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Euromaster Anino Pneus: Raízes, passagem de testemunho e actualidade, com Ricardo e Emílio Anino

Euromaster Anino Pneus: Raízes, passagem de testemunho e actualidade, com Ricardo e Emílio Anino

A terminar 2020, trazemos à estampa mais uma reportagem referente à rubrica «Mais de meio século de porta aberta». Trata-se da Euromaster Anino Pneus, uma empresa histórica da cidade de Lagos, fundada por Emílio Anino, ligado a este ramo desde os dez anos e que passou o testemunho ao seu filho Ricardo, Licenciado em Gestão de Empresas, que renovou e ampliou o negócio, tendo sempre presente os conselhos do pai e procurando honrar o seu legado.

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O CL visitou as instalações desta empresa na Urbanização Industrial da Marateca, Lote 1, para entrevistar o Sócio-gerente Ricardo Anino, mas também esteve à conversa com o fundador, Emílio Anino, e o mais antigo funcionário, Luís Raul Furtado. E como não podia deixar de ser, houve, ainda, tempo para uma foto de família.

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Entrevista ao Sócio-gerente Ricardo Anino

Correio de Lagos – Como surgiu a empresa, com quem e quando foi fundada?
Ricardo Anino –
A actividade iniciou-se em 1963, na Rua Conselheiro Joaquim Machado, em nome individual, tendo sido a primeira Casa de Pneus de Lagos. A empresa Emílio Anino e Irmão, Lda. foi fundada em Agosto de 1970, pelo meu pai e o meu tio Carlos Anino, aquando da abertura das instalações na Rua Mercado do Levante. O Luís Raul foi o primeiro funcionário, que nos acompanhou de 1966 até 2016.

CL – E como ocorreu a mudança para as actuais instalações?
RA –
Com o crescimento da cidade e o desenvolvimento do negócio, o espaço tornou-se pequeno e com problemas de acessibilidade. O meu pai procurou, então, uma alternativa numa área de expansão da cidade, com dimensão para os desafios do futuro e com facilidade de acesso e estacionamento. Em 2004 abrimos as atuais instalações na Zona Industrial da Marateca, tendo permanecido em simultâneo, numa fase de transição, abertas as instalações da Rua Mercado do Levante. Em 2006, encerrámos definitivamente o Posto da Rua Mercado do levante, concentrando toda a actividade na Marateca.

CL – Concluiu o curso em Gestão de Empresas, trabalhou vários anos em Lisboa e resolveu regressar a Lagos?
RA –
Após a conclusão da Licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade do Algarve, regressei a Lagos para trabalhar com o meu pai. Na sequência de algumas formações que fiz na área dos pneus, surgiu o convite para integrar os quadros da Goodyear Portugal. Iniciei funções como estagiário de Marketing em 1995, tendo progredido até Director de Logística. Esta experiencia permitiu-me desenvolver competências pessoais e profissionais, que muito me têm auxiliado no desenvolvimento da minha actividade na Anino Pneus. Após 9 anos de trabalho em Lisboa, chegou o momento de regressar a Lagos.

CL – Depois decidiu vir ter com o seu pai. Foi um apelo dele?
RA –
Mais do que um apelo do meu pai, foi a minha vontade de voltar para Lagos e dar seguimento ao negócio da família. O meu regresso teve como objectivo ajudar a iniciar um novo ciclo, dando resposta aos novos desafios do mercado automóvel.

CL – O seu pai partilhou consigo a gestão até quando?
RA –
Partilhámos a gestão da empresa até há 5 anos atrás. O processo de transição foi progressivo, com a passagem de conhecimento e experiência, que me permite hoje gerir esta empresa sem desvirtuar o legado do meu pai.

CL – E sempre aceitou bem as suas decisões?
RA –
Sim, as decisões sempre foram consensuais.

CL – E hoje em dia, ele ainda vem aí?
RA –
Bem, nesta fase, menos. Mas nós falamos todos os dias e ele está a par dos assuntos e eu faço questão de o manter informado. Hoje em dia, ainda há muita coisa que, às vezes, lhe pergunto. Ele é a base da experiência desta empresa e continua a sê-lo, embora não esteja aqui diariamente, foi com o meu pai que todos aprendemos.

