(Z1) 2020 - CM de Vila do Bispo - Um concelho a descobrir

Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres já abriu

Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres já abriu

O Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres abriu as portas ao público ontem, dia 13 de Novembro.

Este espaço propõe uma viagem à história da expansão portuguesa, nas suas diversas vertentes, nas mais e nas menos positivas.

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O edifício alberga também um Centro de Arte Contemporânea

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A sessão de abertura aconteceu junto à primeira peça da exposição, a antiga porta da Fortaleza do século XVIII, com as intervenções de Adriana Freire Nogueira, Diretora Regional de Cultura do Algarve, e Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de vila do Bispo. Na sua intervenção, a Diretora Regional deu a conhecer os dois espaços – a exposição permanente e a galeria temporária - que enriquecem a oferta cultural da Fortaleza, mas principalmente da região.

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A visita à exposição foi conduzida por Rui Parreira, coordenador científico, que apresentou as várias celas, que contam a história do território, da Fortaleza, das rotas comercias e do conhecimento do mundo, dos produtos, mas também dos desafios da expansão portuguesa. Uma das celas é dedicada a “S. Vicente padroeiro tanto das Dioceses do Algarve como de Lisboa. Foi em Sagres que estiveram as relíquias do mártir, antes de terem sido levadas para Lisboa, acredita-se que a mando de D. Afonso Henriques”, explicou Rui Parreira na visita guiada. Também o Infante D. Henrique está presente numa projeção dos Painéis de S. Vicente e na recriação do seu estúdio. O coordenador científico contou “que apesar de ser ficcional, é muito plausível que o Infante tenha, de facto, trabalhado numa sala parecida” com aquela que os visitantes agora podem conhecer. A temática do tráfico de seres humanos está presente numa das salas da exposição, onde está exposta a cópia de uma algema de escravos, emprestada pelo Museu de Lagos, e várias imagens que nos remetem para este tema. A língua portuguesa, nos vários sotaques do país e nas várias latitudes, está presente nesta exposição, lembrando a sua universalidade. A exposição termina numa esfera, com a palavra “viagem” está à entrada, com a projeção de dois filmes, narrados pelo Vento, que descreve as viagens marítimas.

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O artista plástico Manuel Baptista inaugurou a galeria dedicada à arte contemporânea, localizada no primeiro andar do edifício, com a exposição “Territórios Invisíveis” . A curadoria é de Mirian Tavares e Pedro Cabral Santo, do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) da Universidade do Algarve.

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O custo global do investimento rondou 1,5 milhões de euros, com uma comparticipação de cerca de um milhão de euros de fundos comunitários, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e dos programas de Intervenção Turística (PIT) e de Investimentos Públicos de Interesse Turístico para o Algarve (PIPITAL).

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Estiveram presentes nesta sessão a deputada eleita pelo Algarve, Isabel Guerreiro, a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Rute Silva, o presidente da Assembleia Municipal de Vila do Bispo e também diretor da Fortaleza, Luciano Rafael, o presidente da CCDR, José Apolinário, o presidente da RTA, João Fernandes, a vereadora da Câmara Municipal de Lagos, Sara Coelho, a presidente da Junta de Freguesia de Budens, Ana Custódio, o presidente da Junta de Freguesia de Sagres, Clésio Ricardo, a presidente da Junta de Freguesia de Vila do Bispo e Raposeira, Marisa Dias, a diretora Municipal da autarquia de Loulé e ex-diretora regional de Cultura do Algarve, Dália Paulo, o presidente da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), João Neto, e outras entidades da região.

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Créditos fotográficos: Epopeia Brands

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Abertura do Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres

Intervenção de Adriana Freire Nogueira, Diretora Regional de Cultura do Algarve

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Começo com uma citação: “O contemporâneo é o intempestivo”, dizia Giorgio Agamben, que cita Roland Barthes, que retoma Friedrich Nietzche.

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Em latim intempestivus é o contrário de tempestivus, uma palavra cognata de tempestas, atis que deriva de tempus, temporis – o tempo.

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Tempestas, atis, é o tempo apropriado, adequado.

Tempestivus é o que pertence ao próprio tempo.

Intempestivus é que não pertence ao próprio tempo

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Para se ser contemporâneo, segundo estes pensadores, não se pode coincidir exatamente com o tempo presente, mas tem de se distanciar, ao mesmo tempo que se adere a esse mesmo tempo.

Neste sentido, as duas exposições que vamos ver daqui a pouco são ambas contemporâneas:

A exposição permanente – ou talvez devesse dizer, exposição de longa duração, porque a permanência é contrária à investigação, à reflexão, que pretendemos que esta exposição provoque – dizia eu, a exposição do rés-do-chão (assim não confundimos) olha para o passado com olhos de presente, com olhos críticos, questiona esse passado, leva-nos a tomarmos posições.

Chamamos-lhe permanente, porque não vai variar muito nos próximos anos, mas, pela sua riqueza e intensidade, induzidas pela própria museografia, não é uma exposição para apreciar uma só vez e irá ter, certamente, atualizações.

No primeiro andar, o das exposições temporárias (contamos poder ter 2 por ano), a contemporaneidade é mais evidente. A curadoria de Mirian Tavares e Pedro Cabral Santos asseguram-nos qualidade, irrequietude, estímulo (estamos a trata de estabelecer protocolo com o CIAC, para continuar a parceria).

Abrir o Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres também como Centro de Arte Contemporânea é um desafio que fazemos ao visitante.

Abrir com uma exposição de Manuel Batista, aqui presente, é uma honra. Um artista plástico de renome internacional num espaço internacional.

