Um grupo de estudantes de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um sistema de integração de tecnologia para monitorização e controlo da glicose baseado em criptografia biométrica, com o objetivo de facilitar o dia-a-dia das pessoas com diabetes.
O “BluNi”, assim designado pelos estudantes, traduz-se numa solução que, recorrendo a tecnologia Bluetooth, pretende unificar o sistema de monitorização da diabetes, inspirando-se em tecnologias que já existem, e implementar um nível de segurança extra – a criptografia dos dados Bluetooth transmitidos com informações biométricas.
O objectivo final, afirmam os autores do projeto, Ana Faria, Diogo Henriques, Miguel Marques e Óscar Martins, é «ter um sistema mais autónomo e fácil de usar para monitorização e controlo da glicose com base em conexões Bluetooth seguras».
Genericamente, o BluNi, desenvolvido no âmbito da cadeira de Projeto II, é um sistema que garante a comunicação entre três dispositivos: o telemóvel (através de uma app), um sensor de glicemia intersticial e a bomba de insulina. Para tal, a aplicação central possui um sistema de leitura da impressão digital do utilizador (sempre que este faça o login), e o programa, a partir da informação gerada pela imagem da impressão digital, cria uma “uma chave secreta e única”. Ou seja, gera um conjunto de caracteres únicos que serão depois utilizados para codificar toda a comunicação que ocorre entre os três dispositivos.
Ao «unificar as tecnologias já existentes no que diz respeito à monitorização contínua dos índices glicémicos, o BluNi é um projecto que visa facilitar o dia-a-dia das pessoas com diabetes. Para a realização deste trabalho, tínhamos vários requisitos técnicos, o que levou a que o BluNi conte com uma segurança acrescida baseada em dados biométricos», realçam Ana Faria, Diogo Henriques, Miguel Marques e Óscar Martins.
Considerando que a solução tecnológica foi desenvolvida durante este período de pandemia, a equipa teve de criar estratégias para simular os dispositivos reais através de software. Os estudantes criaram então três aplicações em ambiente MATLAB - uma que representa a aplicação no smartphone, outra para simular o sensor de glicemia e, por fim, uma aplicação para simular a bomba de insulina. Posteriormente, desenvolveram metodologias que lhes permitisse simular a comunicação Bluetooth entre os três dispositivos, através de um protocolo de comunicação simples, e que fosse capaz de detectar se ocorreu alguma falha durante o envio e receção das mensagens.
Ana Faria, Diogo Henriques, Miguel Marques e Óscar Martins referem que «as tecnologias para ajuda no controlo da diabetes estão a evoluir bastante, e existem já vários estudos clínicos em curso para procurar desenvolver um sistema completamente independente da intervenção do utilizador. Tal sistema ainda não existe, mas nós achamos que o futuro está a caminhar nessa direção, e o BluNi poderá ser um contributo importante».
Em Portugal, «existem poucas empresas dedicadas à oferta de um pacote completo, isto é, que ofereçam um sistema de monitorização contínua de glicose, uma app e uma bomba de insulina a trabalhar de forma conjunta e, de certa forma, independente. Os diabéticos veem-se obrigados a usar uma combinação de diferentes tecnologias criadas por diferentes empresas», finalizam.
Quanto à implementação do projecto em contexto real, os estudantes esclarecem que ainda será necessária mais investigação, uma vez que todo o sistema foi desenvolvido em MATLAB. O vídeo sobre o projeto está disponível em: https://youtu.be/pKOt_he4DZg.