«Se as pessoas tiverem cuidado, nomeadamente, em lavar as mãos, penso que iremos deixar de falar de Covid dentro de algum tempo», antevê, em entrevista ao Correio de Lagos, António Manuel Correia dos Santos, de 64 anos e enfermeiro há 40, sublinhando que, neste momento, «a máscara é a maior protecção que nós temos» e «lavar as mãos salva vidas».
Já reformado, trabalhou em Angola durante três anos, onde ajudou a formar mais de trezentos enfermeiros daquele país, e desde Junho de 2019 presta assistência no lar de idosos Rainha D. Leonor, em Lagos, pertencente à Santa Casa da Misericórdia. «É um desafio interessante, giríssimo (…) um mundo completamente diferente», destaca, fascinado com esta nova experiência, aproveitando para deixar alguns recados.
Correio de Lagos – Foi enfermeiro, tendo assumido cargos de chefia, durante vários anos no Algarve e depois emigrou para Angola. Como decorreu essa experiência em África e porque aceitou o desafio?
António Santos – A experiência em Angola foi espectacular. Foi, de facto, um desafio muito grande, pois fui dar formação a profissionais de saúde, que já eram enfermeiros, sobre a instrumentação cirúrgica. No fundo, foi isso que me levou a ir para Luanda, no ano de 2014, na sequência de vários contactos, trabalhar para a Clínica Multiperfil, onde existe um polo de formação. Qual era a função? Formar enfermeiros de toda a Angola. Eles tinham uma bolsa de enfermeiros, escolhiam os profissionais que, depois, eram formados por nós em termos de instrumentação. O curso teve a duração de dois anos. E depois, fiz várias áreas de formação dentro da própria enfermagem. Na altura, éramos sete enfermeiros de Portugal, três do Algarve, neste caso eu e dois colegas, no início. Mais tarde, juntou-se a este grupo uma colega proveniente do Algarve.
CL – E como foi a aceitação dos enfermeiros angolanos à formação dada pelos portugueses nesse curso?
AS – A aceitação deles foi muito boa, porque viram que nesta formação havia coisas completamente diferentes na forma como nós abordamos o utente dos serviços de saúde, como é que trabalhamos com ele, como é que nós vamos ao encontro da própria família. Porque a família nunca pode estar desassociada do doente, o que é extremamente importante para a sua reabilitação. Os enfermeiros angolanos sentiram que nós éramos uma mais-valia para eles, porque o nosso ‘know-how’ é muito importante. Começámos por tentar ensinar-lhes coisas simples, que se podem fazer melhor. Por exemplo, há uma coisa de que agora se fala muito, que é a lavagem das mãos. Em Angola, a lavagem das mãos é umas das situações que eles já fazem muito e há bastante tempo. E nós, nesta formação, até criámos a certa altura, na escola, um dia, dentro de um determinado tipo de tema, que era ‘Lave as mãos, salve as vidas’.
CL – Com água e sabão, desinfectante?
AS – Com água e sabão. Nós temos é de lavar as mãos sempre muitas vezes. Depois de qualquer procedimento, descalça-se as luvas e lava-se as mãos. Nem que tenhamos de lavar as mãos dez, quinze, vinte vezes durante um dia.
CL – Onde se realizou essa formação?
AS – Dentro da própria clínica, pois tinha condições para tal. É evidente que, depois, vínhamos para o exterior, para espaços onde também fazíamos alguma formação. Havia enfermeiros, vindos de fora, que iam fazer formação à clínica, ao nível de um determinado tipo de actividade. Por exemplo, uma das coisas muitas giras que fiz lá durante os anos em que estive em Luanda, foi a imobilização às ligaduras. Para que serve a ligadura e como fazemos as imobilizações, vários tipos de procedimentos. E tínhamos muita afluência a esse nível. São coisas que não sendo novas, deve fazer-se corretamente como era o caso.
CL – Os enfermeiros angolanos desconheciam isso?
AS – Eles sabiam. Mas não sabiam tecnicamente qual o procedimento que deviam fazer. Não faziam de forma correta a técnica como deve ser feita.