CL – Como foi a evolução do negócio?
RA –
A evolução do negócio teve por base a alteração progressiva do conceito, deixámos de ser uma tradicional casa de pneus para passar a ser uma Oficina de Manutenção Automóvel. Acrescentámos todo um leque de serviços de mecânica que vieram complementar a vasta experiência nos pneus. Esta evolução refletiu-se na ampliação do espaço e em numero de funcionários, sendo que hoje ocupamos uma área com cerca de 2000 m2 e temos 14 colaboradores.

CL – E os funcionários chegam?
RA –
Estando nós num ciclo permanente de desenvolvimento e crescimento do negócio, e apesar da dedicação e empenho dos nossos colaboradores, alguns deles com mais de vinte anos "de casa", existe sempre a necessidade de reforçar os quadros da empresa.

CL – Como surgiu a parceria com a Euromaster?
RA –
A parceria com a Euromaster surgiu há seis anos, como resposta aos novos desafios do mercado automóvel e por forma a dar uma melhor resposta às exigências e expectativas dos nossos actuais e futuros clientes. A Euromaster é a maior rede de manutenção automóvel da Europa, sendo que, em Portugal, já conta com mais de 80 parceiros. A parceria Euromaster-Anino Pneus permite-nos cumprir a máxima «agir local, pensar global».

CL – Para alguém que vem, seja de que país for, saber que aqui há uma EuroMaster é mais atractivo?
RA –
A Euromaster, como marca global que é, dá-nos a vantagem de sermos facilmente reconhecidos tanto por estrangeiros, como por portugueses que nos visitam ao longo do ano.

CL – E, entretanto, já ganhou um prémio, recebido em Londres...
RA –
Em 2018 ganhámos o "Silver Award" da Yokohama, tendo sido considerados um dos melhores distribuidores da marca japonesa na Europa. A entrega do prémio teve lugar no Estádio Stanford Bridge, do Chelsea, em Londres. Como cereja no topo do bolo, ofereceram-nos a oportunidade de jogar no estádio com antigas glórias do clube. Foi uma experiência inesquecível.

CL – Para além disso, há mais alguma coisa relevante conquistada?
RA –
Desde 2017 temos uma certificação ISO 9001 e somos Centro de Qualidade da Michelin. Estas certificações são mais um passo na permanente busca de um serviço de excelência, aumentando a satisfação e fidelização dos nossos clientes.

CL – O Ricardo sempre foi um homem ligado ao Desporto. Praticou Futebol, Andebol, e participou em provas de Atletismo…
RA –
É verdade, sempre pratiquei desporto, joguei futebol nas camadas jovens do Centro, joguei andebol durante vários anos no GDAL [Grupo Desportivo Amador de Lagos], e no Esperança de Lagos.
A experiência no Atletismo foi algo mais recente e de carácter lúdico, participei em três maratonas: Bordéus, Porto e Viena de Áustria, mas sempre como desafio pessoal.

CL – E agora, ainda pratica desporto?
RA –
Há cerca de três meses comecei a praticar Padel no Clube de Ténis de Lagos. Manter uma actividade desportiva é um complemento essencial a uma actividade profissional intensa.

CL – E ainda há tempo para a família e amigos?
RA –
Apesar da actividade profissional extremamente exigente, há sempre tempo para a família e amigos, que são os meus grandes suportes.

CL – 2020 foi um ano de desafios. Como vês esta pandemia? Que reflexos vai ter na economia local?
RA –
O ano de 2020 tem sido um ano atípico com o surgimento da pandemia, em meados de Março. Tivemos que nos adaptar em termos de medidas de segurança, mas tentamos manter a normalidade do serviço. A área automóvel não foi até agora das mais afectadas, mas não nos podemos esquecer que o Turismo e a Hotelaria, que representam uma fatia muito importante da economia local, foram brutalmente afectados, o que poderá ter um efeito transversal a todos os negócios.

CL – O que acha da cidade neste momento?
RA –
Lagos é uma cidade com uma qualidade de vida muito acima da média. Temos as praias mais bonitas de Portugal, temos espaços e serviços de referência em várias áreas de negócio, é uma cidade segura e acima de tudo, tem lacobrigenses com vontade de fazer mais e melhor todos os dias. Prova disso é a crescente fixação de estrangeiros de várias nacionalidades na nossa cidade.

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Entrevista ao fundador Emílio Anino

Começou nos pneus em criança, criou uma empresa em Lagos, renovou e ampliou o negócio, e por fim passou o testemunho ao filho Ricardo. Quem não conhece o "Emílio dos pneus"?

