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Margarida Maurício: Representante do PAN na Assembleia Municipal de Lagos

Margarida Maurício: Representante do PAN na Assembleia Municipal de Lagos

No seguimento da rubrica "Conheça os políticos da nossa praça", a edição impressa de Junho do CL deu a conhecer Margarida Maurício, representante do partido PAN – Pessoas, Animais e Natureza na Assembleia Municipal de Lagos.

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Quem é Margarida Maurício?

Margarida Maurício Correia, nascida em Lisboa a 19 de Junho de 1957, veio para Lagos há 45 anos com os seus pais e irmãos. O pai veio montar e gerir uma fábrica de um amigo de África, nos arredores de Lagos. Acabou a montagem com sucesso, deu formação aos funcionários, pôs a fábrica a laborar e voltou para Lisboa.

O resto da família ficou por Lagos, porque era um clima recomendado pelo médico ao irmão mais novo, que tinha asma, e ao qual o “ar” da Meia Praia fazia bem.

Habilitações académicas: Licenciatura em Assessoria de Administração, na Universidade do Algarve; CAP – formação de formadores; Curso de animadores em campo de férias (ferramentas para o desenvolvimento das acções de educação ambiental, na campanha Bandeira Azul); Especialização em Igualdade de Género e violência doméstica; Curso Técnico de Museologia.

Percurso profissional: Sente-se privilegiada porque no início dos anos oitenta iniciou a sua carreira de locutora/jornalista/repórter na primeira rádio pirata em Lagos, a Rádio Barlavento Algarve, no Valverde, pela mão de Mário Clemente no programa “cocktail de gambas”. Era um programa matinal onde se dava oportunidade aos ouvintes, por telefone, e em directo, de exporem as suas críticas sobre a política local. Um programa sempre muito ouvido e integralmente do agrado da população, onde eram abordados os assuntos locais. Só o poder político da altura não apreciava o programa, pois falavam de tudo o que a população achava que estava menos bem ou muito mal. Essencialmente, era a voz dos lacobrigenses.

Depois da legalização das rádios locais continuou a trabalhar em rádio por mais 10 anos, na qualidade de locutora e jornalista/repórter.

Entrou na função pública em 1994, como Técnica Profissional de Ambiente, para desenvolver e acompanhar as acções de educação ambiental da campanha da Bandeira Azul nas praias de Lagos.

Tinha a coordenação do grupo de jovens monitores do IPJ – Instituto Português da Juventude, que desenvolvia jogos de educação ambiental para crianças e jovens, nas praias de Lagos, em meses de férias de Verão. Esteve mais de 10 anos sem férias no período estival. Por questões de saúde e doença crónica, foi aconselhada pelos médicos a evitar a exposição solar e a abrandar o ritmo de trabalho.

Esteve responsável pelas desinfestações do concelho desde 1996 até 2019. Em simultâneo, assessorou o Gabinete Veterinário Municipal, de onde saiu em 2017, por coincidência, no ano que foi candidata pelo PAN – Pessoas Animais e Natureza às autárquicas.

Desenvolveu, nas escolas e nos infantários do concelho, a campanha de sensibilização para o bem-estar animal "Amar é Cuidar".

Em 2019, foi transferida para o Centro de Documentação Municipal e, em Março de 2021, para o Fórum dos Descobrimentos, nos antigos Paços do Concelho de Lagos, onde se encontra actualmente.

Trajecto político: Desde que se conhece que é uma lutadora pelos direitos de todos os seres, incluindo a natureza. Filiada no PAN, há alguns anos, porque se revê nos seus ideais. Eleita pelos lacobrigenses em 2017 deputada municipal do PAN na Assembleia Municipal de Lagos, onde é líder de bancada.

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«Identifico-me com o PAN desde que apareceu há 10 anos, porque defendemos as mesmas causas. (...) Sempre me preocupei com as causas ambientais e com o bem-estar de todos os animais»

Correio de Lagos – Quando começou a despertar essa “veia política” e como surgiu o PAN nesta nova faceta?

Margarida Maurício – Identifico-me com o PAN desde que apareceu há 10 anos, porque defendemos as mesmas causas. Desde que me conheço, sempre me preocupei com as causas ambientais e com o bem-estar de todos os animais.