«No total, formámos mais de trezentos enfermeiros de toda a Angola. O que eles aprenderam connosco foram novas técnicas, a abordagem ao doente, entrar numa cirurgia, por exemplo. (...) Eu tinha a missão de transmitir conhecimentos para preparar um enfermeiro para ser instrumentista. No fundo, o instrumentista é o pioneiro de uma intervenção cirúrgica. E porquê? Porque ele tem de saber os passos que o cirurgião vai dar, mediante aquele tipo de cirurgia e, como tal, aplicar os procedimentos correctos. Foi esse um dos aspectos que ensinámos aos enfermeiros angolanos»
CL – Quantos formandos teve o curso e que áreas contemplou?
AS – No total, formámos mais de trezentos enfermeiros de toda a Angola. O que eles aprenderam connosco foram novas técnicas, a abordagem ao doente, entrar numa cirurgia, por exemplo. Havia um colega meu, da área da anestesia, que nesse curso preparou os formandos para aquilo que é ser um enfermeiro-anestesista, enquanto eu sou especialista na área da instrumentação. Ou seja, eu tinha a missão de transmitir conhecimentos para preparar um enfermeiro para ser instrumentista. No fundo, o instrumentista é o pioneiro de uma intervenção cirúrgica. E porquê? Porque ele tem de saber os passos que o cirurgião vai dar, mediante aquele tipo de cirurgia e, como tal, aplicar os procedimentos correctos. Foi esse um dos aspetos que ensinámos aos enfermeiros angolanos. No fundo, houve esta partilha e fomos muito bem recebidos.
De resto, nós, os enfermeiros portugueses, temos, de facto, uma formação bastante boa, de tal forma que somos considerados numa área a nível técnico e profissional como sendo das melhores que existem no mundo. Isto, porque a nossa formação é muito objectiva, muito centrada nos cuidados do utente, muito centrada nos conhecimentos técnicos que adquirimos logo ao longo de quatro anos na base do curso de enfermagem, a que se seguem especializações durante mais dois anos. Na altura do meu curso, em 1997/8, também fiz uma especialização, como já referi, em médico-cirúrgica.
CL – Os enfermeiros angolanos não estavam preparados para antecipar situações, procedimentos, perante um médico, por exemplo, numa cirurgia?
AS – Estavam preparados. Eles continuam a contar com o apoio de especialistas cubanos em Angola, que são profissionais com muito valor. Conheci lá muitos com bastante capacidade em várias áreas. Independentemente da formação que os enfermeiros angolanos já tinham, nós, enfermeiros portugueses, representámos nesta formação mais um valor acrescentado para a sua formação, para o seu conhecimento técnico-cientifico.
«Alguns dos enfermeiros angolanos que participaram nesta formação estavam a dois mil quilómetros de Luanda. Levavam quatro dias de autocarro para lá chegar»
CL – Houve desistências ao longo desse curso?
AS – Não, pelo contrário. Até ficou pessoal de fora. Alguns dos enfermeiros angolanos que participaram nesta formação estavam a dois mil quilómetros de Luanda. Levavam quatro dias de autocarro para lá chegar. Tinham alojamento numa escola situada junto à clínica onde decorreu o curso. Outros alunos desta formação eram provenientes de uma zona de Angola junto à fronteira com a Namíbia. Por aqui, vejam bem as distâncias. Também havia alunos de outras áreas de Angola. Mas a maioria dos que participaram nesta formação residia em Luanda, como é evidente.
CL – E como são os hospitais em Luanda ao nível de instalações, equipamentos e recursos humanos?
AS – Nos três hospitais públicos que conheci em Luanda, além do hospital semi-privado, a Clínica Multiperfil, onde eu estava, posso dizer que todas as tecnologias eram de ponta. Como é que eles faziam a formação? Eram formados pelo equipamento que lá instalavam. O equipamento tem de ser trabalhado todos os dias e é assim, com esse procedimento diário, que eles ficam a conhecer o material e tiram mais rentabilidade do mesmo, aperfeiçoando os seus conhecimentos. Nesta formação em Luanda, insistimos no sentido de os enfermeiros fazerem sempre mais e melhor. E sobretudo perceberem o que estão a fazer.
