O ‘FIEL AMIGO’ ESTÁ EM ‘DIFICULDADES’

Bacalhau à mesa na época de Natal é também uma tradição. Natal em Portugal sem bacalhau não sabe a Natal. Este ano aconselha-se a comprar o mais cedo possível o ’fiel amigo’.
Parece que o preço vai disparar. “Incomportável”, afirmam os representantes do setor. As sanções à Rússia impedem a compra aos fornecedores russos.
Símbolo da gastronomia portuguesa, o total do nosso consumo anual é de 170 mil toneladas.
Somos o maior mercado de bacalhau salgado.
A tradição tem 500 anos. No Estado Novo foi popularizado como ‘bacalhau do povo’. As expedições aos frios mares da Norte passou a ser uma tradição e parte da propagando do regime. No Mosteiro dos Jerónimos havia uma cerimónia religiosa onde os pescadores eram abençoados e os barcos benzidos.
Mas, quando chegou a Segunda Guerra Mundial em 1939 (até 1945), o ‘bacalhau do povo’ ficou ameaçado. Os barcos não poderiam navegar em segurança. Seriam facilmente confundidos com navios mercantes e afundados. O regime do Estado Novo conseguiu lograr uma solução. Foi acordado com as duas partes beligerantes uma solução. Os barcos passaram a ser pintados da cor branca. E assim continuaram a circular nesses difíceis anos.
Uma visita ao ‘Museu do Bacalhau’ na Praça do Comércio em Lisboa é uma proposta interessante.
A tradição vai ficar mais cara este ano. Não acredito que, mesmo a preços mais altos, a tradição do bacalhau não seja presente à mesa.
EDUARDO COSTA, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional