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Empresário António José Ramos: De aprendiz de electricista à façanha dos Transportes Internacionais

Empresário António José Ramos: De aprendiz de electricista à façanha dos Transportes Internacionais

Carlos Conceição

Marta Ferreira

Beatriz Maio

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No âmbito da rubrica «Mais de meio século de porta aberta», o CL dá a conhecer o percurso de António José Ramos, 77 anos, nascido a 9 de Janeiro de 1944, em Lagos, cidade onde reside e foi criado. É casado e tem dois filhos, Didier que trabalha com ele e Sandra que é professora no Agrupamento de Escolas Júlio Dantas.

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Começou a trabalhar desde muito cedo, com apenas 12 anos, consequência de tempos mais duros e porque a realidade da altura assim o exigira. Detém a firma António José Ramos, Lda., bem conhecida a nível local. Actualmente, é empresário na área de Construção Civil e Obras Públicas, além de presidir o afamado Rotary Clube de Lagos, cuja missão é «servir ao próximo» e «promover a boa vontade, paz e compreensão mundial por meio da consolidação de boas relações entre líderes profissionais, empresariais e comunitários».

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Da Rua Infante de Sagres para o mundo

Correio de Lagos – Conte-nos a história na primeira pessoa. Que trajecto faz até à actualidade?

António José Ramos – O ensino primário foi em Lagos, até à quarta classe. A partir daí, foi a trabalhar... Outro ensino diferente (risos). O primeiro emprego foi como ajudante de electricista, nos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Lagos [CML]. Tenho ainda a cartinha de quando pedi para desistir, porque tinha lá a loja, na Rua Infante de Sagres. Ainda trabalhei durante dez anos para a CML.

CL – Teve a loja por quanto tempo? E além da loja, houve trabalho por conta de outrem?

AR – Era só eu e a minha esposa. Tivemos a loja durante vinte anos, no ramo da electricidade. Com as áreas que depois se abriram, e com todo o comércio a nível nacional, a gente não tinha justificação para ter uma loja aberta a vender máquinas de mês a mês. Avançámos.

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Infância, passado familiar e o projecto de electrificação da Luz

«Nasci e cresci em Lagos, no monte São Sebastião. Sou filho de um pequeno agricultor, trabalhava no campo com a família toda. Éramos oito irmãos, dos quais quatro ainda estão vivos», começou por contar. E continuou: «Fiz a escola na Praça de Armas, com a Professora Maria Tomázia. Quando ia para a escola, já estava o Hotel Golfinho a ser construído na cave. Eu encostava-me lá a ver as máquinas trabalhar, com sete anos, e quando voltava da escola ficava lá mais uma hora. Garreavam comigo por chegar tarde», desvendou.

António José Ramos começou a trabalhar com 12 anos, no campo, com o pai. Por volta dos 14, percebeu que «aquilo não era vida» para si e, mais tarde, torna-se ajudante de electricista nos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Lagos. «Ao fim de mais ou menos um ano, o “Sr. Valentim” contractou um electricista profissional de Lisboa para electrificar a Praia da Luz e quem foi como ajudante fui eu. Lembro-me que o “Sr. Paris”, [electricista profissional] ia de bicicleta a pedal para a Luz e eu também, trabalhar».

Aprendeu, por isso, grande parte do ofício com o “Sr. Paris” no que toca à electricidade: «Estivemos ali uns anos e depois fomos para a central eléctrica, fazer alta tensão, que ali era baixa. Na globalidade, estive a trabalhar com esse senhor por uns três ou quatro anos. Já sabia o que eram luzes de electricidade – estávamos a electrificar a praia da Luz. As pessoas queriam ter luz em casa e não havia pessoas ou firmas que fizessem as instalações. Então, comecei a tomar de empreitada as instalações eléctricas, porque, à época, ainda eram os candeeiros a petróleo que funcionavam. Daí para a frente é que as coisas se desenvolveram em termos de electricidade. Ainda fiz, na Praia da Luz, umas centenas de instalações», contou ao CL.

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O 25 de Abril e a luta por uma vida melhor

«Às tantas fui para a tropa. Estavam os meus pais a morar na propriedade do Castelo Branco, que depois foi Parque de Campismo – já tinham uma certa idade e eu é que os sustentava. Os meus irmãos andavam todos por fora, alguns já eram casados. E eu estava em casa, solteiro e sustentava-os. Às tantas, na tropa, fiz um requerimento para vir para casa em amparo dos pais, havia essa hipótese», explicou António Ramos, ligeiramente emocionado.