CL – Mesmo assim, constatou lacunas?
AS – Eles têm falta de equipamentos, como nós temos também. Por outro lado, existem lá muitos recursos humanos disponíveis. O problema é a sua empregabilidade. Há muita gente, muitos enfermeiros, no desemprego. E como os salários em Angola são baixos, os enfermeiros normalmente trabalham em dois sítios. São pessoas muito valiosas no sentido de quererem sempre também aprender. E houve pessoas que diziam que nós modificámos a nossa maneira de estar, do que é ser enfermeiro, hoje, em relação ao que era ser enfermeiro há anos. Isto é uma mais-valia, é o gosto que sentimos nesta atividade profissional.
CL – Quando é que regressou a Portugal, e mais concretamente a Lagos?
AS – Regressei em Abril de 2019, mas continuo em contactos com as pessoas com as quais estive em Angola. Falamos muito.
CL – Querem o seu regresso e de outros enfermeiros portugueses a Angola?
AS – Eles ficam sempre com o desejo que n+os regressemos ao país. Mas não é fácil regressar lá.
CL – E porquê?
AS – Porque as condições de estarmos em Angola já são outras. Neste momento, têm outro tipo de gestão na própria clínica, onde foi dada a formação. Houve uma evolução. Eles apoiaram-se muito nos cubanos a mandaram muitos alunos para o Brasil fazer formação a nível médico em várias especialidades.
CL – Quando o contactam, o que dizem sobre a pandemia da Covid-19?
AS – Eles estão assustados, também, tal como nós estamos. Covid-19 é um vírus que, neste momento, como vocês sabem, está a atingir o mundo inteiro. E tudo o que está a ser feito é para melhorar a situação. Como já frisei nesta entrevista, temos de ter a noção de que lavar as mãos é salvar vidas.
CL – Este regresso a Lagos, significa que está no final do seu percurso como enfermeiro?
AS – Não. Sou enfermeiro há 40 anos. Conclui o curso em 1980. Estive no Hospital de Lagos, onde fui director de enfermagem, depois transitei para o Hospital do Barlavento, em Portimão, como enfermeiro supervisor. Quando houve a fusão entre os hospitais no Algarve, eu vinha aqui, ao Hospital de Lagos, de manhã, e ia para Portimão, durante a tarde. Nessa altura, estive na supervisão do sector da enfermagem dos dois hospitais. Foi um desafio completamente diferente.
«O grande problema que existe nos hospitais, em geral, no nosso país, e no CHUA [Centro Hospitalar Universitário do Algarve] em particular, é a falta de pessoal, de quadros técnicos. Porque os quadros técnicos dos hospitais desaparecem. E porque é que desaparecem? Desaparecem devido à questão monetária. Os hospitais privados pagam-lhes bem»
CL – O que trouxe a fusão dos três hospitais públicos - Lagos, Portimão e Faro, agora designado Centro Hospital Universitário do Algarve (CHUA)? Críticas a este processo é o que nunca faltou...
AS – Temos de colocar as coisas na balança e ver o seguinte: qual é a função do CHUA? É os hospitais do Algarve ficarem bem articulados. Para tal, são necessárias pessoas. E o grande problema que existe nos hospitais, em geral, no nosso país, e no CHUA, em particular, é a falta de pessoal, de quadros técnicos. Porque os quadros técnicos dos hospitais desaparecem. E porque é que desaparecem? Desaparecem devido à questão monetária. Os hospitais privados pagam-lhes bem. Há um aspeto que sempre dizemos: o Estado investe na formação de um técnico, paga-lhe o curso e, depois, ele pode ir-se embora. E não há nenhuma partilha para que tenha de continuar.
CL – E o que devia ser feito para evitar essa situação?
