Neste Dia Mundial da Saúde, no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a importância dos Trabalhadores de Saúde e Cuidadores, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) vem propor ao governo que considere três desafios para fazer a diferença no combate à diabetes, uma doença que afecta mais de um milhão de portugueses.
1) Reduzir o risco.
Segundo a APDP, é necessário acabar com a visão de que a diabetes é uma doença provocada pelo estilo de vida, sem considerar a sua complexidade, a influência da genética, dos ambientes obesogénicos e o impacto das desigualdades sociais. Uma abordagem da “saúde em todas as políticas” ajuda a projectar comunidades mais favoráveis à saúde e não à doença, através de melhores condições de habitação, emprego, transportes, entre outras políticas sociais.
As escolas, de todos os níveis de ensino, devem integrar no seu currículo perspectivas práticas de educação para a saúde. As estratégias de prevenção e diagnóstico precoce devem envolver as organizações de base comunitária, além das unidades de saúde.
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2) Integrar cuidados.
É também fundamental reforçar os cuidados de proximidade, assegurando a sua agilização, garantindo um médico para cada cidadão, e criando uma forte articulação com as autarquias e o sector social.
Devem ser implementados novos modelos de prestação de cuidados através da criação de unidades integradas e multidisciplinares, a exemplo do trabalho desenvolvido pela APDP, com objectivos centrados em resultados de saúde relevantes para as pessoas e que promovam a autonomia e os cuidados personalizados e centrados na avaliação de necessidades.
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3) Garantir o acesso aos cuidados de saúde.
Para a APDP, é essencial assegurar o acompanhamento, a vigilância e os cuidados de qualidade das pessoas com diabetes. A aposta na educação terapêutica e no apoio pelos pares deve ser incluída nos serviços de saúde, dada a evidência da sua eficácia para o apoio psicológico, melhoria dos resultados de saúde e bem-estar. O acesso à inovação deve ser garantido com base em modelos de avaliação que incluam as pessoas com diabetes e resultados que, para elas, sejam relevantes. A integração de novas tecnologias e a digitalização da saúde devem ser acompanhadas de estratégias de aumento da literacia em saúde e de mecanismos que assegurem que ninguém fica para trás.
«Este é um tempo de mudança que nos desafia e nos desperta para a necessidade urgente de medidas concretas e eficazes. A resposta a estes desafios será tanto mais eficaz quanto melhor formos capazes de incluir as pessoas com diabetes em todos os níveis dos processos de decisão. É necessário mudar o paradigma da comunicação entre as pessoas com diabetes e o sistema de saúde e aproveitar todo o conhecimento que elas podem introduzir», afirma José Manuel Boavida, Presidente da APDP.
A ideia é sublinhada por João Raposo, Director Clínico da APDP, que considera «importante que as entidades oficiais e governamentais assumam a implementação de acções sustentadas na experiência e no conhecimento existentes, incluindo o das associações de doentes». E acrescenta: «Este período de pandemia que vivemos foi e é uma tremenda amostra da importância quer na morbilidade quer na mortalidade das doenças crónicas em geral e da diabetes em particular».
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Neste ano de 2021, sob o signo da pandemia da Covid-19, a APDP comemora os 100 anos da descoberta da insulina e 95 anos da fundação desta associação. A introdução de um dos primeiros medicamentos “milagre” e o aparecimento do movimento associativo de cidadãos com doença levam a APDP a lançar esta reflexão sobre saúde e cidadania.
A aposta na inovação, na literacia em saúde e a adequação dos cuidados de saúde às necessidades específicas das doenças crónicas são outras prioridades que a APDP aponta neste manifesto, que pode ser lido aqui.