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Hugo Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Lagos: Balanço do período de gestão à frente dos destinos de Lagos, a caminho das Autárquicas 2021

Hugo Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Lagos: Balanço do período de gestão à frente dos destinos de Lagos, a caminho das Autárquicas 2021

Na passada edição impressa de Março, o nosso jornal colocou algumas questões ao Presidente da Autarquia lacobrigense, Hugo Pereira, nomeadamente no que toca à pandemia e sua gestão, planos futuros para o concelho, Eleições Autárquicas, entre outros.

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«Não obstante todas as adversidades que a pandemia veio trazer, não abdicámos, em momento algum, de continuar, com seriedade e empenho, o trabalho para o qual fomos eleitos», afirmou o autarca em Entrevista Exclusiva ao CL.

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Quem é Hugo Pereira?

Hugo Miguel Marreiros Henriques Pereira, nascido a 1976, em Lisboa, mas é lacobrigense e residente na Cidade dos Descobrimentos. É licenciado em Economia, Pós-Graduado em Finanças e Membro da Ordem dos Economistas e da Ordem dos Contabilistas Certificados. Tem um filho.

Percurso Profissional: Exerceu funções nas áreas de Economia e Gestão desde 1999, passando por PME’s, Multinacionais e sector Público. Foi também Director Financeiro no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, acumulando com a Docência na Universidade do Algarve, Técnico Oficial de Contas na Santa Casa da Misericórdia de Lagos e Empresário.

Trajecto Político: Membro da Assembleia Municipal de Lagos entre 2001 e 2013 e membro da Assembleia Intermunicipal do Algarve entre 2005 e 2013; Vice-presidente da Câmara Municipal de Lagos no mandato 2013-2017; Vice-presidente da Câmara Municipal de Lagos no mandato 2017-2021; Presidente interino da Câmara Municipal de Lagos (no período compreendido entre 23/8/2019 e 6/10/2019); Presidente da Câmara Municipal de Lagos a partir de 25/10/2019.

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Correio de Lagos – Enquanto Vice-Presidente, já era tido como o “estratega” da área Económica e Financeira na recuperação da Câmara Municipal de Lagos. Sente que contribuiu decisivamente para a gestão da Autarquia, liderada por Maria Joaquina Matos?
Hugo Pereira –
Sim, enquanto vereador com competências na área e mediante um trabalho de equipa articulado com o restante executivo e com o quadro técnico municipal, que aceitou sem relutância imprimir alterações diversas no método de gestão que vigorava até à altura.

CL – Consumada a nova etapa da antiga Presidente da Autarquia, eleita deputada da Assembleia da República, como encarou a responsabilidade de assumir os destinos do Município?
HP –
Encarei com o grau de responsabilidade que a função exige e, em conjunto com o restante Executivo, continuámos a fazer cumprir o programa eleitoral que o Partido Socialista assumiu para 2017/2021. Não obstante todas as adversidades que a pandemia veio trazer, não abdicámos, em momento algum, de continuar, com seriedade e empenho, o trabalho para o qual fomos eleitos, acrescido de todo o esforço que o combate à pandemia veio trazer.

CL – Na sua visão, o que é para si um bom Presidente? E nesse âmbito, o que o distingue de outros autarcas?
HP –
É aquele que cumpre o que promete, sério, humano, rigoroso e competente.

CL – Neste período em que exerce o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Lagos, quais as principais medidas que tomou, desde logo, face à pandemia, mas também em relação a obras realizadas e em curso?
HP –
Após três meses de mandato, fomos surpreendidos pela pandemia e o seu impacto na população, quer a nível da Saúde Pública, quer a nível económico-social e, perante o cenário que se instalou, investiu-se fortemente na implementação de medidas de modo a acautelar o menor número possível de infectados por Covid e garantir que ninguém ficasse para trás. Criámos zonas de testagem, distribuímos EPIs [Equipamentos de Protecção Individual] à população, reforçámos a distribuição de cabazes alimentares e outros apoios sociais, reduzimos a facturação da água, distribuímos equipamentos informáticos à comunidade escolar, reforçámos apoios no âmbito do associativismo cultural e desportivo, apoiámos os artistas locais, nomeadamente através do “Música em casa com…”, isentámos rendas e ocupações de via pública, restringimos acessos… De forma mais genérica, criámos o Lagos Apoia – Programa de Apoio às famílias e Economia local. Em relação às obras, perante um conjunto muito significativo de obras com início previsto em pleno período de pandemia, tentámos dar continuidade às mesmas de forma a garantir que necessidades básicas dos Lacobrigenses e de todos os que nos visitam, são repostas com a maior brevidade possível. Demos sequência, a título de exemplo, a obras tão importantes como a requalificação da estrada da Luz, da estrada da Meia-Praia, a ampliação do parque habitacional municipal, a nova escola da Luz, entre outras.

