(Z1) 2025 - CM de Vila do Bispo - Um concelho a descobrir

Democracia Cristã nas Autarquias: Uma Nova Esperança para o Algarve Real

Democracia Cristã nas Autarquias: Uma Nova Esperança para o Algarve Real

Alexandre Guedes Silva – CDS-PP ALGARVE

O Algarve, região abençoada pelo sol, pelo mar e por uma das mais ricas heranças culturais de Portugal, chega a 2025 com um estatuto de destaque no contexto nacional: é uma das regiões economicamente mais fortes do país, impulsionada por um setor turístico pujante e por um dinamismo empresarial que não pode ser ignorado. No entanto, como qualquer território onde o sucesso aparente esconde fragilidades estruturais, também aqui os algarvios sentem na pele os efeitos de uma economia desequilibrada e altamente dependente de um único setor.

A excessiva concentração económica no turismo — vulnerável a pandemias, conflitos globais e fenómenos climáticos extremos — ameaça a estabilidade das famílias, das comunidades e das autarquias algarvias. Como dizia Adriano Moreira, o verdadeiro desenvolvimento só é digno desse nome se “servir a dignidade da pessoa humana e garantir o bem comum das gerações presentes e futuras”.

Neste contexto, ganha particular importância o papel que os candidatos democratas-cristãos integrados nas listas da Aliança Democrática (PSD/CDS) desempenham nestas eleições autárquicas de 2025. São eles que trazem para o debate local um olhar ancorado na tradição, na ética do serviço público e na doutrina social da Igreja, garantindo que os valores da solidariedade, subsidiariedade e dignidade humana sejam mais do que palavras — sejam princípios orientadores de políticas concretas em cada reunião de câmara, assembleia municipal e assembleia de freguesia.

O Algarve precisa de uma nova raiz: a agricultura regeneradora

Face ao diagnóstico conhecido — economia vulnerável, interior despovoado, juventude desmotivada e comunidades envelhecidas — propomos uma solução estrutural, enraizada no território e inspirada na matriz democrata-cristã: o programa “AgroAlgarve 2030”.

Esta proposta simples, mas ambiciosa, defende a revitalização da agricultura local e familiar, integrada com a inovação tecnológica, a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento comunitário. Mais do que um plano económico, trata-se de um projeto civilizacional, que afirma que o progresso deve respeitar a terra, a memória e a pessoa.

AgroAlgarve 2030: 5 eixos para regenerar o Algarve de dentro para fora

1. Agricultura familiar e agroecológica

Apoio técnico e financeiro às explorações familiares que adotem práticas sustentáveis, com prioridade aos jovens agricultores e à agricultura biológica.

2. Centros de transformação agroalimentar locais

Criação de pequenas unidades descentralizadas para transformar produtos agrícolas em conservas, compotas, azeites, vinhos, mel e ervas aromáticas — promovendo cadeias de valor curtas e baseadas na identidade regional.

3. Circuitos curtos entre produtores e instituições

Estabelecimento de parcerias entre escolas, IPSS, hospitais e produtores locais para que os alimentos que chegam à mesa dos mais vulneráveis sejam saudáveis, locais e sustentáveis.

4. Formação e inovação tecnológica no setor primário

Cursos de formação técnica e tecnológica na Universidade do Algarve, Polos de Faro e Portimão e nas escolas profissionais, capacitando uma nova geração de agricultores inovadores, com domínio de drones, sensores de rega e certificações de qualidade.

5. Turismo rural e cultural como complemento

Promoção do agroturismo, das experiências gastronómicas e dos percursos interpretativos ligados ao património natural e agrícola, reforçando a ligação entre o visitante e o território.

A marca democrata-cristã nas listas da AD: um garante de compromisso com o bem comum

O programa “AgroAlgarve 2030” não será apenas um exercício de planeamento, se os eleitos da AD que professam os princípios da Democracia Cristã tiverem voz ativa nos órgãos do poder local. É precisamente esta a mais-valia da sua presença: garantir que cada investimento, cada plano diretor municipal, cada decisão sobre uso do solo ou financiamento de empresas seja orientada pela lógica do bem comum e da ecologia integral, como tão bem nos recorda o Papa Francisco.

Enquanto outros se limitam a pensar em mandatos de quatro anos, os autarcas democratas-cristãos pensam em gerações. Enquanto uns se perdem em clientelismos ou ideologias, estes colocam a dignidade da pessoa e a centralidade da família no coração da política local.

A presença de autarcas democratas-cristãos nas várias coligações da Aliança Democrática - AD é a melhor garantia de que o Algarve interior não será esquecido, que os lavradores de Alte, os apicultores de Monchique e os pastores da serra do Caldeirão terão quem os ouça e quem os defenda.

Diagnóstico partilhado, soluções ainda por concretizar

Todas as candidaturas reconhecem que o Algarve tem de diversificar a sua base económica. Está nos diagnósticos, nas estratégias regionais, nos programas europeus. Mas apenas com vontade política sustentada em valores e visão de longo prazo será possível transformar esses planos em realidades duradouras.

Até à data, nenhuma das principais candidaturas concorrentes — do PS ou do CHEGA — apresentou um programa específico e estruturado para a regeneração agrícola e o desenvolvimento rural integrado. A proposta aqui apresentada representa uma oportunidade para a Aliança Democrática se distinguir: não apenas pela crítica ao passado, mas pela capacidade de oferecer esperança realista e enraizada nos valores cristãos.

Uma política de proximidade, baseada na subsidiariedade

A Doutrina Social da Igreja ensina-nos que as decisões devem ser tomadas ao nível mais próximo possível dos cidadãos. Por isso, o papel das freguesias é essencial: são elas que conhecem os terrenos ao abandono, os idosos isolados, as famílias que querem regressar ao campo mas não sabem por onde começar.

Os eleitos democratas-cristãos nas assembleias de freguesia podem liderar esta mudança: requalificando terrenos devolutos, incentivando hortas comunitárias, promovendo feiras de produtos locais, organizando redes de apoio técnico ao pequeno agricultor.

Como dizia Paulo Portas, “há valores que não passam de moda: a honestidade, a competência e o serviço.” E é isso que a presença democrata-cristã nas listas da AD garante: valores consistentes ao serviço das pessoas concretas.

Mais do que protesto, é tempo de proposta

Num tempo em que muitos se rendem ao ruído populista ou à apatia, os autarcas democratas-cristãos trazem uma proposta de seriedade, sensatez e serviço público. Não prometem milagres, mas assumem compromissos. Não seguem modas, mas permanecem fiéis a princípios eternos.

O Algarve precisa de menos slogans e mais visão. De menos dependência e mais autonomia produtiva. De menos construção em betão e mais investimento na terra fértil.

Conclusão: a boa política começa na terra e nas pessoas

Esta proposta não é apenas agrícola. É cultural, social e espiritual. É um apelo ao reencontro do Algarve com a sua própria alma. Como dizia o poeta algarvio António Aleixo, com uma sabedoria simples:

“Para a mentira ser segura / e atingir profundidade / tem que trazer à mistura / qualquer coisa de verdade.”

É tempo de devolver à política Algarvia a verdade da terra, a dignidade do trabalho e a esperança da fé. Os autarcas democratas-cristãos nas listas da AD ou de inspiração na AD estão prontos para isso. Que lhes demos voz, apoio e confiança.

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