(Z1) 2024 - CM de Vila do Bispo - Festival do Perceve
(Z4) 2024 - CM Lagos - Agenda de Eventos

Nova descoberta encontra origem comum para as seis principais doenças psiquiátricas

Nova descoberta encontra origem comum para as seis principais doenças psiquiátricas

Uma investigação mundial, que conta com a participação de uma equipa da Escola de Medicina da Universidade do Minho, descobriu que há alterações do córtex, o tecido que constitui o cérebro, que são comuns às seis principais doenças psiquiátricas, e que acontecem logo no período pré-natal ou muito precocemente no desenvolvimento da pessoa.

O estudo analisou o cérebro de mais de 12.000 pessoas que sofrem de défice de atenção/hiperatividade, autismo, doença bipolar, perturbação depressiva, perturbação obsessivo-compulsiva e esquizofrenia.

“Com esta descoberta vamos conseguir compreender melhor como é que as doenças se estabelecem e como evoluem para podermos encontrar novas formas de as tratar. Até ao momento o que fazemos é tentar reduzir os sintomas de doenças completamente estabelecidas do ponto de vista cerebral, isto é, já vamos tarde para reparar as alterações cerebrais que começaram muito cedo e muito precocemente a acontecer”, explica Pedro Morgado, coordenador da equipa de investigação portuguesa, do ICVS da Escola de Medicina da Universidade do Minho.

E acrescenta: “Se for possível conhecer as alterações cerebrais é possível intervir mais cedo porque sabemos quem são as pessoas que têm potencial de adoecer. O nosso objetivo é um dia conseguirmos prevenir o aparecimento das principais doenças psiquiátricas porque identificamos as pessoas que têm essas alterações cerebrais e implementámos técnicas que as possam reverter ou que possam mitigar a sua expressão patológica, ou seja, que a doença se expresse”.

O trabalho publicado, esta semana, no JAMA Psychiatry analisou o funcionamento de 34 regiões cérebro tendo encontrado diferenças a nível da densidade cortical – as pessoas que sofrem das doenças psiquiátricas estudadas apresentam um córtex com menor densidade celular do que as pessoas sem doença. A diferença deve-se a um número mais reduzido de neurónios piramidais, células que são fundamentais para a comunicação entre diferentes regiões cerebrais e que estão envolvidas no processamento das informações dos sentidos, no controlo dos movimentos, na geração de emoções e nos processos de tomada de decisão.

Este estudo permitiu mapear cerebralmente as doenças, não só ao nível da região cerebral como um todo, mas também ao nível das caraterísticas das células de diferentes regiões cerebrais, e identificar interações entre os genes e as células. Através dessa análise complexa foi possível verificar que algumas das alterações cerebrais surgem muito precocemente enquanto outras acabam por se estabelecer ao longo do desenvolvimento por ação de fatores psicossociais. Pedro Morgado explica que isto significa que “embora a estrutura cerebral seja amplamente influenciada por fatores genéticos, a verdade é que essa estrutura não é rígida podendo ser modulada pelas experiências de vida”.

Esta investigação está integrada num consórcio mundial que envolve seis redes de investigação dedicada ao estudo do cérebro (ENIGMA). O artigo tem 299 autores de mais de 20 países. A equipa nacional conta com a participação de Pedro Morgado e Maria Pico-Perez, da Escola de Medicina da Universidade do Minho.

  • PARTILHAR   

Outros Artigos