CL – Que propostas relevantes estão previstas para 2021?
HP –
O ano de 2021 dará lugar à conclusão de uma série de obras relevantes que iniciamos ainda no ano anterior, como o Cemitério de Bensafrim, a Escola e Estrada da Luz, a reabilitação do Museu Dr. José Formosinho, entre outras e, ao mesmo tempo marcará o início de uma série de projectos que já estavam em fase de preparação há algum tempo e chegam agora à fase final de implementação. A título de exemplo, a ampliação do Museu Municipal, a 2.ª fase da requalificação da Ponta da Piedade, a reabilitação do Mercado e da Escola de Odiáxere, a construção de fogos municipais em Bensafrim, Sargaçal e na área da denominada Chesgal, a reabilitação do Complexo Desportivo de Bensafrim e da Casa do Guarda, em Barão, o Polidesportivo de Espiche, o Polivalente da Porta da Vila (Campinhos), o Polidesportivo junto do Hospital de São Gonçalo, a reabilitação e ampliação da rede de água e esgotos, a requalificação das rotundas do concelho e a construção da variante de Odiáxere, os Passadiços da Meia-Praia, o Museu agrário de Odiáxere, a Ecovia e Ciclovia…

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«É expectável que [a Polícia Municipal de Lagos] iniciem as suas funções em pleno em meados de Abril/ Maio, garantindo por um lado, um sentimento de segurança acrescido na população e, por outro garantindo sobretudo, o cumprimento dos regulamentos municipais e o bom uso dos nossos espaços públicos»

CL – Para quando teremos em actividade a tão proclamada Polícia Municipal e que mais-valias trará ao Município?
HP –
O primeiro grupo de doze agentes da Polícia Municipal de Lagos está agora a entrar na última fase de formação e é expectável que iniciem as suas funções em pleno em meados de Abril/Maio, garantindo por um lado, um sentimento de segurança acrescido na população e, por outro garantindo sobretudo, o cumprimento dos regulamentos municipais e o bom uso dos nossos espaços públicos.

CL – Haverá ainda este ano reorganização/remodelação dos Serviços Municipais?
HP –
Sim, é um processo que, por força da pandemia, foi adiado, mas ao longo deste ano será concluído.

CL – Já está decidido se o antigo Ciclo Preparatório de S. João vai dar lugar a um novo estabelecimento de ensino? Ou está na calha outro projecto distinto?
HP –
Não, não há ainda uma decisão final. Está no momento a decorrer um processo de avaliação da necessidade de ampliação das E.B. 2/3 e, caso se conclua que não há necessidade ou viabilidade da utilização do espaço para esse fim, ficará então o mesmo disponível para a implementação de um espaço multiusos, sem esquecer a componente “verde” na sua envolvente.

CL – A relocação dos vendedores ambulantes na admirável Avenida dos Descobrimentos é outra preocupação e até motivo de revolta para muita gente. É para continuar?
HP –
Em 2014, na sequência de um protocolo estabelecido entre o Município e a Docapesca, houve uma transferência da venda ambulante, que até então se encontrava, de forma pouco coerente, dispersa pelas principais ruas e praças da nossa cidade, para o calçadão da Avenida dos Descobrimentos. Esta situação veio permitir um maior ordenamento do denominado centro histórico e ao mesmo tempo veio concentrar numa área específica a denominada venda ambulante. A situação é alvo de avaliação regular e naturalmente, não tem um carácter definitivo, aliás, à data estão a ser monitorizados diversos parâmetros da vida da Avenida dos Descobrimentos que num futuro próximo nos levarão a um estudo global de toda a área e que virá legitimar uma requalificação de todo o espaço, nas mais variadas vertentes.

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«Estão a ser preparadas intervenções ao nível do Jardim da Constituição e da própria Praça do Infante, para minimizar alguns desajustes.»

