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Quase. Quase um parlamento; quase um hospital

Quase. Quase um parlamento; quase um hospital

Artigo de Opinião de José Alberto Baptista

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...

Asa que se elançou, mas não voou..

(Mário Sá – Carneiro)

Assistimos, na última quinta-feira, ao debate na Assembleia da República sobre a petição de milhares de lacobrigenses para que a construção do novo Hospital de Lagos fosse, por fim, uma realidade.

Arrastada a decisão ao longo dos anos e dos governos, chegara o momento certo para que Lagos, em conjunto com os municípios das Terras do Infante, pudesse ser o lugar certo para um novo espaço de saúde pública.

Lagos, de antanhos pioneira, é agora uma Cidade aberta aos novos desafios da saúde. O seu confinado hospital já não responde às exigências sanitárias modernas. Urge, pois, encontrar o verdadeiro lugar do hospital de Lagos no contexto da saúde algarvia.

Os custos nacionais com o Covid 19 e o sucesso da zona ocidental do Algarve em conter o vírus é um bom termómetro para avaliar da justeza dos peticionários locais.

E contudo, nessa quinta – feira, se tudo não foi nada, tudo foi um “quase”…

Ouvimos, atentamente, a apresentação dos quatro projectos de Resolução.

E não deixámos de ouvir com interesse a defesa da petição pela deputada Joaquina Matos. Com a sua serenidade reconhecida, mesmo sem um texto empolgante, a deputada interpretou o sentimento de todos os lacobrigenses.

Nem a desabrida rábula do bedel do Chega diminuiu a essência da petição, como se viu pela sua votação.

As demais intervenções dos partidos não proponentes foram oscilantes e amorfas; foram um “quase de quase”. Foram o espelho daquilo em que se vão convertendo algumas das nossas representações político – partidárias.

Esses, não quiseram, como o fizeram os proponentes dos projectos de Resolução, relevar a iniciativa da Assembleia Municipal de Lagos; quiçá, desde há muito que os órgãos municipais são, para eles, pequenos bairros da periferia que não podem preocupar a grandeza da Assembleia da República. “chacun à sa place…”

E, por isso, se mostraram tão enfadados com a petição. Bastava olhar para o rosto dos seus intervenientes…

Mas, se essa prática seria de esperar em alguns partidos, já a “ausência” do PS no apoio aos seus deputados algarvios mereceria uma explicação.

Se é verdade que seis deputados mosqueteiros não fazem uma real guarda, também é verdade que os seis deputados do PS fizeram uma bela guarda de honra ao Hospital de Lagos. E será a memória destes deputados algarvios que perdurará, enquanto houver uma história sobre o Hospital de Lagos.

E, porém, um pouco mais de sol parlamentar, e o hospital de Lagos teria sido “brasa”; e um pouco mais de azul político e o hospital de Lagos teria ido “mais além”.

Infelizmente, na quinta-feira, ao Parlamento “faltou -lhe o golpe de asa”. Das frágeis votações, ficou a visão de uma petição cuja “asa … se elançou mas não voou...”

Ao governo cabe agora fazer que a construção do novo hospital de Lagos possa, tranquilamente, levantar voo.

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