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Iuri Palma – Sensei

Iuri Palma – Sensei

Lagos, berço de novos artistas: onde o povo é boa vibe e o trabalho... abismal

Jornal Correio de Lagos Edição Impressa  347 · SETEMBRO 2019       

«O que importa é sentir-me bem comigo, o resto vem por acréscimo»
 

Com vista a promover o que é “nosso”, a edição de Setembro do Jornal Correio de Lagos dá destaque a um jovem e talentoso artista, de seu nome Iuri Palma. O público talvez o conheça por “Sensei”, nome que escolheu para se aventurar no mundo da música. Já lançou 4 projectos, entre eles “Passado” (com quase meio milhão de visualizações na plataforma Youtube) e “Tranquilo”, o seu primeiro single a atingir a rádio nacional. As paisagens algarvias servem de tela à sua voz na maioria dos vídeoclipes, pelo que tenta sempre investir no que é local e manter-se fiel a isso.

A qualidade do trabalho que tem vindo a desenvolver no último ano reflecte-se cada vez mais no seu following, contando, até à data, com cerca de 1.467 subscritores no canal oficial de Youtube e mais de 3.000 seguidores no Instagram – um marco bastante positivo uma vez que é freelancer.

Quem é Iuri Palma (Sensei)?

Iuri tem 21 anos e é descendente de pai africano. Vive em Lagos e estuda Produção Musical na “World Academy”, em Carnaxide (Lisboa), prevendo o seu regresso à capital em Outubro deste ano com o intuito de terminar a formação. Tem um estilo bastante próprio e groovy é provavelmente o seu adjectivo de eleição. Os seus hobbies incluem música, escrita, dança, moda e fotografia, além de considerar importante estimular o seu senso de cultura geral regularmente. Estreia-se na imprensa escrita aqui no CL – e que melhor sítio para o fazer senão no jornal da sua cidade de berço? Siga abaixo a entrevista ao artista lacobrigense do momento, que nos contemplou com a sua simpatia e descontracção.

Correio de Lagos – Antes de mais, porquê “Sensei”?

Iuri Palma/Sensei – Porque sempre me dei com pessoal acima da minha idade. Diziam que eu era precoce e por isso começaram a chamar-me “Sensei”, por pensar além da minha idade mesmo sendo miúdo.

CL – Como e quando surgiu o gosto pela música?

IP/S – Penso que desde pequeno. Sempre acompanhei vários artistas, vários géneros... mas só escrevia, não sabia que queria cantar – nem que era bom. Da primeira vez que cantei, pensei “Ok, não sei se isto está bem como eu quero” e achei que se calhar só sabia mesmo escrever. Mas fui insistindo, até que a música começou a soar cada vez melhor. Tentei sempre procurar um encaixe entre a escrita e a voz.

CL – Consideras ter um género próprio?

IP/S – Tento fazer um bocado de tudo, mas Hip Hop e R&B são as minhas maiores influências. 
Normalmente procuro trazer “vibes” mais jazzy, mais na onda do blues. Tento sempre misturar. Eu sou versátil, por isso também quero que o produto final seja mais abrangente e variado. Mas as bases em termos de instrumental são essas, é com o que me identifico mais.

CL – De todos os projectos que já lançaste, qual o favorito?

IP/S – O que me fez dar um salto maior foi o “Tranquilo”. Foi um marco enorme para mim, passou na rádio pela primeira vez (na Cidade FM), o que é brutal. Aquele que teve maior audiência foi o projecto que fiz com o meu amigo Gonzaga, “Passado”, que atingiu meio milhão de visualizações no Youtube. Mas o que mais sinto é o “Tranquilo”, por ser algo mais groovy, mais... tranquilo (risos).

CL – Qual o feedback geral do público relativamente à tua música? Sentes que te apoiam?

IP/S – Sim, tem sido muito bom. Se bem que ao início sentia sempre que havia alguma coisa a melhorar. “Se calhar não é muito a tua cena”, era o que algumas pessoas me diziam. Mas decidi investir nisto e aos poucos fui percebendo o que ficava melhor, o que se enquadrava mais em mim. Entretanto a malta começou a reconhecer-me pela música, os resultados foram sendo melhores... mas o mais importante era eu sentir o que estava a fazer, para mim isso era mais relevante que o resto. Até porque quando fazes algo de que gostas, as pessoas percebem isso e gostam; a mensagem passa.