A injustiça na sociedade presente também me preocupa, especialmente a falta de inclusão social, a habitação, o direito à saúde, educação que como sabemos, são direitos de todos e muito ignorados. Surgiu o convite do PAN para ser candidata e não hesitei porque é a única forma de lutar pelos meus ideias de conquistarmos uma sociedade mais justa.

CL – Em 2017, Margarida Maurício foi cabeça-de-lista aos três órgãos autárquicos, tendo sido eleita para a Assembleia Municipal. Tinha expectativas mais elevadas ou considera que já foi um bom resultado ter assento na Assembleia Municipal?

MM – Na verdade, fui candidata pelo PAN aos 3 órgãos autárquicos, e fiz história. Fui a única pessoa, até hoje, a concorrer a todos os órgãos lacobrigenses. A primeira, e serei a única, porque, entretanto, a legislação foi alterada e actualmente não é possível. Orgulho-me por ter o meu nome associado ao PAN, na política local, regional e nacional.

Como é do conhecimento de todos, foi a primeira vez que o PAN foi candidato a um cargo político em lagos, e aproveito a oportunidade para agradecer a todos os eleitores que me deram um voto de confiança e votaram PAN. Votaram porque têm em comum as nossas causas e acreditam no nosso trabalho político: causa ambiental, causa humana e causa animal.

CL – Nas próximas eleições, a Margarida só pode concorrer a um órgão autárquico. Já decidiu e pode desvendar quais são os objectivos do PAN?

MM – A legislação mudou e talvez me candidate a apenas um órgão local. De momento, não vou levantar o véu, a seu tempo e será divulgado.

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«Embora com apenas uma deputada, levámos à Assembleia Municipal, várias propostas de mudança, porém, a maioria foi reprovada. Como sou teimosa, persistente e lutadora, vamos à luta para termos um mundo melhor»

CL – Que balanço faz desta sua primeira experiência e também da acção desenvolvida pelo seu partido na Assembleia Municipal?

MM – A minha eleição foi uma vitória para um partido que nunca se havia candidatado a qualquer órgão autárquico no concelho de Lagos.

As pessoas querem mudança de paradigma. Querem uma sociedade mais justa e inclusiva. Estão em sintonia com os valores que o PAN defende.
O início do mandato, em 2017, para mim, foi igualmente o princípio de uma grande experiência no mundo político que é pouco fácil para um partido ainda pequeno e está sempre em observação pelos mais experientes da nossa política local.

Embora com apenas uma deputada, levámos à Assembleia Municipal, várias propostas de mudança, porém, a maioria foi reprovada. Como sou teimosa, persistente e lutadora, vamos à luta para termos um mundo melhor.

A proposta de transferir as reuniões públicas para um espaço adequado sem barreiras de acessibilidade, dado que a sala de reuniões da Assembleia Municipal não tem acesso a pessoas com mobilidade reduzida – rejeitada.
A proposta de alteração do Regulamento Municipal de Apascentamento de Equídeos para verificação das condições higio-sanitárias destes animais quando transitam pelas estradas a puxar as carroças – rejeitada.
A proposta para fim do abate indiscriminado de árvores – foi rejeitada.
A proposta para que a falta ao trabalho para assistência a animal de companhia fosse justificada – rejeitada.
A proposta pela racionalização do papel e pela utilização do papel reciclado – rejeitada.
A proposta para promover doces veganos – sugerimos a inclusão no concurso local “Arte Doce” – rejeitada.
A proposta para a criação do Provedor do Animal – rejeitada.
A criação do Regulamento do Bem-Estar Animal – aprovada em Junho de 2020 (e até hoje a Câmara não o criou).
A proposta pela garantia do direito de voto de pessoas com deficiência – aprovada.

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«O PAN tem uma posição divergente com a gestão socialista em termos de definição de acções prioritárias a desenvolver no concelho de Lagos»

CL – Como analisa a gestão socialista em Lagos?

MM – O PAN tem uma posição divergente com a gestão socialista em termos de definição de acções prioritárias a desenvolver no concelho de Lagos.

Em termos de desenvolvimento sustentável, nomeadamente no que diz respeito às políticas urbanísticas (investe-se no betão). Não existem políticas de gestão de recursos hídricos.

Faltam espaços verdes e de lazer para a população. Relativamente à mobilidade no concelho, continua com obstáculos para pessoas com mobilidade reduzida.