CL – A Praça do Infante e as intervenções na Frente Ribeirinha continuam a dividir os lacobrigenses. Concordou com tal alteração sob a égide de Júlio Barroso?
HP –
A Praça do Infante apresenta-se hoje, contrariamente ao passado, como um local de maior impacto, em forte comunhão com o mar, elemento que é parte determinante da nossa história e da nossa identidade. Estão a ser preparadas intervenções ao nível do Jardim da Constituição e da própria Praça do Infante, para minimizar alguns desajustes. Quando avançarmos para o estudo global da Avenida dos Descobrimentos esta zona será também ela englobada.

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«Um Parque de Exposições e Feiras continua a ser um dos nossos projectos em carteira, mas por vicissitudes várias, a sua concretização tem vindo a ser dilatada no tempo»

CL – Já agora, para quando o tão prometido Parque de Exposições e Feiras, desde 2001 – pelos sucessivos executivos do PS –, considerando ainda que o Parque das Freiras continua à espera de melhores dias?
HP –
Um Parque de Exposições e Feiras continua a ser um dos nossos projectos em carteira, mas por vicissitudes várias, a sua concretização tem vindo a ser dilatada no tempo.

CL – Tem convivido bem com as restantes forças políticas na oposição, tanto no executivo municipal como na Assembleia Municipal?
HP –
Sim, sem qualquer razão de queixa. Os assuntos são debatidos nos diferentes pontos de vista e no final ganha a democracia.

CL – A Covid-19 veio, naturalmente, complicar as contas da Autarquia, implicando menos receitas e mais despesas. A Câmara Municipal de Lagos continua com boa saúde financeira?
HP –
A Covid-19 veio obrigar a um esforço acrescido, mas apesar do impacto não virá pôr em questão a saúde financeira do Município. Dada a nossa situação financeira anterior, será possível continuar a garantir os meios necessários no combate à pandemia e assegurar que ninguém ficará para trás.

CL – Que balanço faz da evolução da Covid-19 em Lagos e o que tem a comentar sobre o caso mediático do surto que aconteceu em Odiáxere?
HP –
Os números da Covid no Algarve demonstraram que a região fez o seu trabalho e colocou todos os seus recursos, técnicos e humanos, à disposição do combate à pandemia, o que conjugado com um comportamento pró-activo e responsável da população, com excepção do período de Natal/Ano Novo, veio possibilitar que nos tenhamos, em números médios da região, destacado favoravelmente do restante país. Em relação ao surto de Odiáxere, tratou-se de uma festa ilegal, que não deveria ter acontecido, mas que não serviu de exemplo para o resto do país, apesar das consequências graves desta e de outras de igual cariz que se multiplicaram por Portugal inteiro.

CL – Há quem esteja em desacordo face às posições tomadas pelo governo socialista e a comunicação da Direcção-geral da Saúde no combate à pandemia. Qual a sua opinião?
HP –
Todos somos livres de ter a nossa opinião. É sempre mais fácil criticar do que tomar medidas e perante um cenário de pandemia como o que vivemos, em que as informações estão em constante mudança e actualização é sempre mais fácil criticar do que combater. Criticar ao dia de hoje as medidas preconizadas no Natal, por exemplo, faz-me lembrar o ditado “Depois de casa roubada, trancas à porta”. Inquestionavelmente, na altura, as medidas de confinamento foram demasiado leves perante os resultados que se vieram a verificar, mas foram em consonância com o desejo e necessidade do “evento” Natal.

CL – O Algarve foi severamente afectado pela pandemia e Lagos não escapou ao surto. O Estado está a prestar os devidos apoios?
HP –
O Algarve, pelas particularidades da sua economia, não está a passar um bom momento, mas esperamos conseguir virar a página. O Estado, através do Ministério da Economia e Segurança Social, lançou várias medidas de apoio individual e empresarial e continua a apresentar novos pacotes. No momento, o que se quer com a maior brevidade e com garantia de total segurança e cumprimento de todas as normas, é voltar ao trabalho em pleno. Neste contexto, estamos a concluir um Plano de Apoio Económico para o concelho, o que certamente poderá ajudar os empresários na retoma que todos desejam.