AS – Deviam dar-se condições às pessoas e dizer a cada uma: «você vai tirar o curso, o Estado paga e quando concluir a formação ficará obrigado por um determinado período de tempo a prestar serviço nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Só depois é que poderá tomar outras opções e ir para fora». Acho que esta é uma das formas através da qual poderíamos melhorar o sistema, numa altura em que continua, e cada vez mais, a faltar técnicos de saúde em Portugal. Hoje, os enfermeiros, na sua maioria, vão para o estrangeiro, para a Alemanha, para Espanha, Inglaterra. Quando abrimos o Hospital do Barlavento, em Portimão, foram para lá 250 enfermeiros espanhóis. E em Lagos, na altura coloquei 40 espanhóis para este hospital continuar a trabalhar. Aconteceu que os enfermeiros espanhóis em termos de conhecimentos técnico-científicos estavam muito mais atrasados do que nós. Tínhamos procedimentos já com outro desenvolvimento, muito mais avançados do que os espanhóis.
CL – Como é possível? O que é diferente no enfermeiro português dos profissionais de outros países?
AS – Nós, os enfermeiros portugueses, vemos muito a pessoa num todo. E os espanhóis, por exemplo, na altura, trabalhavam, hoje, num sítio, no dia seguinte, noutro. Eles nunca conheciam a pessoa, não cuidavam dela corretamente. Connosco, isso não acontece. Temos as pessoas que são referenciadas e daí o papel determinante dos Cuidados de Saúde Primários, o mais importante de todo este sistema de saúde. É a esse nível que se devia apostar forte, com as pessoas que, de facto, gostassem de estar no serviço de Cuidados de Saúde Primários, no qual os profissionais ficam a conhecer o doente no dia-a-dia.
«O Estado não valoriza os lares. Acontece que a nossa população está cada vez mais envelhecida e, por isso, as pessoas necessitam cada vez mais de estar num lar»
CL – Neste momento, colabora com a Santa Casa da Misericórdia de Lagos, ao nível de prestação de cuidados de saúde nos lares de idosos. Como surgiu este novo desafio?
AS – Trabalhar em lares com idosos é um desafio interessante, giríssimo. Quando cheguei a Lagos, vindo de Luanda, pensei em descansar durante algum tempo. Entretanto, em Junho de 2019, o Eurico Correia, um dos dirigentes da Santa Casa da Misericórdia de Lagos, ligou-me a convidar para prestar serviço nos lares. Depois, fui falar com o Nani (Fernando Graça, provedor) e com uma responsável da instituição, e chegámos a acordo acerca daquilo que era para fazer. É um mundo completamente diferente.
CL – Porquê?
AS – Os cuidados de enfermagem que são prestados nos lares de idosos deviam ter uma valorização completamente diferente. O Estado não valoriza os lares. Acontece que a nossa população está cada vez mais envelhecida e, por isso, as pessoas necessitam cada vez mais de estar num lar.
CL – Quando diz que o Estado não valoriza os lares, o que falta?
AS – Faltam enfermeiros e técnicos auxiliares. O enfermeiro é a mola real no sistema de saúde. Sem o enfermeiro, o sistema de saúde não funciona. E porquê? Porque o enfermeiro tem uma visão de tudo. Faz o reconhecimento em termos técnicos e científicos de todo o corpo humano da pessoa, de tudo aquilo que é a pessoa. E depois, temos outra particularidade que é a parte do cuidar da pessoa, da empatia que o enfermeiro tem para com as pessoas. E os idosos dos lares necessitam muito desta empatia, de ter os nossos cuidados a nível psicológica, tal como as famílias que também desejam ser apoiadas. É evidente que a família de um idoso confia em tudo aquilo que os profissionais nos lares fazem e nós tentamos fazer o melhor possível, mas há sempre idosos mais dependentes do que outros. E nos lares, temos vários conjuntos de patologias, pessoas com demência, pessoas com hipertensão, pessoas diabéticas. Temos de tudo um pouco.
«Os idosos dos lares ficam sempre muito satisfeitos quando vêem os familiares mesmo por vídeo-chamada. De resto, os que têm telemóveis estão permanentemente em contacto com as suas famílias»
CL – Como avalia a situação da Covid-19 no concelho de Lagos?