Nascido em Portimão, o que muita gente não sabe, e começou a trabalhar nos pneus aos onze anos, sendo que nunca conheceu outra profissão. Veio para Lagos com a família aos 23 e iniciou o primeiro negócio de pneus na nossa cidade. Na altura, existiam poucos automóveis, pelo que o trabalho era essencialmente com pneus agrícolas e reparação de botas de pesca.

O homem arriscou. Começou na emblemática Rua Conselheiro Joaquim Machado, popularmente conhecida por Rua de S. Sebastião. Posteriormente, mudou-se para a Rua do Mercado de Levante, ao lado da Rodoviária. Todavia, o espaço já era exíguo para a procura de clientes e o estacionamento, reduzido. Num rasgo de empreendedorismo e pura visão, Emílio Anino decidiu montar a empresa num novo e mais amplo espaço, fora do centro histórico, mas numa nova zona empresarial com melhores condições para trabalhadores e clientes. Continuação de sucesso: seguiu-se uma nova etapa, que entretanto já contou com a gestão do filho, Ricardo Anino. Afinal, uma passagem de testemunho perfeita.

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Correio de Lagos – Foi uma vida dedicada aos pneus. Se não tivesse apostado neste negócio, que outra profissão teria escolhido?
Emílio Anino –
Naquele tempo as oportunidades não eram muitas. Os pneus apareceram, e foi para o resto da vida. Na verdade, nunca pensei em fazer outra coisa.

CL – Investiu com sucesso. Alguma vez vacilou e pensou em desistir, ou antes pelo contrário, sempre esteve motivado para o crescimento da empresa?
EA –
Nunca pensei em desistir, mesmo nas alturas mais difíceis. Com trabalho e dedicação sempre consegui ultrapassar as adversidades.

CL – Passou o testemunho ao seu filho Ricardo. Conte lá como tudo aconteceu e como analisa o actual estado da Euromaster Anino Pneus?
EA –
A passagem de testemunho aconteceu de forma progressiva. Após terminar o curso, o Ricardo sempre demonstrou interesse pelo negócio e tornou-se no sucessor natural. É com muito orgulho que vejo o desenvolvimento e continuação do sucesso da empresa que criei há 50 anos.

CL – Reformado, mas habituado a um intenso ritmo de trabalho, qual é presentemente o seu dia-a-dia?
E A –
Depois de uma vida de muito trabalho tenho finalmente tempo para a família. Aproveito para me manter activo com passeios diários, ler, e manter-me informado.

CL – E que diz desta pandemia?
EA –
Quando finalmente tenho tempo para fazer o que mais gosto, aparece este vírus para nos prender em casa... Mas tenho esperança que dentro em breve tudo poderá voltar ao normal, ter os meus netos cá em casa, estar com os meus amigos e viajar pelo mundo.

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Luís Raul – O primeiro e mais antigo funcionário

Luís Raul dos Santos Furtado tem 66 anos de idade, é casado, tem dois filhos (Hugo e Neusa) e é lacobrigense de gema. O seu primeiro e único emprego foi na Anino Pneus, onde começou a trabalhar aos 11 anos, em 1966, na Rua Conselheiro Joaquim Machado (Rua de S. Sebastião). Aos 62 anos de idade, quando completou meio século naquele emprego, decidiu reformar-se.

Luís Raul teve um percurso profissional imaculado, sempre ao lado do patrão e pronto para ajudar os novos empregados aplicando a sua experiência. Conta-nos que nunca pensou em ter outro emprego, embora tivesse sido convidado para trabalhar em Portimão no mesmo ramo, recorda este antigo funcionário da Anino Pneus, que na oficina da Rua S. Sebastião, para além dos pneus, também reparava botas de borracha dos homens da pesca e do campo: «Chegavam a ser mais de meia centena de pares por dia».

Mas Luís Raul tinha mais actividades para além do emprego: foi Guarda-redes do Esperança de Lagos (juvenis e juniores), e mais tarde fez parte dos Órgãos Sociais do GDAL (Grupo Desportivo Amador de Lagos), e posteriormente dedicou-se à Petanca. Dirigente e árbitro da Associação de Petanca do Barlavento e Sudoeste Alentejano (APBASA), e ainda jogador do CCD da Câmara Municipal de Lagos, tendo sido internacional, ao representar a selecção portuguesa numa competição em Espanha. Ainda hoje pratica esta modalidade.

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