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Entrevista com a Directora do Agrupamento de Escolas Gil Eanes

Entrevista com a Directora do Agrupamento de Escolas Gil Eanes

Paula Couto relata o seu percurso e fala da actualidade 

"Descobri em Lagos uma enorme paixão pelo ensino e pelos jovens, confesso. Mas tenho de relembrar que o que me trouxe então para Lagos também foi uma paixão à primeira vista por esta maravilhosa terra" 

Quem é  Paula Couto?

Maria Paula Dias da Silva Couto, completou precisamente no dia 20 de Março (data de publicação desta edição) 59 anos de idade, é natural de Porto e reside em Lagos desde 1985. Habilitações Académicas – Curso Engenharia de Energia e Sistemas de Potência, concluído em 1981 no Instituto Militar dos Pupilos do Exército; Licenciatura em Educação na área da Administração Escolar e Administração Educacional, concluída em  2003  no Instituto Superior de Ciências Educativas, Lisboa; Pós-graduação em Gestão e Administração Escolar, concluída em 2005, na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. Percurso Profissional: Trabalhou durante 3 anos (1982 a 1985) na SIEMENS, tendo posteriormente ingressado no ensino, precisamente em Lagos (1985) onde tem mais de 33 anos de serviço. Possui mais de 25 anos de experiência na gestão e direção da Escola Secundária Gil Eanes e Agrupamento de Escolas Gil Eanes. Exerceu funções de vereadora na Câmara Municipal de Lagos,  entre 2002 e 2005.

Correio de Lagos – Que razões determinaram candidatar-se a Directora do Agrupamento de Escolas Gil Eanes?

Paula Couto – Na verdade, eu já possuía muitos anos de experiência à frente da Escola Secundária Gil Eanes e quando em 2010, o então Director Regional de Educação do Algarve me convidou para presidir à  Comissão Administrativa Provisória do recém criado Agrupamento de Escolas Gil Eanes, senti  que seria um grande desafio na minha vida, mas não recusei. Sempre gostei da área da gestão escolar e pensei que poderia ser uma mais valia para o sucesso desta agregação. Um ano depois, com toda a experiência então já adquirida no âmbito desta gestão mais alargada (7 escolas) pareceu-me natural continuar à frente deste projecto e fui eleita. E cá estou, ainda...

CL –Mais de um quarto de século a liderar os destinos da escola Gil Eanes: primeiro no antigo estabelecimento na Rua Cardeal Neto, depois veio a nova escola na Rua da Escola Gil Eanes onde agora funciona o agrupamento de escolas. Um verdadeiro “dinossauro” na gestão de uma escola, porventura uma das mais antigas do país. Foi mesmo amor à primeira vista e uma irresistível paixão pela Escola e gentes de Lagos?

PC – Foi isso!!! Apesar da minha área de formação inicial ser a engenharia eletrotécnica, descobri em Lagos uma enorme paixão pelo ensino e pelos jovens, confesso. Mas tenho de relembrar que o que me trouxe então para Lagos também foi uma paixão à primeira vista por esta maravilhosa terra ( e por um jogador do Esperança de Lagos... risos), por esta Costa D’ Oiro deslumbrante onde acabei por casar e ter os meus dois filhos! Eu sinto-me Lacobrigense de alma e coração.

CL – Ao longo destes longos anos, quais foram as maiores dificuldades encontradas e, já agora, os melhores momentos na “sua escola”? PC – Têm sido mais os momentos bons que os momentos maus. Temos muita tendência para recordar o que nos está mais próximo por isso, aponto como maiores dificuldades o excesso de alunos na Escola Básica das Naus, que nos traz constrangimentos sérios, quer ao nível da inexistência de vagas mesmo para alunos que moram muito perto da escola,  quer ao nível das necessidades de pessoal não docente, que nunca é suficiente. Esta última questão (falta de pessoal não docente) é transversal a todas as escolas do agrupamento. Os melhores momentos são sempre vividos quando os actuais e ex-alunos nos dizem que não esquecem a nossa “escola” e que fizemos a diferença nas suas vidas. Nesse momento sinto que esta é a mais nobre e bela profissão do mundo (sem desprestígio para todas as outras, claro!)

CL –  No fundo, que balanço faz da receptividade da comunidade escolar lacobrigense, bem como em relação à cooperação com as entidades oficiais ?

PC– Sinto que a comunidade educativa  reconhece o nosso trabalho e nos apoia em todos os momentos difíceis e também nos mais felizes. Temos 4 associações de pais muito activas e sempre prontas a colaborar connosco na resolução de problemas. Também a Câmara de Lagos e as Juntas de Freguesia nos demonstram diariamente o seu apoio e preocupação sendo imprescindíveis para o bom funcionamento do agrupamento. Um agradecimento a todos em nome da comunidade escolar. CL – No arranque deste novo ano lectivo, estava tudo operacional: professores, auxiliares de educação e condições de equipamentos, ou ainda existem lacunas que pretende debelar?