AS – Acho que a Santa Casa da Misericórdia de Lagos tem gerido esta situação muito bem. Quando, ainda recentemente, se registaram dois casos de Covid-19 em utentes de um lar, todas as pessoas ficaram logo isoladas. Não se via um utente fora do quarto, até os valores dos testes darem negativo. Por outro lado, a primeira medida tomada pelos responsáveis da instituição, quando surgiu a pandemia, foi suspender o Centro de Dia, por falta de condições. Temos de ser coerentes. Foi a medida mais correta para não haver contacto com as pessoas vindas de fora. E vão levar a comida aos idosos.
CL – Qual foi a reacção dos idosos perante as restrições impostas?
AS – Foi-lhes explicado o que está a acontecer, E os idosos também tiveram de perceber que estávamos a cuidar da saúde deles.
CL – E como é que os lares gerem a situação de os idosos não poderem receber a visita das suas famílias, por causa do novo coronavírus?
AS – Há muitos idosos que já estão numa fase em que não se preocupam muito com isso. Mas há outros que estão lúcidos e querem ver a família. Por isso, falamos com as pessoas, conseguimos explicar-lhes o que se passa e a maior parte compreende perfeitamente a situação. Também nós não temos um contacto tão próximo com as nossas famílias como tínhamos. Cada um está nas suas casas e as famílias não se juntam. O afastamento é a melhor coisas nesta altura perante a pandemia.
CL – Os idosos aceitam ver os filhos e netos através de vídeo-chamada?
AS – Aceitam. Os idosos dos lares ficam sempre muito satisfeitos quando vêem os familiares mesmo por vídeo-chamada. De resto, os que têm telemóveis estão permanentemente em contacto com as suas famílias.
CL – E como reagem os mais debilitados?
AS – Em relação às pessoas que estão mais limitadas, é mais difícil. Mas a directora do lar explica às famílias o que se passa. E prestamos todo o apoio necessário. Eu tenho uma particularidade que é: informar a família de tudo. Quando surge uma situação problemática, ligo para a família e dou conhecimento do que se passa e aquilo que vamos fazer. Não fazemos seja o que for sem a família saber. No fundo, as pessoas estão no lar, onde têm o apoio que não podem ter em casa. E informamos todas as situações às famílias.
CL – Como é a relação entre os utentes dos lares e os enfermeiros?
AS – Hoje, quer queiram, quer não, somos o farol de uma instituição. E quando está um enfermeiro num lar, parece que é o deus salvador de todas as coisas. Como enfermeiro, fico muito grato a todas as pessoas que trabalham lá comigo. Os próprios idosos já me reconhecem, eu sei o nome de todos eles e já conheço as situações de cada um. Há utentes que perante qualquer situação, ficam logo muito assustados, enquanto que o mesmo não se passa com outras pessoas. Fazemos uma triagem de todos os idosos, todos os cuidados de enfermagem inerentes a cada pessoa e através desse trabalho ficamos com uma visualização de tudo aquilo que cada utente tem. Estou no Lar Rainha D. Leonor, em Lagos, sempre das 08h00 até às 16h00. Depois, ligam para mim quando é necessário. Estou sempre disponível para dar alguma sugestão.
CL – Vai lá de noite perante qualquer emergência?
AS – Não. Nós ali não prestamos nenhum cuidado de enfermagem numa intervenção de determinado tipo de atuação, com por exemplo, pôr oxigénio, colocar soro. Não fazemos nada disso. Para isso, teria de haver uma equipa de enfermagem que desse seguimento a todos esses cuidados. Não, não há seguimento nos cuidados. O que acontece é que o cuidado é prestado na altura, é feito o procedimento necessário quando existe alguma coisa com um idoso e perante essa situação a pessoa segue, de imediato, para o hospital. Há, no entanto, situações que podemos resolver no momento.
CL – Há muitos idosos em Lagos a necessitar de entrar em lares? Existem muitos à espera de vagas?
AS – O próprio país, em si, não ficou preparado para a terceira idade. Como tal, agora tudo vem para cima das Misericórdias, dos lares. E é natural que também em Lagos haja muitos idosos a necessitar desse apoio.
CL – O edifício onde funciona o Hospital de Lagos, que pertence à Santa Casa da Misericórdia, teria condições para ser um lar de idosos?