CL – No que é que te inspiras para escrever as letras? Consideras a tua escrita mais pessoal/introspectiva?

IP/S – Inspiro-me muito no quotidiano, naquilo que oiço, naquilo que vejo. Um som que me tenha chamado a atenção, um sorriso, um gesto... tento complementar isso na música. Gosto de fazer metáforas. Escrevo muito sobre coisas que me aconteceram no passado, por isso inspiro-me muito nas coisas ditas “banais”. Por exemplo, o “Tranquilo” representa uma fase super boa da minha vida, em que me sentia bem. Quis transmitir o que sentia naquele agora, tal como a letra diz: “Estou bem, estou ciente; bem focado, cabeça em frente”. Já quando escrevi o “Passado”, estava a passar por um breakup e pensei “Porque não escrever sobre isso?”. Estava mal naquela situação, então decidi escrever para me lembrar que podia seguir em frente. O “Boa vibe” surgiu depois, quando já estava bem. Mas lá está, também gosto de fazer “wake up calls”. Se há algo na sociedade que eu ache que está mal e que deve mudar, ou alguma crítica que tenha ouvido... escrevo sobre isso. Quero que sintam o que eu sinto, tanto o conteúdo da letra como o instrumental; que
ro que as pessoas possam dançar o que eu escrevi. O meu intuito não é só cuspir letras, também gosto de cantar. Procuro sempre trazer algo com soul e que não seja só “uma letra fixe”.

CL – Que artistas mais te inspiram e ao teu trabalho?

IP/S – Childish Gambino, Anderson.Paak, Brockhampton, OutKast, Tyler (porque é um fashion killer), G-Eazy, Jaden Smith... Por exemplo, quando lancei o “Boa vibe” foi muito com base no estilo do Anderson.Paak, pela versatilidade dele. Ele canta, toca bateria, faz montes de coisas. E o Gambino também. Eu não quero ser só músico, também gosto de produzir, de representar... num vídeoclipe não se está apenas a cantar em frente a uma câmara, podemos incorporar várias coisas na música. Como um comediante quando faz um sketch, por exemplo. Essa liberdade agrada-me. Ah, e também ouço muito Tuxedo! Esqueci-me de mencionar.

CL – E em termos de expectativas para o futuro, o que é que nos podes adiantar?

IP/S – Tenho projetos novos aí a surgir. Sinto-me ambicioso, espero que dêem resultado. Estou a preparar algo novo, diferente... meio fora da caixa. Tenho apostado nisso desde já há alguns meses atrás. Não quero lançar cenas só por lançar; prefiro fazer algo bom e de que me orgulho do que ser só uma pessoa a fazer mais do mesmo. Nunca quis ser comum, e sim uma fonte de inspiração. Quero passar algo relevante aos outros e quebrar o esterótipo de que quem canta rap é porque não acabou a escola ou não tem instrução. Estou focado.

CL – Ambicionas sair de Lagos ou achas que aqui também é possível vingar na música?

IP/S – Eu acho que aqui a pessoa pode vingar na música e na vida em si, se quiser. Até acho mais gratificante ficar aqui, dar estatuto e visibilidade à minha cidade. É um facto que, por ser um meio mais pequeno, as coisas não se propaguem como numa capital, mas temos de investir. Tudo é um investimento – e não só monetário, embora essa parte seja importante. E com isto não estou a denegrir Lagos nem o Algarve em si. Se é uma coisa que tu queres fazer, há que tentar. E mesmo que não desse frutos, se calhar arrependia-me mais se estivesse a fazer algo de que não gostasse. O que importa é sentir-me bem comigo, o resto vem por acréscimo.

CL – Tens tido algum apoio na dinamização dos teus projectos/ da tua música?

IP/S – Sai quase tudo do meu bolso, mas a “ATLAS Vídeos” também me ajuda no que toca aos clipes. Dãome visibilidade, partilham, etc. Não estou associado a nenhuma produtora e/ou marca de momento.

«Quero que as pessoas possam dançar o que eu escrevi. O meu intuito não é só cuspir letras (…)»
 

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