(Z1) 2020 - CM de Vila do Bispo - Um concelho a descobrir

“Se uma segunda onda Covid se juntar à onda da gripe, será um problema acrescido dos serviços de saúde. Estamos já a trabalhar nesse sentido”, diz o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Paulo Morgado

“Se uma segunda onda Covid se juntar à onda da gripe, será um problema acrescido dos serviços de saúde. Estamos já a trabalhar nesse sentido”, diz o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Paulo Morgado

Para já, “a situação está controlada, em fase descendente” em relação ao novo coronavírus, garante o principal responsável da ARS/Algarve.

Os meios humanos nos centros de saúde e nos hospitais continuam em alerta para esta pandemia e até começam a preparar o próximo Inverno. Autarca António Pina, presidente da AMAL, diz que Polícia Municipal e fiscais das câmaras poderão ajudar Autoridade Marítima a vigiar a segurança nas praias.

“Há risco de uma segunda vaga desta pandemia. Apesar de não sabermos quando será, a segunda onda de Covid muito provavelmente vai acontecer”. O alerta é do presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, na habitual conferência de imprensa semanal realizada no dia 01 de Maio de 2020, na sede do Comando Regional de Emergência e Protecção Civil do Algarve, em Loulé. “Não estamos isolados, ou seja, Portugal, o Algarve não é uma ilha. A segunda onda pode vir a coincidir com a próxima gripe no Inverno. Esta será uma das nossas preocupações e já estamos a trabalhar para nos preparamos”- avisou Paulo Morgado, sublinhando a necessidade de “vacinar mais pessoas contra a gripe normal.”

“Já estamos a preparar o próximo Inverno”

“Estamos mais preparados para uma segunda onda, no Serviço Nacional de Saúde, de modo a poder dar uma resposta tão boa ou melhor”, reforçou o presidente da ARS/Algarve, vincando a ideia de que “já estamos a preparar o próximo Inverno.” E acrescentou: “Não vamos desactivar nenhum dos serviços que temos neste momento preparados, quer nos Centros de Saúde, quer nos hospitais. Cuidados de saúde primários, centros de saúde, hospitais devem manter-se todos em pleno funcionamento no Verão e para além do Verão. Portanto, estamos em alerta para uma eventual segunda onda. Se uma segunda onda Covid se juntar à onda da gripe, será um problema acrescido dos serviços de saúde. Estamos já a trabalhar nesse sentido.”

“Lutamos pelo reforço de mais profissionais dentro do possível. E temos de contar sobretudo com os recursos que já temos”

Ao ser questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade do reforço de profissionais de saúde no próximo Verão, Paulo Morgado lembrou que o Algarve conta com “menos meios do que gostaríamos e seriam desejáveis.” Porém, “até estamos muito longe de atingir o grau de saturação e caos que vemos noutras regiões do mundo por causa da Covid”, notou o presidente da ARS/Algarve. Em relação a reforços de meios humanos, a situação encontra-se em análise, “o modelo final ainda não está completamente definido”, afirmou aquele responsável, admitindo que “não está excluída a mobilidade, como noutros anos, para além da contratação direta, tal como fizemos neste período de Covid.” “Lutamos pelo reforço de mais profissionais dentro do possível. E temos de contar sobretudo com os recursos que já temos”, salientou.

Já em relação ao regresso ao trabalho para muita gente, em Portugal, a partir desta segunda-feira, dia 04 de Maio, na sequência da reabertura, de forma gradual, da economia e o consequente risco de novos casos deste coronavírus, o presidente da ARS pediu para se tentar “controlar ao máximo a cadeia de contágio”, de modo a “evitar que a situação se torne incontornável”. “Os nossos serviços de saúde têm feito um excelente trabalho contra uma doença não conhecida” e a evitar, assim, que muitas pessoas adoeçam, enalteceu.

“Até agora, não esgotámos nem metade da capacidade de resposta instalada”

Numa altura em que as expectativas apontam para menos turistas no Algarve no próximo Verão, Paulo Morgado reafirmou que os serviços de saúde manter-se-ão todos em funcionamento “e se for preciso abrir mais, abriremos.” “Até aqui, nesta onda de pandemia, o Algarve tem dado resposta” e “até agora, não esgotámos nem metade da capacidade de resposta instalada”, frisou.

Aproveitou para destacar, no serviço de saúde pública a nível nacional, “o grande trabalho que tem sido feito, no sentido de controlar ao máximo aquilo que é as cadeias de contágio, isolando as pessoas, evitando contactos.” “Evita, assim, que a situação se torne incontrolável. Os serviços estão cada vez mais preparados para dar uma resposta diferente”, reforçou Paulo Morgado.