AS – Tem condições, de facto, para ser um lar. E há muitos anos que luto por um novo hospital em Lagos. Foi uma pena o Hospital São Gonçalo de Lagos não ter ficado, como estava previsto, como público-privado. Já estávamos avançados há vinte anos sobre essa questão. Quando, em 2004, estive na administração do Hospital de Lagos, gastámos mais de cem mil euros para renovar o interior do edifício.
CL – O que falta ao Hospital de Lagos?
AS – Falta uma estrutura, um edifício em si. De resto, os profissionais que ali trabalham são pessoas extremamente dedicadas, como nós sempre fomos. Se houvesse melhores condições em termos estruturais de edifício, se calhar seriam prestados melhores cuidados. Independentemente disso, sei que os cuidados são muito bons, porque o pessoal que lá trabalha, de facto, veste a camisola da casa, como se costuma dizer. É certo que acabou o bloco operatório, mas mantiveram-se outras valências. E há, neste momento, 140 camas de medicina, o que é muito importante. Por outro, existem valências, como cirurgias e obstetrícia, em que podem ser prestados melhores cuidados noutro local, no Algarve, independentemente da deslocação (e vamos deixar-nos de bairrismos…), pois o fundamental é tratar as pessoas e dar-lhes condições de segurança. É preciso saber gerir as situações.
CL – Acredita na construção de um novo hospital em Lagos, para dar apoio também aos concelhos de Vila do Bispo e Aljezur, de forma a evitar a sobrecarga das unidades hospitalares de Portimão e Faro?
AS – Na altura, quando fui vereador da Câmara Municipal de Lagos, votei a favor do Hospital das Terras do Infante. E tenho de acreditar nas pessoas. Ou seja, acredito na construção de um novo hospital em Lagos. Continuo a dizer que a parte estrutural, ou seja, um novo edifício, é extremamente importante. E depois, há valências que poderiam voltar para o Hospital de Lagos, nomeadamente as valências ligadas aos cuidados de saúde primárias, entre as quais muitas consultas que obrigam as pessoas a deslocarem-se a Portimão. Nesse sentido, seria mais fácil um técnico, por exemplo de oftalmologia, vir ao Hospital de Lagos, tendo aqui equipamento adequado para o efeito. Ficará muito mais barato a todos nós deslocar aqui um técnico e fazer a observação de 10, 15 ou 20 pessoas, do que essas mesmas pessoas irem todas a Portimão. É nesta perspetiva que devia haver muitas consultas externas em Lagos. Tudo passa pelo número de técnicos e a falta que se sente a esse nível nesta zona é assustadora. Não há enfermeiros, nem auxiliares para trabalhar. Muitos destes entram num dia num hospital e vão-se embora. Já os médicos estão concentrados nas grandes cidades e virem para a periferia, é mais complicado para eles, devido aos custos que tal lhes acarreta. Por isso, muitos concursos acabam por não ter candidatos.
Vender o Hospital de São Gonçalo de Lagos ao Estado em vez de se construir um novo «já seria meio caminho andado», desabafa
CL – E o que acha se em vez da construção de um hospital de raiz, que demoraria anos, fosse comprado o Hospital de São Gonçalo de Lagos, como já se fala?
AS – Já seria meio caminho andado. Quando, há 20 anos, foi construído, o Hospital de São Gonçalo era para ser uma unidade hospitalar público-privada, tendo sido logo preparado com situações para responder a necessidades nesta altura. O Hospital de Lagos sempre esteve junto à muralha, de difícil acesso para tudo, nomeadamente estacionamento. Há anos, tivemos de criar condições no exterior, para as pessoas não apanharem chuva na rua. Fala-se na construção de um novo hospital desde 1980 e, afinal, continua tudo no mesmo sítio. E é claro que para o pessoal jovem deixa de ser estimulante trabalhar no Hospital de Lagos, devido a estas limitações.
CL – E o que lhe parece a ideia do Hospital Central do Algarve, de que há tanto tempo se fala?
