"Menos Candidaturas, Menos Futuro" - Diminuição de inscritos ao Ensino Superior

A Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP) manifesta a sua preocupação relativamente aos atuais números de candidatos para o Ensino Superior no ano letivo 2025/2026.
Ao longo destes últimos dias, a FNAEESP tem vindo a acompanhar o número de candidaturas diárias à primeira fase do concurso nacional de acesso e ingresso no ensino superior público. Posto isto, os dados mais recentes da DGES revelam uma diminuição acentuada do número de candidatos, refletindo em menos 9046 (cerca de -15%) candidaturas comparativamente ao ano passado.
A FNAEESP reconhece que o decréscimo verificado no número de candidaturas ao Ensino Superior está fortemente associado a duas causas estruturais: por um lado, ao atual número de exames obrigatórios necessários para o ingresso ao ensino superior (a obrigatoriedade do exame de português); por outro lado, aos elevados custos de frequência, com destaque para as despesas de alojamento, alimentação e transportes, que se constituem como uma barreira ao acesso.
A estes fatores soma-se ainda a preocupação criada pelas afirmações do Ministro da Educação, que manifestou a intenção de descongelar o valor da propina, lançando um clima de incerteza e receio entre as famílias, que temem não conseguir suportar os custos inerentes à frequência de um estudante no ensino superior.
Perante este cenário, a FNAEESP considera imperativo que o Ministério da Educação, Ciência e Inovação reformule as políticas de acesso ao ensino superior, de forma a atrair novos públicos, incluindo gerações mais velhas e grupos economicamente desfavorecidos. É fundamental revogar a obrigatoriedade do exame de português, proporcionando uma maior flexibilidade aos candidatos na escolha das provas de ingresso adequadas aos seus perfis e aos cursos que se candidatam. É igualmente necessário tornar obrigatório a realização de exames apenas para efeitos de provas de ingresso, simplificando o processo e focando-o na avaliação das competências essenciais.
O acesso ao ensino superior não deve ser um privilégio reservado a poucos, mas um direito efetivamente garantido a todos os indivíduos com vontade e capacidade para aprender, pois o acesso é a chave que abre portas para a justiça social e o progresso do país. Cabe, por isso, ao Estado e às instituições assegurar políticas que promovam a igualdade de oportunidades e valorizem a formação científica, técnica e humanista de que Portugal precisa para crescer de forma equitativa e sustentável.