Discordamos do abate de árvores como solução para todos os problemas, a falta de manutenção nos espaços ajardinados municipais e a incorrecta escolha das plantas é gritante.

Assistimos a podas feitas em plena época de nidificação das aves, a destruição impune dos ninhos quer de cegonhas, quer de outras aves sem respeito pela natureza.

A política de apoio à habitação condigna, e falta de investimento na habitação social – precisamos de soluções urgentes e não de projectos para daqui a 10 anos; políticas de protecção ambiental e animal... E continuamos à espera do Regulamento de Bem-Estar animal.

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«Lagos tem que alterar o paradigma actual do turismo (...) e trabalhar no sentido de atrair turistas durante todo o ano, (...) não ficar a marcar passo num turismo sazonal sem valia para o crescimento económico do concelho»

CL – Que propostas defende para potenciar o município lacobrigense?

MM – Aprendemos com as adversidades – a pandemia obriga a repensar a política local.

Lagos tem que alterar o paradigma actual do turismo (a nossa economia) e trabalhar no sentido de atrair turistas durante todo o ano, aproveitando as paisagens, os monumentos, o clima, a gastronomia, e não ficar a marcar passo num turismo sazonal sem valia para o crescimento económico do concelho.

Temos que repensar a política urbanística e incluir espaços verdes, desenvolver estruturas de apoio às pessoas idosas e às mais carenciadas, desde o direito à habitação condigna ao apoio em casos de carência económica.
Colocar na agenda política o apoio social a quem tem animais de estimação, promovendo sensibilização dos detentores de animais, incluindo os equídeos.

CL – Como observa a eleição da nova Presidente do PAN?

MM – À nossa nova líder recém-eleita, Inês Sousa Real, jurista, reconheço qualidades de trabalho, liderança e persistência na defesa e luta pelas causas PAN. Certamente que vai continuar o trabalho do PAN, criando e desenvolvendo opções legislativas para defesa dos animais.

Sem dúvida que o trabalho desenvolvido pelo André Silva não foi fácil no início, mas com o seu discurso político, a sua assertividade e irreverência, tornou-se um marco na história do PAN.

Durante 10 anos foi o rosto do PAN e de todos os defensores dos animais. Trouxe para discussão pública temas que nunca alguém ousou abordar no Parlamento. Foi com ele que os animais deixaram de ser coisas e passaram a ter direitos reconhecidos. Obrigada, André, e bem vinda, Inês.

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«Peço aos lacobrigenses que continuem a ter os cuidados de saúde necessários e que não fiquem em casa no dia das eleições»

CL – Como tem vivido esta pandemia e que mensagem pretende deixar ao povo de Lagos?

MM – Pessoalmente, cumpro com rigor as recomendações da Direcção-Geral de Saúde (DGS): uso de máscara, o distanciamento e socializar em grupos pequenos.

Esta pandemia resultou em crise sanitária, que afecta muito toda a nossa economia com as consequências conhecidas. Veio pôr a nu as fragilidades da nossa sociedade, incluindo as pessoas idosas, que são esquecidas por todos. Isto tem que mudar.

Peço aos lacobrigenses que continuem a ter os cuidados de saúde necessários e que não fiquem em casa no dia das eleições. Se querem mudança têm que mostrar a sua vontade nas urnas. Nós continuaremos a lutar pelos ideais que nos movem, a defesa das Pessoas, dos Animais e da Natureza.

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Curiosidades e respostas rápidas

Prato favorito – Cogumelos salteados e risoto de cogumelos com queijo vegano.
Bebida predileta – «Água é a melhor bebida com que podemos presentear o nosso corpo».
Destino de férias – «Sinto as férias como uma oportunidade para conhecer o mundo com todas as diferenças de cultura. Muito interessante como seres humanos, termos uma tão grande diversidade de culturas».
Clube do coração – Benfica.
Livro marcante – «"O Principezinho", de Saint Exupéry, é um livro que me acompanha desde menina. Aprendi muito com esta história e de vez em quando vou ler para recordar».
Filme memorável – "Lassie".
Música no ouvido – «Gosto de música portuguesa e particularmente de António Zambujo».
Cor de eleição – Amarelo.
Referências políticas – Madiba (Nelson Mandela).

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In: Edição Impressa do Jornal Correio de Lagos nº368 · JUNHO 2021

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