AS – Faz muita falta a esta região. Agora, acho que a grande aposta que devia ser feita era nos cuidados de saúde primários nos hospitais de menor dimensão, com muitas consultas em todas as áreas, por exemplo em Lagos, onde os técnicos se deslocariam, evitando, assim, a ida das pessoas a outros hospitais noutras cidades. A ideia sempre foi esta.
«As pessoas nunca se podem esquecer de usar as máscaras, seja em espaços públicos ou privados, e devem sempre lavar as mãos. Em Angola, deixámos este slogan: «Lavar mãos salva vidas». Desde que apliquem sabão, já têm a situação resolvida»
CL – Que conselhos deixa às pessoas por causa da pandemia da Covid-19?
AS – As pessoas nunca se podem esquecer de usar as máscaras, seja em espaços públicos, ou privados, e devem sempre lavar as mãos. Como já vos disse, em Angola, deixámos este slogan: «Lavar mãos salva vidas». Desde que apliquem sabão, já têm a situação resolvida.
CL – Mas muitas pessoas não usam máscara, nem respeitam distanciamentos. O que é preciso fazer para solucionar estes problemas, no âmbito das restrições impostas pela Direcção-Geral da Saúde?
AS – As autoridades têm de ter firmeza quando detetam infracções, aplicando multas, o que por vezes acontece. Em Angola, uma pessoa sem máscara pode ir parar à esquadra da polícia.
CL – O recolher obrigatório das 23h00 às 05h00, de segunda-feira a domingo, e também entre as 13h00 e as 05h00, nos concelhos de risco muito elevado da propagação do vírus, resolve o problema?
AS – Penso que é capaz de resolver alguma coisa. Essa medida vai fazer com que a malta da noite, que vai para os bares, acabe por não provocar ajuntamentos. Por outro lado, nos restaurantes existem distanciamentos, pois a situação está preparada nesse sentido. Já em muitas casas, onde se organizam festas, devia haver maior fiscalização por parte das autoridades policiais. Há muitas situações ilegais por aí, como aconteceu na festa em Odiáxere. Isto depende da mentalidade das pessoas. A mensagem que tem de ser passada é a seguinte: este vírus é violento, mata de tal maneira que todos os dias morrem pessoas nos hospitais, devido à Covid-19.
«As pessoas podem chegar a uma altura em que, sem condições para pagar as suas dívidas e sem perspetivas de trabalho, entrem no desespero. E é muito complicado porque ninguém consegue prever quando é que uma pessoa vai suicidar-se»
CL – Concorda que o país tivesse fechado, pelo menos ao nível de muitos serviços públicos e privados, para quarentena, durante cerca de dois meses, como sucedeu em Março?
AS – O país fechou porque as pessoas também não conheciam bem este vírus. Foi importante ter sido feito logo o ‘tampão’ para se saber o que isto ia dar. É evidente que as consequências a nível social, a nível económico e a nível psíquico estão aí, devido aos problemas nas empresas e ao aumento do desemprego.
CL – Essa situação pode provocar suicídios?
AS – Pode. As pessoas podem chegar a uma altura em que, sem condições para pagar as suas dívidas e sem perspetivas de trabalho, entrem no desespero. E é muito complicado porque ninguém consegue prever quando é que uma pessoa vai suicidar-se.
CL – E como estão os idosos, em termos psicológicos, nos lares?
AS – Há idosos que percebem isto e aceitam a situação. Mais complicado pode ser para os que não percebem o que se está a passar. Os que percebem sabem que está em jogo as suas vidas e as da família. E eles preservam muito a vida das famílias. É claro que ficam alarmados com as notícias que veem na televisão. Mas acho que a informação é correta. Estamos a fazer muitos testes nos lares, em Lagos, para despistagem da Covid-19 e deve fazer-se ainda mais. No meu caso, já fui testado cinco vezes. E ninguém entra nos lares sem medir a temperatura.
CL – Porque é que existem tantos casos de infecção nos lares?