Há cada vez mais testes com resultados negativos

Quinze doentes internados, três deles em Unidades de Cuidados Intensivos, 141 recuperados, 261 em vigilância activa, 13 óbitos e 13.493 casos infirmados (cumulativo), ou seja testes com resultados negativos, além de 331 casos confirmados. Foi este o quadro apresentado por Ana Cristina Guerreiro, Delegada de Saúde Regional do Algarve, nesta conferência de imprensa em Loulé.

Comparado com o documento distribuído aos jornalistas há uma semana sobre a situação epidemiológica no Algarve, segundo dados fornecidos pela Autoridade de Saúde Regional, registam-se mais 11 casos confirmados (cumulativo), um acréscimo de 3.808 casos infirmados (cumulativo), isto é, testes com resultado negativo, menos seis internados, menos um doente internado em Unidade de Cuidados Intensivos, mais 61 recuperados e mais duas vítimas mortais, como de resto temos vindo a noticiar.

“Maior preocupação” continua a ser o Lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime, no concelho de Loulé

Para a Delegada de Saúde Regional, a situação com “maior preocupação” mantém-se no Lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime, no concelho de Loulé, onde “ainda estão 12 residentes positivos”, e “dois no Hospital de Faro”, além de “11 funcionários positivos, que estão em casa a fazer a sua recuperação.”

Já em relação a migrantes, a “situação é bastante positiva”, disse Ana Cristina Guerreiro, sublinhando que “têm vindo a recuperar, vão ter alta e regressam para os seus domicílios. Têm a situação controlada.” No concelho de Tavira, dos 19 trabalhadores estrangeiros alojados na Zona de Apoio à População, em Santo Estevão, existem ainda “16 positivos, mas só um sintomático”, enquanto que os restantes estão a “fazer os seus percursos”. E no concelho de Albufeira, já não se registam casos positivos entre trabalhadores migrantes. Só “três pessoas” continuam realojadas numa unidade hoteleira, em recuperação. “Já não são focos de preocupação muito grandes”, observou aquela responsável. No concelho de Silves, “houve também várias altas ao longo da semana”, em Armação de Pera. Em suma, “no Algarve, neste momento, estamos muito mais tranquilos”, garantiu a Delegada de Saúde Regional aos jornalistas.

A situação está controlada, em fase descendente”

De resto, esse sentimento foi reforçado pelo presidente da ARS/ Algarve, Paulo Morgado, ao salientar que, desde o dia 12 de Abril, “a situação está controlada, em fase descendente.” Há “20 profissionais de saúde infectados, mas nenhum inspira cuidados e alguns deles irão passar a recuperados nos próximos dias”, assegurou. Isto, numa altura em que o serviço de apoio psicológico a utentes e profissionais de saúde já recebeu 48 pedidos, tendo Paulo Morgado reconhecido o “medo, pânico” associados à Covid-19, resultantes do impacto emocional nos doentes e nos próprios enfermeiros e médicos que lidam com a doença.

“Consciência cívica com o aumento de liberdade” e “mais forças de segurança nas ruas”

Por outro lado, o presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil e da Comunidade Intermunicipal do Algarve / AMAL, António Pina, apelou à população para ter uma “consciência cívica com o aumento de liberdade”, a partir deste domingo perante o fim do estado de emergência nacional, e na segunda-feira com a livre circulação em Portugal. “É preciso mais polícia nas ruas, mais forças de segurança nas ruas, para garantir que as normas são cumpridas”, defendeu o autarca, mostrando-se, no entanto, convicto de que “os cidadãos manterão a mesma atitude e consciência cívica em respeito das regras”, numa alusão, nomeadamente, ao uso obrigatório das máscaras em locais fechados e ao distanciamento social, entre outras medidas.

No tocante à reabertura das praias no Algarve, António Pina, presidente da AMAL e da Câmara Municipal de Olhão, lembrou que “o mês de Maio será para organizar, ver tudo”, tendo em vista a criação, nomeadamente, de um manual de regras destinado à época balnear, que terá início em Junho.

Polícias Municipais e fiscais das câmaras poderão ajudar Autoridade Marítima a controlar pessoas nas praias

Questionado pelo ‘Correio de Lagos’ acerca dos meios humanos dos municípios para fiscalizar esplanadas e outros locais públicos, de forma a garantir o distanciamento de dois metros entre as pessoas, entre outras medidas de segurança, António Pina lembrou que “alguns têm polícia municipal, outros têm fiscais. Mas essa é uma preocupação de todos.” Quanto a férias do pessoal camarário no Verão, respondeu: “Não, necessariamente.” “Teremos de nos envolver nessa fiscalização para que a mesma tenha sucesso. A gente nunca sabe qual é a necessidade do pessoal, mas teremos de contribuir para esse esforço”, avisou.