PC– Tal como disse há pouco, o arranque do ano lectivo aconteceu com muitos sacrifícios por parte do pouco pessoal não docente aos serviço nas escolas. Algumas das escolas necessitariam de obras de melhoramento (Naus e Gil Eanes) mas nada que ponha em risco a segurança da comunidade escolar. Sabemos que essa é uma preocupação que está em cima da mesa por parte das entidades responsáveis por essa manutenção ( Câmara Municipal e Ministério da Educação). Estamos a ter muita dificuldade em ter professores para determinadas áreas disciplinares ( Geografia e Inglês, por exemplo) e esta é uma situação muito preocupante e um sinal evidente que há que tomar medidas drásticas em relação ao modelo de contratação de professores. Esse facto é agravado pela não existência de habitação a custos decentes para a “carteira” de um professor, o que faz com que os mesmos não queiram concorrer para o Algarve, neste momento.

CL – Como observou a greve de professores no fecho do ano lectivo anterior e como analisa as novas greves no decorrer deste ano?

PC– As greves são um direito de qualquer profissão. A greve do final do ano lectivo anterior trouxe mais constrangimentos aos docentes e à organização escolar do que à comunidade em geral,  mas foi a decisão tomada pelos sindicatos  pelo que me abstenho de comentar.

CL – Como encara a transferência de novas competências para as autarquias locais, considerando que esteve no outro lado (Vereadora da Câmara Municipal de Lagos) e conhece bem a realidade?

PC– Sou totalmente a favor. A gestão de proximidade será sempre a melhor solução para os problemas de cada concelho. Sabemos que tudo o que está neste Concelho de Lagos sob a responsabilidade do poder central nem sempre tem tido a atenção necessária. Assim, sou a favor da transferência das competências que se encontram já legisladas ao nível do pessoal não docente, das instalações e da acção social escolar. O grande apoio e empenho que a  nossa Câmara Municipal e as nossas Juntas de Freguesia têm demonstrado em resolver prontamente os problemas das escolas dá-me confiança para o  alargamento de mais competências.

"sou a favor da transferência das competências que se encontram já legisladas ao nível do pessoal não docente, das instalações e da acção social escolar. O grande apoio e empenho que a  nossa Câmara Municipal e as nossas Juntas de Freguesia têm demonstrado em resolver prontamente os problemas das escolas dá-me confiança para o  alargamento de mais competências."

CL – Concorda com a posição da Câmara Municipal na construção de uma nova escola EB 2,3 no espaço do antigo Ciclo de S. João?

PC – Eu diria que neste momento já não é uma posição da Câmara Municipal. A carta educativa aprovada pela Assembleia Municipal de Lagos indica a necessidade urgente de construção de uma nova EB 2,3 precisamente nesse local. Não podemos aguardar que se encontrem melhores sítios para a construção da escola. Tenho dito em variadíssimos fóruns e di-lo-ei aqui novamente. A situação em Lagos em relação ao número de alunos nas Escolas EB 2,3 está dramática e não podemos esperar muito mais por uma solução ideal. Há que actuar rapidamente.

CL – O Agrupamento de Escola Gil Eanes é reconhecido pelos bons exemplos de organização de eventos que já são referências em Lagos e mesmo no Algarve. Recordemos o Festival Canção do Gil, o Teatro e mais recentemente a edição de um livro da autoria de uma aluna, entre outras iniciativas. Quais os segredos ou receitas para esta dinâmica?

PC – Muita dedicação, muito empenho e muito amor pelo que fazemos. Um corpo docente e não docente muito empenhado, apesar da situação difícil em que exercem a sua profissão.

CL - Que projectos ou apostas estão previstas para este ano lectivo 2018/19?

PC – Para este ano estamos empenhados em debater internamente os novos modelos de autonomia e flexibilidade curricular e de inclusão aprovados recentemente, numa tentativa de nos adaptarmos a novas formas de encarar o currículo e a avaliação dos alunos. Um desafio muito interessante mas que carece de tempo de interiorização e experimentação. De resto, continuamos com os mesmo projectos dos outros anos, relembrando também a nossa participação regular em projectos europeus ERASMUS+, levando os nossos alunos a conhecer outros países e realidades europeias, numa altura em que nunca foi tão urgente integrar os valores da dimensão e da solidariedade europeia nos currículos escolares.

CL – Que mensagem deseja deixar a toda a comunidade escolar?

PC – Uma mensagem de esperança e de amor. Esperança de que todos juntos podemos fazer mais pela educação em Lagos, em Portugal, na Europa e no Mundo. Amor por tudo o que fazemos diariamente: pôr tudo de nós em tudo aquilo que fazemos, é o segredo! 

"A situação em Lagos em relação ao número de alunos nas Escolas EB 2,3 está dramática e não podemos esperar muito mais por uma solução ideal. Há que actuar rapidamente."


 

 

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