António esteve na tropa em Queluz e depois em Cascais. Em Queluz era operador de radar, por ser electricista. Já com cerca de nove meses de tropa, passou para o quartel de Cascais, deslocando-se a Lagos às vezes, de fim-de-semana, de seis em seis meses, pois não havia transportes nem dinheiro que o permitissem mais. «Nessa altura havia a PIDE [Polícia Internacional e de Defesa do Estado], foi muito antes do 25 de Abril. Alguém da PIDE veio a casa dos meus pais para ver se a situação deles era verdade. O Sr. Tenente Leal, que morava na nossa frente, tinha ligação lá e disse que sim, que eu trabalhava e que eles tinham necessidade, que eram pessoas pobres... E foi o que aconteceu».

«Às tantas, aparece uma ordem lá no quartel, num dia que a gente estava a tomar o pequeno-almoço no refeitório, a dizer que o António José Ramos, a partir daquele dia, seria disponibilizado para ir para casa em amparo dos pais», explicou, e continuou: «Aquilo seguiu, e quando vim para casa continuei a trabalhar nos Serviços da Câmara, com 21 anos, mais ou menos» – naquele tempo, acabava o seu expediente pelas 17:00 horas e logo partia para outros lados, como a Praia da Luz, para fazer mais instalações.

«Eu fazia as instalações e, entretanto, casei. Às vezes diz-se que ao lado de um homem encontra-se sempre uma grande mulher», contou ao CL António Ramos, orgulhoso. Por essa altura, abriu a dita loja na Rua Infante de Sagres, com a esposa. Já detinha a carteira profissional de electricista e, inclusive, era sindicalizado na parte eléctrica: «Ainda tenho os documentos guardados», ressaltou.

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Primeiras grandes obras

António foi contratado, na altura, pelo empresário Armando Castelo Branco, para trabalhar no projecto do Parque de Campismo, bem como na edificação do conhecido Motel Âncora: «Foi uma obra muito grande e o meu irmão Serafimia fazer a canalização. Nessa altura, o encarregado da obra era o meu irmão Francisco. O meu irmão Joaquim já trabalhava noutros lados, fazia obras de empreitada na Luz, em Sagres... As minhas irmãs estudavam», explicou.

«Comecei a pedir pessoal para trabalhar e contractei alguns rapazes. Daí para a frente, comecei a fazer a instalação de prédios e apartamentos. Fizemos dúzias, centenas. Eu é que assinava os termos de responsabilidade para serem ligadas as luzes nos apartamentos. Ainda não havia a EDP, sequer», adiantou o empresário.

Entretanto, a par da electrificação das zonas públicas de Sagres, António José Ramos acaba por tomar conta da obra, não deixando de trabalhar nos tais apartamentos: «O Castelo Branco tinha uma máquina mais ou menos, que tinha comprado para fazer uns trabalhos e já não precisava. Cedeu-me a máquina e fui fazer a obra».

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De aprendiz a mestre e o contributo da esposa

«Eu ensinei uns dez electricistas, mais ou menos, que ficaram a trabalhar comigo. Entretanto, com as obras já a evoluir, tive de tirar carta profissional de pesados e comprar um semi-reboque para mim, um camião grande e um camião com grua, porque os postes eram pesados», começou por explicar.

Comprou, então, o camião-grua e, a partir daí, «era sempre a andar», com a esposa a auxiliá-lo no transporte do pessoal. Na época em que a esposa de António começou a tirar a carta, «não havia mulheres a fazer isso, ninguém tinha», disse, em tom de curiosidade. A família de António ficou surpresa com tal feito, uma vez que era incomum. «A Maria José vai tirar carta?», questionaram. «E tirou», rematou o empresário. «Eu trabalhava na Câmara e a minha mulher é que, depois, começou a transportar o pessoal. Comprei uma carrinha de sete lugares, a primeira que veio para o Algarve; para nós, para Lagos, para ser conduzida por uma mulher», contou.

A mulher de António foi uma preciosa ajuda na altura da electrificação de Sagres: «Comprei-lhe um Renault 12 com bola atrás, para rebocarmos as coisas. Ela andou lá com o pessoal a esticar as linhas; a gente punha uma bobine de cabo de cobre, que pesava 2.000 quilogramas, num tripé, e ela ia com o carro na estrada, puxando a linha por ali fora. Aquilo era pesado, ela é que estava a trabalhar», reafirma.

Com o passar do tempo, o trabalho evoluiu para as urbanizações: «Fizemos muitas urbanizações com colunas e iluminação. Tive que comprar um semi-reboque para ir buscar transformadores e tudo mais, a Lisboa. Foi então que tirei a carta de pesados e, ao fim de alguns anos, fundámos a firma de transportes. Comprei a firma que era do “Manel Padeiro”, da Meia Praia, e um camião que ele tinha já velho», deslindou. Pouco depois, nasce a firma Transportes Públicos do Barlavento, que ainda hoje existe.

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Transportes Públicos do Barlavento: um degrau importante

Já com os seus 24 anos, António José Ramos decide abandonar os Serviços Municipalizados: «As obras eram muitas e já não dava conta. Nasceu também o meu filho, o Didier, e já não havia tempo para organizar as obras. Eu estava a ganhar dinheiro, mas eram investimentos que estávamos a fazer», expôs. A opção de tomar a firma de transportes exigiu que António fosse para Faro tirar formação, de modo a conseguir alvará. Anos mais tarde licenciou-se, tal como o filho, e daí continuaram a fazer urbanizações.

O negócio expandiu-se para Portimão: «Aquilo disparou. Foi no tempo do Arquitecto Garcia», disse, revelando: «Encontrei uns amigos que me sugeriram trabalhar nuns prédios, como electricista. O Alfagar também tinha uma outra loja grande, onde hoje é o Pingo Doce da Praia da Rocha. O “amigo Martins”, dono do Alfagar, tinha a representação, e eu fiz a instalação dessa loja e ainda de outra ao lado».

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As memoráveis férias na Tailândia

«A firma do Martins ofereceu uma viagem para a Tailândia a umas 4 ou 5 pessoas. Eu estava lá e toca a ir para a Tailândia!», proferiu. O empresário relembrou ao CL o seu aniversário aquando da viagem a Banguecoque, que descreveu como «uma grande experiência»: «Lá tive que pagar uma garrafa de champanhe a toda a gente (risos). Estávamos em festa». Sobre o modo de vida na Tailândia, recorda que «era um aparato turístico. Motas de água, barcos com paraquedas... Pensei: “Isto é bom para levar para o Porto-de-Mós” (risos)».

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Trajecto na EDP a par com a firma de transportes

As coisas evoluíram e a firma de António José Ramos também: «Começámos a fazer urbanizações em Lagos, Portimão, Armação de Pêra, e trabalhávamos para a EDP também», lembrou. Conheceu o Engenheiro Pimenta, chefe da EDP Algarve naquela altura e acabou por ficar responsável pela electrificação de alta e baixa tensão em Armação de Pêra, bem como pela instalação eléctrica nos prédios que se construíram depois.

Mas a firma de transportes começava a exigir outras condições: «Precisávamos de ter carros para fazer o transporte dos materiais para aqui e para ali. Tive de comprar máquinas mais pesadas». Mais tarde, assume-se responsável por uma obra na Meia Praia, em água salgada que, entretanto, «já foi remodelada, mas ainda funciona». A fasquia mostrava-se cada vez mais elevada, pelo que teve de investir em material de trabalho: «No Algarve, não havia um transportador para as máquinas e tive que entrar com a firma de transportes.

Também não havia um porta-máquinas, então fui a Lisboa e comprei. Transportava as nossas máquinas e, ao mesmo tempo, as dos amigos», contou.

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Expo 98, obras marcantes em Lagos e a expansão dos Transportes

A firma de transportes continuou no activo, expandindo-se a todo o Algarve e, inclusive, ao país. Na altura da Expo 98, António e seus colegas foram contratados para lá trabalhar. Antes disso, já estava para trás toda a obra de iluminação da emblemática Avenida de Lagos, feito de enorme importância para o concelho. Nessa mesma altura, surgiu o projecto da Marina de Lagos: «Apareceram uns espanhóis à procura de uma firma para fazer a Marina e nós lá nos ajeitámos. Fizemos o orçamento, começámos a trabalhar e levámos 8 meses nisso».

Recordou também ter alugado ao irmão Serafim «uma máquina pequena que ele tinha», para trabalhar. «Chamou-me parvo por me meter numa obra tão grande. Era o pensamento dele», recordou.

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Investimentos e acordos

Sempre a trabalhar fora em vários outros sítios, já pelo final da obra da Marina, eis que surge outra em Águeda, perto de Coimbra. Na altura em que as obras em Lagos começaram a crescer, a firma de António já tinha alvará de Construção Civil e Obras Públicas. «Tínhamos uma engenheira amiga connosco. Foi quando passámos da Rua Infante de Sagres para a Rua Dr. Professor Adelino da Palma Carlos, onde hoje temos o prédio que eu fiz em 1972. Fiz aquela urbanização toda por trás da Farmácia Lacobrigense e fiquei com dois lotes de terreno em troca da urbanização, já para fazer uma casa para nós morarmos», contou, saudoso.

Revelou que «os técnicos não queriam adjudicar a obra» à sua firma, mas que como António e seu pessoal eram de Lagos e «quem mandava era o presidente da Câmara», a mesma acabou por ser viabilizada. Além disso, a firma de António Ramos cobrava um valor mais baixo: «O IVA ficava em Lagos, trabalhavam pessoas de Lagos, tínhamos empregados de Lagos, e assim ajudava-se a economia e o comércio de Lagos», referiu. Uma dessas grandes obras incluía as infra-estruturas entre o Campo de Golfe (Boavista) e a estrada do Porto de Mós.

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Relações e parcerias

Mais tarde, no tempo do Senhor Barroso (antigo Presidente da Câmara Municipal de Lagos), ao longo dos três mandatos deste líder, António e a sua equipa participavam nos vários concursos a obras, mas nunca ganharam nenhum, mesmo com preços mais baixos. Chegaram a trabalhar em Vila do Bispo, com o Presidente da Câmara da altura, Gilberto Viegas, tendo sido responsáveis pela remodelação de Sagres. Recordou todo aquele trabalho de electrificação, referindo que, apesar de alguns rumores de corrupção a par dessa obra, esse não foi o caso: «Fala-se muito em corrupção e em favores, mas não fui corrupto. Não corrompi ninguém e trabalhámos sempre honestamente. Não dei nada a ninguém, ninguém me deu nada a mim, foi tudo direitinho e conforme as leis», esclareceu.

CL – E durante a presidência da Dra. Maria Joaquina Matos?

AR – Quando estava a Dra. Joaquina Matos, nunca fiz obra nenhuma para a Câmara Municipal de Lagos.

CL – E agora com o actual Presidente?

AR – O Presidente Hugo Pereira é um lacobrigense também e sabe que estamos cá. Temos mais situações e continuamos pelo Algarve todo.

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O frenesim das máquinas

Em plena alavancagem da empresa de transportes, António José Ramos viajava para a Alemanha e da Alemanha para a Holanda. Na Holanda, aquando da saga pela procura de máquinas de trabalho, acaba por descobrir o mundo dos leilões. O “bicho” pegou e, desde então, regressava sempre àquele país com o propósito de participar quer nos ditos leilões, quer em feiras de equipamentos e «tudo o que há no mundo», nas
próprias palavras.

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Desafios e veia empreendedora

A dada altura, a firma de transportes estava a dar prejuízo, pelo que decidiu, junto do filho que o acompanha neste negócio, direccionar a empresa para o mercado nacional: «Fechámos para o estrangeiro. O combustível está tão caro que não compensa. E ago- ra com esta coisa [vírus], os carros estão parados no nosso estaleiro», explicou.

António Ramos possui, actualmente, um estaleiro lado a lado com o irmão Serafim. Afirma ter sido o próprio a comprar todo aquele terreno, tendo depois dividido parte com o irmão e com o construtor Viegas: «Eu fiquei com a outra parte do campo que não tem nada a ver com a Multi Serviços, nunca tive nada associado com isso. São coisas separadas», assegurou.

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«Tive muitas noites em que só dormia 2 ou 3 horas. Era uma pressão tão grande... Era muito dinheiro em movimento»

CL – Vê a oportunidade de fazer a Marina de Lagos, arranja as máquinas e vai até onde for preciso pelo negócio. Actualiza-se em termos de cartas, licenciamentos, tudo. Alguma vez pensou “Será que fiz bem?” antes de ir dormir?

AR – Na altura da Marina de Lagos, tive muitas noites em que só dormia 2 ou 3 horas. Era uma pressão tão grande... Era muito dinheiro em movimento. E se a gente falhasse nas datas, eram multas em cima. Tivemos muitos problemas nessa altura por causa do encarregado que eu pus lá.

Nós secámos a Marina. Trabalhámos com a Marina quase em seco, fizemos um dique para fechar a ribeira e até temos cassetes disso, está tudo filmado. Lá dentro, estavam dois ou três geradores com bombas daquelas grandes, a balroar a água que vinha por baixo, para fora. Às vezes, quando faltava o gasóleo, parava o gerador e as bombas. No outro dia de manhã, ao chegar às 08:00 horas para pôr as máquinas trabalhar, estava tudo cheio de água e não se podia trabalhar assim. Cheguei a pôr um guarda-nocturno a cuidar daquilo, mas deixava-se dormir. O gerador parava e ele não queria saber.

A firma de António chegou a ter entre 50 e 60 empregados; meia centena de pessoas para levar a cabo todas aquelas obras que hoje recorda. Presentemente, a empresa é composta por António José Ramos, o filho e o genro, David Santos, e subcontratados para cada obra.

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Próximos passos e a sorte dentro do azar

Em relação ao ano transacto, a Câmara de Lagos pôs a concurso a obra relativa às rupturas das condutas da água em Lagos, à qual a firma de António Ramos concorreu e ganhou: «Foi o que salvou o ano e a Câmara pagou. Nisso, podemos dar graças a Deus, ao Presidente e ao staff; os pagamentos estão em dia, não se pode dizer o contrário. Lá está, não houve favores de nada. Concorremos contra outra firma – de Portimão – e esta veio reclamar... Não tinha razão. A dor de cotovelo é muito grande», rematou.

António revelou que recentemente teve uma outra obra em Barão de S. João e tem ainda em mãos o projecto de remodelação do Intermarché de Budens. Além disso, a firma concorreu também a uma das mais recentes obras no concelho, na Avenida do Cabo Bojador, no valor de 700 mil euros, tendo até baixado o preço em 30 mil euros uma vez que, actualmente, «não há deslocações». Ainda assim, houve uma firma de São Bartolomeu de Messines «que fez menos 100 mil», segundo contou. «Às vezes, fazem-se obras só por prestígio. Não sei se a Câmara vai adjudicar ou não. Estamos aqui em Lagos e temos o equipamento. Andamos só de um lado para o outro, como eu costumo dizer, no bricolage».

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Política e curiosidades

CL – E Política, nunca?

AR – Política, nunca. Mas houve convites. Só depois do 25 de Abril é que eu soube que havia a PIDE. Aquilo de que eu me livrei, da tropa, de ir para África. Só a seguir ao 25 de Abril é que tive consciência do que era a Política (...)

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O Rotary Club de Lagos

CL – E relativamente ao Rotary Clube de Lagos?

AR – Continuaremos a trabalhar. Costumo dizer que não sou presidente; fui em 2013, quando houve a convenção em Lisboa, que juntou 40 mil deputados. Daí para a frente, tenho sido Presidente, Secretário, Tesoureiro, mulher-a-dias... (risos).

CL – Acha que ter começado a trabalhar desde tão cedo para si e para os seus se traduziu na fundação do Rotary Clube de Lagos? Terá a vontade de ajudar outros sido fruto desse seu passado mais humilde?

AR – É um espírito de vida comum. No Rotary, a pessoa vem e sente-se bem. Não há Política, não há Futebol, não há críticas. É um lugar em que podem dar de si sem pensar em si. O lema é esse e é por isso que, a nível mundial, já são 1 milhão e 500 mil [rotários], sensivelmente. É a maior organização não-governamental (ONG).

CL – E além dos rotários, tem mais ligações ao Associativismo? Ou a outros clubes?

AR – Tive, no Esperança de Lagos. Levei a equipa Sénior de Futebol à 2.ª divisão pela primeira vez, numa carrinha Peugeot de sete lugares. Era sempre bom ver o pessoal de Lagos que estava a trabalhar em Lisboa e ia a Almada ver o jogo. O ponto de encontro era no Futebol.

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Reflexões sobre a pandemia de Covid-19

Actualmente, e porque as obras no concelho de Lagos não pararam, António e o seu staff continuam no terreno, com obras adjudicadas. Por outro lado, a Câmara Municipal de Lagos também pôs recentemente obras a concurso, como a da nova escola na Praia da Luz, que gerou para a empresa cerca de 40 mil euros.

Como mencionado anteriormente, a empresa de transportes de António Ramos saiu afectada devido à Covid-19. Apontou não haver ajudas e referiu que «o critério que os bancos arranjaram não chega, não é real» e que, perante a falta de apoio, a firma teve que optar por continuar a trabalhar. Quando questionado acerca de que restrições existem neste tipo de trabalho no âmbito da pandemia, António Ramos esclareceu que o problema está na mistura de pessoal e que tudo fazem para o evitar. Além disso, a equipa dispõe de máscaras e gel desinfectante para operar.

Por outro lado, enfatiza que a sua mulher continua com grande actividade, pois «abriu um restaurante na moradia» para a família, em tempo de confinamento.

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In: Edição Impressa do Jornal Correio de Lagos nº364 · FEVEREIRO 2021

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