Em relação ao plano de boas práticas a seguir nas praias e noutros locais públicos, para já António Pina limitou-se a dizer: “estamos a trabalhar em conjunto. Ainda na quinta-feira, numa reunião coordenada pela Agência Portuguesa do Ambiente, com a equipa da Bandeira Azul e todas as Comunidades Intermunicipais que têm praias (também há praias do interior e praias fluviais), estivemos a conversar, a pôr ideias em cima da mesa, porque especialmente no Algarve a utilização das praias é determinante para a recuperação do turismo. Mas também é preciso garantir que a segurança e a fiscalização existem.”

O autarca admitiu que os funcionários das câmaras poderão ser mobilizados para as praias, com vista a apoiar a Polícia Marítima e os nadadores-salvadores a controlar as pessoas, de forma a manterem as distâncias de dois metros entre elas, no areal e na água. “É um dos temas que estamos a estudar com a Autoridade Marítima. Desde logo, as policiais municipais podem fazê-lo naqueles municípios em que a competência das praias já foi assumida. As câmaras também têm os seus fiscais. Aqui, a questão é saber se já assumiram as competências das praias, ou não”, observou o presidente da AMAL.

“A situação não é fácil” para haver festivais no Verão

Já no que respeita a eventos de Verão, como por exemplo a FATACIL, em Lagoa, que todos os anos em Agosto junta milhares de pessoas de várias zonas do país, e o Festival do Marisco de Olhão, entre muitos outros, António Pina disse ser prematuro tomar decisões. Contudo, reconheceu dificuldades na realização de eventos devido às consequências impostas pelo novo coranavírus. “Vamos esperar mais uns dias. Mas a situação não é fácil. Neste momento, é prematuro dizer alguma coisa sobre o assunto. Agora, que está a ser pensado e conversado entre todos, com certeza que sim. Faz parte das preocupações”, notou.

“Neste ano, se calhar poderemos ter metade” dos turistas

António Pina encara com prudência o próximo Verão no Algarve e deixa, desde já, um apelo: “O Verão será tanto melhor quanto mais responsáveis as pessoas sejam durante o mês de Maio e o de Junho” para já. Sobre a possibilidade de se registar uma ‘invasão’ de turistas no Algarve, depois do desconfinamento e durante o período do Verão, o presidente da AMAL mostrou-se cauteloso ao afirmar: “não me parece que vá haver uma invasão exagerada no Algarve. Bom... mas o Algarve já é invadido por norma no Verão. Neste ano, se calhar poderemos ter metade dessa invasão. Considerar que isso é uma invasão, não me parece. Em Agosto, quintuplicamos a população. Portanto, já estamos habituados a ser invadidos. Se calhar neste Verão, vamos ser invadidos de uma forma muito reduzida.”

Um total de 3.440 camas para isolamento profilático, quarentena e reserva social em auxílio a lares de idosos, nas Zonas de Apoio à População nos 16 concelhos do Algarve

Há, neste momento, 70 Estruturas com capacidade de um total de 3.440 camas de três tipologias - Isolamento profilático, Quarentena e Reserva social (apoio a lares) - nas Zonas de Apoio à População validadas pelas autoridades de saúde e instaladas nos 16 municípios do Algarve. Ao todo, são menos 69 camas em relação ao número de há uma semana. E encontram-se acionadas três Zonas de Apoio à População para quarentena / isolamento profilático, nos concelhos de Tavira e Albufeira.

Já ao nível de unidades hoteleiras e militares de reserva, igualmente validadas pelas autoridades de saúde em todos concelhos desta região, estão disponíveis 103 Estruturas (mais uma do que há uma semana), com capacidade de 1.276 camas. Ou seja, verifica-se agora um aumento de 109 camas nessas unidades de apoio.

Creches reabrem no dia 18 de Maio e funcionários começam já a fazer testes ao novo coronavírus

Na apresentação do dispositivo existente, o Comandante Operacional Distrital da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, Vítor Vaz Pinto, destacou, igualmente, os testes aos utentes e funcionários dos lares de idosos no Algarve, na sequência do protocolo celebrado entre o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e o laboratório ‘Algarve Biomedical Center’ (ABC), instalado em Faro. Assim, de 31 de Março até às 20h00 do dia 30 de Abril, foram efetuados 5.852 testes, a que corresponde 97,4 por cento dos inicialmente previstos, em 69 estabelecimentos nos 16 concelhos desta região, e 154 re-testes.

A partir desta semana, com a reabertura das creches prevista para o dia 18 de Maio, serão levados a efeito testes para rastreio SARS-CoV-2, a todos os funcionários. A Comissão Distrital de Protecção Civil de Faro aponta para um total de 116 creches e 1.675 funcionários no Algarve.

José Manuel Oliveira

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