Definir a obesidade pelo peso ou pelo índice de massa corporal é simplificar esta doença
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Artigo de Opinião de Isabel Fonseca - Coordenadora do Núcleo de Estudos de Obesidade da SPMI
Março foi o mês escolhido para se falar de obesidade. Uma doença reconhecida como crónica, complexa, com múltiplas causas e por isso com necessidade de intervenções terapêuticas multidisciplinares em todos os níveis de cuidados de saúde.
Esta doença metabólica é responsável por várias complicações, e está associada a inúmeras doenças como sejam a asma, a apneia do sono, a patologia degenerativa osteoarticular, algumas doenças de pele, a doença de refluxo gastroesofágico, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e cancro. As pessoas obesas ou com excesso de peso correm um maior risco de desenvolver cancro do intestino (cólon e reto), rim, esófago, pâncreas e vesícula, cancro da mama na mulher após a menopausa, cancro do útero (endométrio) e dos ovários.
Todas estas consequências resultam do excesso de tecido adiposo, e em particular da gordura visceral, e por isso definir a obesidade apenas pelo peso ou pelo índice de massa corporal é simplificar esta condição clínica.
Também definir como objetivo de tratamento da Obesidade atingir o peso perfeito ou ideal, é minimizar a doença. Reduzir o excesso e a acumulação de gordura, e com isso melhorar a saúde e a qualidade de vida do doente, deve ser o alvo a atingir.
As opções terapêuticas atualmente disponíveis, para além das modificações do estilo de vida, são cirúrgicas e farmacológicas. Nenhuma dá garantia de 100% de sucesso e a associação de diferentes tratamentos parece ser a melhor solução. Seja qual for a escolha, esta deve ser sempre individualizada e ajustada a cada doente.
Os medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade, pela redução de peso que causam e pela melhoria das patologias associadas, são fundamentais para o seu combate. Na prática clínica, nem todos os obesos têm acesso a essa terapêutica pelo seu preço elevado. O estigma que o doente obeso sofre na vida quotidiana, continua quando tem de pagar o seu tratamento. Não ter os medicamentos comparticipados, dificulta o seu uso prolongado, necessário para a manutenção da perda de peso, que é um dos maiores desafios desta doença. O reganho ponderal é uma frustração para quem trata e para quem vive a doença, sendo por isso desejável a redução do custo destes medicamentos inovadores.
Novos tratamentos se perspetivam e o que se deseja é que o seu efeito, seja eficaz e duradouro.