapas também desse mundo que, entretanto, foi alcançado pelos portugueses”, recordou.

No primeiro andar do edifício, “vamos ter um Centro Expositivo, completamente diferente” do que ficará instalado no rés-do-chão. “Será uma sala de exposições temporárias. A primeira que estamos a programar será de arte contemporânea. E aqui o visitante poderá ver exposições, dependendo da programação que o director da Fortaleza vai apresentar para este espaço e das parcerias que vamos conseguir e, eventualmente, até de exposições que estejam a circular pelo país e fora do país”, explicou a directora regional da Cultura do Algarve.

Numa altura em que nem sempre é fácil enfrentar o passado da História de Portugal na época dos Descobrimentos, o Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres terá um símbolo relacionado com escravos, do Centro Nacional de Arqueologia. “É uma realidade que aconteceu. E nosso dia-a-dia, também há outro tipo de escravos, é uma realidade que, infelizmente, existe. Mas há que assumi-la, claro, na sua completa dimensão”, observou.

Adriana Nogueira apontou 2022 como o ano de entrada em funcionamento do Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres. “Nós estamos a pensar que estará terminado no primeiro trimestre do próximo ano. Em 2022, já estará a funcionar de certeza”, garantiu ao ‘CL’. “Vai ser uma atracção para os visitantes. O espaço de cima estará sempre a mudar. As pessoas vão querer ver sempre a próxima exposição”, perspectivou aquela responsável da Cultura nesta região.

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“Duzentos mil visitantes até Outubro” de 2021 na Fortaleza de Sagres

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Mesmo em ano de pandemia da Covid-19, a Fortaleza de Sagres “já atingiu os duzentos mil visitantes até Outubro”, revelou, na altura, Adriana Nogueira. E em 2020, “foram 190 mil, não se atingiu os 200.000. Já neste Verão, foram números muito bons. Em comparação com 2019, tinha havido já uma grande subida, mas depois baixou.”

A subida do número de visitantes em tempo de pandemia é sinal de que “as pessoas estão a encarar agora esta situação com mais normalidade”, considerou a directora regional da Cultura do Algarve. “Com todas as protecções, as máscaras, a higienização, as pessoas sentem-se seguras na cultura. A cultura é segura. Vamos continuar”, reforçou.

Por outro lado, neste sector o Plano de Recuperação e Resiliência no Algarve “prevê verbas para as Ruínas de Milreu, em Estói, no concelho de Faro, além de intervenções nas redes de equipamentos culturais desta região, nomeadamente nos cineteatros, nos centros de artes e nas bibliotecas. Serão cerca de quatro milhões de euros nas várias intervenções”, adiantou Adriana Nogueira.

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“Já temos o Centro de Interpretação da Lota de Sagres, o Forte do Beliche e o Centro de Interpretação de Vila do Bispo. Em 2022, com mais um museu em Vila do Bispo, junto ao Campo de Futebol Municipal, e o Centro Expositivo na Fortaleza de Sagres, já ficaremos com um roteiro cultural bastante interessante.” (Rute Silva, presidente da Câmara de Vila do Bispo)

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Neste investimento na Fortaleza de Sagres, a Câmara Municipal de Vila do Bispo não terá de suportar qualquer encargo. “Esta visita é um momento simbólico relativamente ao Centro Museológico daquilo que vai ser o património de Sagres. É mais uma iniciativa que se pretende ser o final desta empreitada. E acima de tudo representa muito para o concelho, uma vez que será o primeiro Centro Museológico que vamos ter aqui”, disse, ao ‘CL’, a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Rute Silva.

A obra “já estava prevista há algum tempo e, neste momento, conseguimos perceber que vai ter um final. Será muito importante para a vila de Sagres e, obviamente, para o concelho de Vila do Bispo”, adiantou.

Depois de lembrar ser “expectável que abra em 2022”, a autarca avançou: “Nós, Câmara Municipal, também pretendemos abrir o nosso museu em Vila do Bispo ao público. E então, iremos com certeza ter, também, uma série de museus, o que acho muito interessante para este concelho que tanta história deu ao país e ao mundo. Tal contribuirá para mais atracção, mais pessoas, mais fixação turística. Acho importante que as pessoas permaneçam mais tempo no nosso território, pois é isso que gera também a economia local. Já temos o Centro de Interpretação da Lota de Sagres, o Forte do Beliche e o Centro de Interpretação de Vila do Bispo. Em 2022, com mais um museu em Vila do Bispo, junto ao Campo de Futebol Municipal, e o Centro Expositivo na Fortaleza de Sagres, já ficaremos com um roteiro cultural bastante interessante.”

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“Até mesmo pela questão da pandemia, temos sido, de alguma forma, privilegiados pela procura do turismo”

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Apesar do Covid-19, o concelho de Vila do Bispo “tem sido muito procurado, porque é um território aberto, mais natural”, observou. “Até mesmo pela questão da pandemia, temos sido, de alguma forma, privilegiados pela procura do turismo”, salientou Rute Silva.

E o que representa para si a porta do século XVIII, agora instalada no interior do edifício do Centro Expositivo do Promontório de Sagres? “Esta era uma porta da antiga Fortaleza e é um símbolo daquilo que é a ligação do passado com esta exposição do presente. Era a porta da Fortaleza de Sagres. Acho que é simbólico”, notou a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo.

Já o vereador Fernando Santana não esquece: “Passei muitas vezes por esta porta quando ia ver filmes ao cinema na Fortaleza por vinte e cinco tostões”.

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