CL – O povo português foi chamado às urnas recentemente para eleger o novo Presidente da República. Sabendo que o voto é secreto, é possível conhecer se o socialista Hugo Pereira votou na militante do PS, Ana Gomes, ou se apostou na renovação de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que, pela primeira vez, o partido socialista não apoiou declaradamente uma candidatura?
HP –
O voto é secreto, mas o socialista Hugo Pereira considerou que Marcelo Rebelo de Sousa, pelo trabalho desenvolvido, merecia a sua confiança e apoiou e votou em Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República. Isto, independentemente da qualidade e da valia da candidata Ana Gomes.

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CL – Continuando na senda de eleições, após a Comissão Política do PS Lagos ter decidido que Hugo Pereira é o candidato à Presidência da Câmara Municipal de Lagos, já decidiu ir a votos nas próximas Autárquicas? Já escolheu a nova equipa?
HP –
Sim, a Comissão Política do Partido Socialista já escolheu o cabeça-de-lista à Câmara Municipal de Lagos – Hugo Pereira – e irá, durante o mês de Março, reunir para decidir os restantes cabeça de lista aos órgãos do concelho. Quanto à equipa que me acompanhará nestas Autárquicas, caberá a mim, enquanto cabeça-de-lista, em coordenação com o secretariado, proceder à sua escolha.

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«Não descartamos quaisquer hipóteses, desde que as mesmas tragam a qualidade que as Terras do Infante merece, contudo, a prioridade será a construção de um novo hospital e para esse fim temos, desde já, o compromisso de ajuda financeira das Terras do Infante»

CL – Acha viável que a solução da relocalização do Hospital de Lagos possa ser o actual Hospital São Gonçalo de Lagos?
HP –
Como reforço da nossa aposta na Economia da Saúde e do Bem-estar, Lagos está a preparar um Plano Estratégico de Saúde e Bem-estar, em colaboração com a Escola Nacional de Saúde Pública. Um dos objectivos deste plano é viabilizar, de forma estruturada e rigorosamente fundamentada, uma exigência premente, junto do Governo, que passa por um novo Hospital, que sirva de forma digna as populações das Terras do Infante. No decorrer das reuniões que temos tido com a administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve com o intuito de se avaliar o estado do Hospital de Lagos e quais as alternativas viáveis à sua dignificação, a relocalização do mesmo para o Hospital de São Gonçalo foi uma possibilidade abordada. Não descartamos quaisquer hipóteses, desde que as mesmas tragam a qualidade que as Terras do Infante merece, contudo, a prioridade será a construção de um novo hospital e para esse fim temos, desde já, o compromisso de ajuda financeira das Terras do Infante.

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«É inegável o papel de destaque que as mulheres assumem na nossa sociedade e a competência que demonstram»

CL – Como observa o crescimento dos rostos femininos em cargos de liderança na sociedade portuguesa?
HP –
Como sociedade justa e equitativa, devemos caminhar para a valorização do género com base nas competências de cada um, e não numa imposição legal. O processo deve ser natural, resultante das competências pessoais, do seu esforço e dedicação. É inegável o papel de destaque que as mulheres assumem na nossa sociedade e a competência que demonstram.

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«Saúdo a resiliência da nossa comunidade, e de todas as entidades que garantem o nossa bem-estar e segurança, e, com esperança renovada, formulo votos de que todos juntos, vigilantes, activos e responsáveis, rapidamente ultrapassemos este período tão desafiante»

CL – Pretende deixar alguma mensagem especial aos lacobrigenses?
HP –
Quero deixar a todos uma mensagem de esperança e resiliência. Só o empenho, rigor e firmeza de todos nós acabará por debelar a pandemia que se instalou nas nossas vidas, e nesta fase de desconfinamento gradual, que se inicia agora, apelo, mais do que nunca, ao rigoroso cumprimento de todas as normas de segurança para que possamos garantir o retorno consistente de alguma normalidade às nossas vidas. Saúdo a resiliência da nossa comunidade e de todas as entidades que garantem o nosso bem-estar e segurança, e, com esperança renovada, formulo votos de que todos juntos, vigilantes, activos e responsáveis, rapidamente ultrapassemos este período tão desafiante.

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Perguntas rápidas

Pratos favoritos – Peixe grelhado.
Livros marcantes – Todos os relacionados com Economia.
Filmes memoráveis – Braveheart.
Destinos de Férias – América do Sul.
Músicas preferidas – Caetano Veloso.
Clube do coração – Sporting.
Políticos de referência – António Guterres.

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In: Edição Impressa do Jornal Correio de Lagos nº365 · MARÇO 2021

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