Na passada edição impressa de Junho, o CL entrevistou Ilídio Dias, novo Presidente da Direcção da instituição lacobrigense NECI, no âmbito das mais recentes eleições internas.
A NECI – Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso realizou eleições para os órgãos sociais no passado dia 5 de Maio.
Com efeito, Eduarda Santos, fundadora e grande dinamizadora da instituição, depois de regressar para liderar mais uma vez a Direcção, terminou o mandato e deste modo abriu espaço para outra equipa directiva.
Ilídio Dias, de 66 anos de idade, professor aposentado, é agora o Presidente da Direcção. Com larga experiência na gestão no cargo de Director do Agrupamento de Escolas de Vila do Bispo, tem agora novo desafio pela frente e logo em contexto de pandemia. Trata-se de alguém que tem conhecimento da realidade da NECI, uma vez que a sua filha é técnica há anos nesta instituição.
De registar que integram os órgãos sociais, Júlio Barroso (Presidente da Assembleia-Geral), antigo Presidente da Câmara Municipal de Lagos e ex Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lagos, bem como Eduardo Andrade (Presidente do Conselho Fiscal), antigo Secretário da Assembleia Municipal de Lagos, ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lagos e actual Presidente da Cooperativa 30 de Junho.
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«Entendi que a NECI teria de caminhar em frente sem sobressaltos, e acedi, coisa que não me arrependo, abraçar e continuar o trabalho exemplar que os profissionais da NECI têm, ao logo dos 32 anos da sua existência, desenvolvido no âmbito das crianças e jovens portadores de deficiência»
Correio de Lagos – Que razões pesaram para aceitar este desafio de liderar os destinos da NECI?
Ilídio Dias – No início de Abril do presente ano, fui convidado pela Dra. Eduarda Santos para integrar a lista às eleições dos novos corpos sociais da NECI (Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso). Seria o candidato à presidência da direcção da instituição, convite que tentei de variadas formas declinar.
Quando a Dra. Eduarda Santos, bastante apreensiva, perguntou-me se não viria a ter desgosto se a NECI ficasse sem Direcção, e, por conseguinte, colocar em risco todo o trabalho desenvolvido, perdi a argumentação. Entendi que a NECI teria de caminhar em frente sem sobressaltos, e acedi, coisa que não me arrependo, abraçar e continuar o trabalho exemplar que os profissionais da NECI têm, ao logo dos 32 anos da sua existência, desenvolvido no âmbito das crianças e jovens portadores de deficiência. A NECI também possui um lar residencial que serve jovens e menos jovens.
Nas suas vertentes, desenvolve trabalho com os utentes, contemplando três respostas sociais, sendo elas:
a Intervenção Precoce (IPI) abrangendo crianças até aos seis anos; Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) e o Lar Residencial que desenvolve o trabalho com pessoas deficientes e deficientes profundos. Perante estas perspectivas, não consegui, de facto, não corresponder às expectativas que um grupo de pessoas depositou em mim.
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«O balanço que faço dos mandatos da Dra. Eduarda Santos que, em conjunto com alguns cidadãos, em que se integra o Professor José Manuel Campos, é exemplar»
CL – Presume-se que foi feito um diagnóstico da actual situação da instituição. Que balanço faz dos anteriores mandatos?
Ilídio Dias – O balanço que faço dos mandatos da Dra. Eduarda Santos que, em conjunto com alguns cidadãos, em que se integra o Professor José Manuel Campos, é exemplar. Relativamente aos mandatos de outras direcções, não conheço.
Quanto ao diagnóstico, teve pernas para andar, terá pernas para continuar. A NECI tem protocolos celebrados com as três Câmaras Municipais das Terras do Infante, com a Segurança Social, conta com verbas referentes a projectos de variadas medidas, e de entidades privadas com rúbricas sociais.
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«A grande aposta nos próximos quatro anos, passará inequivocamente pela construção do Lar Residencial 2 (...) cujos custos estão calculados em mais de um milhão e duzentos mil euros»
CL – Já tem um programa definido de acções e propostas para este novo ciclo?
Ilídio Dias – As acções e propostas encontram-se definidas e plasmadas nos Planos de Actividades das três respostas sociais que a NECI oferece. É evidente que, temos ideias para desenvolver respostas que ainda, neste momento, não existem, como por exemplo, a continuidade da Intervenção Precoce após os seis anos de idade. Os profissionais da NECI são mais-valia no crescimento da instituição no âmbito do trabalho social.
A grande aposta, nos próximos quatro anos, passará inequivocamente pela construção do Lar Residencial 2 que será edificado no terreno da NECI contíguo ao actual Lar Residencial 1, cujos custos estão calculados em mais de um milhão e duzentos mil euros. O Projecto de construção é da autoria do Arquitecto António Marques, faltando o parecer do programa PARES 3.0.
Quanto ao seu financiamento, estão assegurados quatrocentos mil euros, por parte da Fundação Dieter Morszeck, mediado pelo Senhor Cônsul Honorário da República Federal da Alemanha. Cerca de trezentos mil euros por parte das Câmaras Municipais das Terras do Infante, e, até oitocentos mil euros, por parte do programa PARES 3.0 após a respectiva aprovação por parte do citado programa.
CL – À semelhança de outras presidências, vai gerir a tempo inteiro e com remuneração?
Ilídio Dias – A Dra. Eduarda Santos não foi remunerada. No que me diz respeito, passarei na NECI o tempo possível. No entanto, entendo que, pessoalmente e de acordo com as minhas convicções, no que se refere à Missão da NECI, o meu desempenho é uma responsabilidade sentimental.
CL – Considera que a NECI deveria ter mais apoios das entidades públicas e também de particulares?
Ilídio Dias – A NECI desenvolve um serviço social público sem fins lucrativos. Assim, a par dos gastos, teremos que frequentemente pensar em receitas, pelo que, nunca serão demais os apoios financeiros ou equiparados. Esta instituição desenvolve os seus serviços através de projectos de desenvolvimento às três respostas sociais e melhoria de condições de trabalho. Por exemplo, desejamos melhorar e ampliar as instalações administrativas por serem exíguas, por isso, será necessário obter os necessários apoios, e estes, terão de vir tanto das entidades públicas como privadas.
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In: Edição Impressa do Jornal Correio de Lagos nº368 · JUNHO 2021