Antes considerada uma doença rara, estima-se que o autismo afete hoje uma em cada 100 pessoas em todo o mundo. Nos EUA, 1 em cada 59 crianças é afetada por esta patologia, já encarada hoje como um conjunto de doenças: as perturbações do espectro do autismo.
“Nas últimas décadas, estudos de prevalência têm mostrado um aumento dos casos, por via de uma maior consciencialização de profissionais de saúde e familiares, bem como pelas alterações nos critérios de diagnóstico e diagnósticos em idades mais jovens”, afirma João Sousa, diretor de qualidade do laboratório de tecidos e células BebéVida.
“Contudo, e apesar de diagnósticos mais atempados, ainda há um caminho importante a percorrer no que respeita ao tratamento”, recorda o especialista, a propósito do Dia Mundial do Autismo, que se assinala a 2 de abril, mês que a comunidade internacional dedica em todo o mundo à consciencialização para esta doença.
Estudos já realizados nos EUA, com participação da investigadora e médica hematologista pediátrica Joanne Kurtzberg, provaram a viabilidade e segurança de transplantes autólogos de células estaminais provenientes do sangue do cordão umbilical em crianças com perturbações do espectro do autismo.
“Este é um ano de grande expectativa no que respeita às terapias celulares. Aguardamos os resultados do mais recente estudo da professora Joanne Kurtzberg e cremos que serão muito prometedores para o futuro do tratamento destas perturbações”, conclui João Sousa.
Joanne Kurtzberg integrou a equipa que realizou o primeiro transplante de células estaminais tendo como fonte o cordão umbilical, em 1988, e tem até hoje dedicado grande parte do seu trabalho à aplicação de células estaminais no tratamento de crianças com autismo e paralisia cerebral, tendo registado já resultados positivos.
A médica liderou equipas que realizaram infusões de células estaminais um pouco por todo o mundo, tendo tratado também crianças portuguesas que receberam transplantes autólogos no âmbito destas patologias.
As perturbações do espectro do autismo caraterizam-se por persistentes dificuldades na comunicação e interação sociais e também por padrões repetitivos no comportamento, atividades ou interesses.