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Carta Aberta - O preço da diferença

Carta Aberta - O preço da diferença

Publicamos abaixo um artigo enviado por Miguel Alexandre Batista dos Santos, no qual o autor apresenta seus esclarecimentos. As opiniões expressas no texto são de responsabilidade exclusiva do autor. 

Esta carta visa apenas esclarecer informações públicas sobre acontecimentos de 2022 e não pretende substituir nem inviabilizar quaisquer processos formais.

Foi escrita para promover compreensão e diálogo, e não o confronto.

Apresentação

O meu nome é Raven. Nasci no Porto e detenho como nome civil Miguel Alexandre Batista dos Santos.

Escrevo em plena consciência, com serenidade e total lucidez, para relatar factos que marcaram profundamente a minha vida e expor um padrão que ultrapassa a minha história individual.

A intervenção de 2022

Em 2022 intervim de forma pacífica e assertiva numa situação injusta que, na minha percepção, envolvia pressões indevidas sobre uma parte vulnerável.

O objetivo foi travar uma manipulação em curso, sem qualquer violência ou afronta pessoal.

Com o tempo, essa intervenção foi retirada do seu contexto e usada como ponto de partida para uma narrativa de descrédito.

A partir daí, multiplicaram-se narrativas difamatórias e interpretações distorcidas que ampliaram o prejuízo reputacional e a confusão pública.

As narrativas e a percepção

Foram divulgadas imagens e mensagens apresentadas de modo a produzir uma percepção enganosa dos factos e a fragilizar a minha reputação.

Posteriormente, tornou-se evidente que essas versões não correspondiam inteiramente à realidade, mas, apesar disso, continuaram a ser partilhadas, prolongando a injustiça e a desinformação.

Essa continuação indevida de versões falsas é uma forma de distorção que afeta não só a minha imagem, mas também o direito de qualquer pessoa a ser tratada com equidade e verdade.

A diferença como força

Sou uma pessoa neurodivergente, diagnosticada com TDAH e traços de desregulação emocional.

Essa condição, tantas vezes reduzida a rótulo, é também a origem de muitas das minhas forças: a capacidade de ver ligações improváveis, de pensar em movimento, de criar soluções rápidas e intuitivas, de sentir intensamente e de transformar emoção em ação.

O que para alguns é distração, para mim é visão ampla - a habilidade de captar o que outros não notam.

A diferença, em vez de ser compreendida, foi usada como pretexto para me descredibilizar.

Assim atua o capacitismo: transforma características humanas em armas de exclusão.

A despersonalização e o medo coletivo

A despersonalização foi o passo seguinte. Deixei de ser pessoa para ser personagem.

Fui descrito em narrativas fantasiosas que procuravam transformar-me num símbolo do medo coletivo.

Este mecanismo, antigo como a história, chama-se “demonização”: a tendência de projetar no outro o que a sociedade não consegue compreender em si mesma.

O meu trabalho e compromisso social

Apesar disso, mantive-me fiel à minha vocação.

Desde fevereiro de 2024, que chego a Lagos e dedico todo o meu tempo laboral e extralaboral a projectos de integração social pela arte e pela cultura.

Trabalho na produção cultural e artística com associações, municípios e criadores independentes, sempre com foco na inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade, deficiência ou exclusão.

Tenho orgulho em contribuir, através da música, do teatro e da mediação cultural, para construir comunidades mais empáticas, criativas e justas.

As narrativas de medo e manipulação não anulam o que construí nem o que continuo a construir.

O que está em causa não é apenas a minha história, mas o modo como a diferença é tratada numa sociedade que ainda confunde empatia com fraqueza e diversidade com ameaça.

O convite e a verdade

Deixo um convite claro e honesto: que quaisquer alegações ou acusações sejam apresentadas com provas factuais, nos meios legais e próprios.

Mantenho-me disponível para todos os esclarecimentos que a justiça considerar adequados.

Com a mesma clareza, reivindico o direito à verdade, à justiça e ao respeito pelos direitos fundamentais de qualquer cidadão - o direito à privacidade, à dignidade e a uma vida protegida de difamação ou distorção pública.

Acredito apenas na ciência, nos factos e no princípio ético mais simples: não fazer o mal.

É nessa base que vivo, trabalho e falo. O que vivi não pertence ao sobrenatural; é profundamente humano.

É o reflexo de um país onde a diferença ainda desperta medo e onde o erro colectivo se mascara de virtude.

Convido todos a reflectir sobre como tratamos a diferença e o erro na nossa sociedade. Nenhuma verdade floresce do medo.

Esta reflexão é um convite ao diálogo sereno sobre inclusão e empatia na sociedade actual.

Compromisso de Honra

Declaro, de livre vontade e plena consciência, que tudo o que aqui afirmo corresponde à minha verdade pessoal e ao que posso comprovar documentalmente.

Comprometo-me a agir sempre com respeito pela lei, pela ciência, pela ética e pela dignidade de todas as pessoas, mesmo das que erraram comigo.

A minha palavra vale pelo que construo, com verdade, com serenidade e com honra.

Com verdade e serenidade,

Raven Santos

(Miguel Alexandre Batista dos Santos)

Lagos, novembro de 2025

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