Artigo de Opinião JORGE FERREIRA, Advogado

       Semanas académicas e queimas das fitas onde se procurava apurar o gosto e alargar a formação cultural levado a cabo por vozes dissonantes de um regime opressivo e de "tiro-liro-liro-tiro-liro-ló". Dá que pensar o abastardar cultural das mesmas e actuais manifestações de sexualidade alcoólica e sem tino, ou de uso do corpo como expressão de liberdade .. As gerações de 1960/80 aceleraram a queda do conservadorismo nos costumes, como já o tinham feito a "geração perdida" dos anos de 1920/30, continuando as aberturas deixadas pelos medievais Contos Canterbury, pelo renascentista Decameron, pelas aristocráticas Ligações Perigosas e Filosofia de Alcova, reforçados pelos ideários libertadores, libertários e libertinos de A, Camus, C. Bukowski, W. Reich, G. Bataille, Picasso, Balthus, do nosso iconoclasta Luiz Pacheco,da M.Teresa Horta e muitos mais.
       Os nossos jovens de hoje são tão ou mais extraordinários do que os da nossa geração e das gerações que nos precederam. Tentam mostrar o contrário, mas um dia serão eles a decidir o que se mostra, mostrando o que hoje deles se esconde na penumbra. Uma sociedade do espectáculo opta por exibir os aspectos mais alienantes e mais pobres de sentido, evidenciando os comportamentos de uns poucos jovens em situações de euforia festiva etilizada. Escondendo, porém, as suas melhores qualidades e capacidades, para que elas não venham ao de cima, e que, com elas se motivem, se encham de brio e mostrem que a sua inteligência e energia são raio de luz que precede o trovão. Isto é tão certo de acontecer, que quando poder dominante começar a ouvir o trovão já o mundo mudou, já são eles que comandam para deixar um mundo mais limpo, mais justo e cheio de vida para os filhos deles. Estes jovens já não estão para "pedir o impossível" como os de antes fizeram. Quando se ouvir o trovão, os impossíveis já estarão no turbilhão de algum "buraco negro" e eu a caminho das estrelas.