Sim, porque este é um espaço internacional. Na verdade, em 2015, este espaço foi distinguido com a Marca de Património Europeu, pela sua posição estratégica, usada pelo Infante Dom Henrique, num «período que marcou a expansão da cultura, das ciências, da exploração e do comércio europeus tanto para o Atlântico como para o Mediterrâneo, abrindo o caminho para a afirmação e projeção da civilização europeia, que veio a modular o mundo moderno.»

Portanto, não foi esta distinção que a tornou o Promontório de Sagres internacional, mas reconheceu-o como central.

Para ilustrar a centralidade cultural e a importância da Fortaleza de Sagres, apresento alguns números de visitantes, comparando todos os monumentos, museus e palácios sob tutela da Direção-Geral do Património Cultural e das direções regionais de cultura.

Vejam-se os números de 2019 e de 2021 (quando a recuperação de visitantes começou, pós-pandemia):

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Em 2019, temos, em 1º lugar, o Mosteiro dos Jerónimos, com 1.096.283 (2019)

Em 2º Paço dos Duques de Bragança, com 463 607

3º, em 2019 Fortaleza de Sagres – 454.190

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Em 2021

1º Mosteiro dos Jerónimos – 271. 612 (2021)

2º, em 2021 - Fortaleza de Sagres – 232.848 (2021)

3º Paço dos Duques – 169 223 (2021)

Houve mais 2 monumentos com mais de 400 mil visitantes em 2019:

4º Torre de Belém – 427.235 (2019) – 16.442 (2021 – esteve fechada quase o ano todo)

5º Mosteiro da Batalha - 416.793 (2019) – 124.032 (2021)

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Como vêem, só há 5 monumento com mais de 400 mil visitantes por ano.

Números fresquinhos, fornecidos pelo diretor da Fortaleza, dizem que, em 2022, de janeiro a outubro, tivemos 401 952, muito próximo de 2019, no mesmo período, em que tivemos 421 268 mil visitantes.

Na Fortaleza de Sagres, em 2019, cerca de 84% dos visitantes firam estrangeiros, e cerca de 69% em 2021.

Os números falam por si e ecoam o reconhecimento da Fortaleza de Sagres como um dos mais importantes monumentos nacionais e, por isso mesmo, dos mais visitados.

Mostram ainda que este reconhecimento também é feito por estrangeiros.

Ora foi o reconhecimento desta importância e a necessidade de requalificar a visita que esteve na génese do projeto que hoje se mostra ao público.

A abertura do Centro Expositivo da Fortaleza de Sagres, aqui, hoje, no promontório de Sagres, é o resultado de uma vontade há muito anunciada.

O projeto de requalificação começou em 2009 e terminou em 2012, com os arranjos dos espaços exteriores, das muralhas, do torreão e deste mesmo edifício.

Em 2012, foi feita uma apresentação pública do que se pretendia com este projeto museográfico. Em 2018, foi feita uma atualização da parte técnica – porque a tecnologia está sempre a desenvolver-se.

É devida uma referência a quem concebeu os conteúdos: CHAM – Centro de Humanidades (Univ Nova e Univ. Açores), que teve o professor catedrático João Paulo Oliveira e Costa, como Coordenador Científico, com Carla Alferes Pinto, José Ferreira e Sofia Diniz.

E também a quem fez o programa, desenvolveu os conteúdos, selecionou Peças e Textos: professor associado com agregação, Fernando António Baptista Pereira (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa).

Sem financiamento, nada seria possível: a par do Turismo de Portugal, a CCDR Algarve, como gestora do FEDER (Fundos Europeus – fundos 35%) e do PIPITAL (fundos do Turismo de Portugal, mas através da CCDR – 20%), financiou esta obra, que teve também financiamento direto do Turismo de Portugal, em 45%.

Sei que houve um grande empenho por parte das minhas antecessoras, Dália Paulo e Alexandra Gonçalves, para que esta instalação museográfica acontecesse, empenho esse que continuei e que, graças a isso e com o esforço da equipa da DRC, finalmente, no fim de 2019, foi possível iniciarem-se os procedimentos que levaram à abertura do concurso, à adjudicação ao consórcio do qual entra a Edigma, até chegarmos a este momento.

Como disse, esta segunda fase só foi possível graças ao empenho de toda a equipa da Direção Regional de Cultura do Algarve, mas da qual faço questão de nomear:

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Foi graças

- Aos coordenadores Gerais da Exposição, Rui Parreira, Cristina Farias e Luciano Rafael

- À gestora do projeto – Cristina Farias (vão reparar que há nomes que se repetem)

- Aos colegas que recolheram e catalogou as imagens: Rui Parreira, Conceição Barão e Dulce Margarido

- Às colegas que deram apoio executivo: Margarida Costa e Carla Santos

- Ao Carlos Dias, aquiteto que coordenou a parte de arquitetura do Centro

- Ao conservador-restaurador Pedro Gago, responsável pela Conservação, Restauro e Limpeza de Peças

À equipa da DPDC, que está aqui hoje: Anabela Afonso, Margarida Guerreiro, Carlos Mendonça e Elsa Cavaco.

E a todos os que, de um modo ou outro, contribuíram para que ISTO acontecesse, desde os assistentes operacionais aos técnicos superiores e dirigentes.

Uma última palavra aos trabalhadores da Fortaleza de Sagres, a quem este novo equipamento é confiado, conto convosco, o diretor conta convosco, todos contamos convosco.

A todos, muito, muito obrigada.

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