AS – É raro um idoso não ter uma patologia. Mas quando as pessoas morrem de Covid, foi este vírus que os levou ao problema. Os Cuidados Intensivos dos hospitais são das unidades melhor preparadas para lidar com a situação. O problema tem a ver com as pessoas que vão para dentro dos lares. Os idosos que lá estão não infetam ninguém. Quem está fora é que pode ir infetar. É a falta de cumprimento das regras de segurança, como o uso da máscara, lavar as mãos e manter os distanciamentos.
«É um Natal de que ninguém estava à espera. Mas quanto menos pessoas estiverem juntas, melhor. As pessoas não se devem juntar»
CL – E como vai ser para muitos idosos passar o Natal sem contacto com a família, sem ver netos e filhos, devido à Covid-19?
AS – É um Natal de que ninguém estava à espera. Mas quanto menos pessoas estiverem juntas, melhor. As famílias não se devem juntar. A vídeo-chamada, quer queiram, quer não, tem sido muito bom para o contacto, embora à distância, entre idosos e seus familiares. Há muitos idosos que aderem à vídeo-chamada. E outros nem querem saber. Temos de tudo.. Mas noventa e nove por cento das famílias estão sempre presentes. E essa presença também se deve à informação que nós damos à família. Não tenho qualquer problema que os familiares me telefonem todos os dias e que saiba todos os passos dados pelos seus idosos.
CL – O que deve fazer uma pessoa quando tem sintomas suspeitos?
AS – O conselho que dou é que não se deve assustar. É certo que há pessoas que entram em pânico perante as situações. Mas, acima de tudo, têm de acreditar nos profissionais de saúde e nos cuidados que são prestados. Quando recebem a informação de que o teste para despistagem da Covid-19 deu resultado positivo, as pessoas só têm de fazer o isolamento, pois assim estão a beneficiar-se a si próprias e outros. Durante o período de 14 dias de isolamento, a pessoa deve pensar que se está a curar e a evitar que o vírus chegue a outras pessoas.
Com o Natal e a passagem-de-ano, “vão surgir ainda mais casos de Covid, não tenho dúvidas”
CL – Como perspectiva o Natal e a passagem-de-ano, época do ano propícias a festas e ajuntamentos?
AS – Vão surgir ainda mais casos de Covid, não tenho dúvidas. Está provado que os casos de infecção começam por aí, pelos ajuntamentos entre pessoas. O que está provado, neste momento, é que várias famílias que se juntam, transmitem o vírus uns aos outros. As pessoas têm de respeitar o estado de emergência, com as várias restrições impostas, têm de se capacitar que não podem cometer excessos perante um vírus que nos está a causar problemas. Temos de estar preparados para enfrentar a situação. As pessoas têm de acreditar naquilo que os técnicos de saúde dizem, quando recomendam cuidados.
CL – Muitas consultas e intervenções cirúrgicas têm sido adiadas nos hospitais, numa altura em que os profissionais de saúde estão focados na assistência aos doentes com Covid-19. Que consequências poderá ter esta situação?
AS – Temos de fazer uma análise correta para saber se uma determinada cirurgia que está marcada, é uma situação que pode esperar. Se é esse o caso, por não ser urgente, não vejo problema em adiá-la.
CL – E o que acha do facto de poder ser dada prioridade na assistência a doentes internados com mais possibilidades de recuperação, em detrimento de idosos de maior risco e já sem esperança de vida?
AS – É um choque! Nunca se deve tirar a vida a ninguém, independentemente do estado do doente. A vida é a coisa mais sagrada que existe. Aprendi para ajudar a dar vida às pessoas.
CL – Portugal não se preparou para esta segunda vaga da pandemia?
AS – Não sei se o país se preparou, ou não. O que sei é que tudo isto apareceu muito rapidamente. Na primeira vaga, ninguém questionou se as medidas estavam, ou não, corretas. É muito fácil falar depois de as coisas acontecerem. Já se sabia que esta situação ia acontecer. Agora, ninguém pode andar à-vontade em face das restrições existentes. E independentemente de uma pessoa não ter problemas, tem de estar sempre prevenida.
CL – Já se reformou. Está disponível se o chamarem para trabalhar, se for pedida a sua colaboração em qualquer hospital do Algarve, para a linha da frente neste processo da Covid-19?
AS – Acho que são os enfermeiros e outros técnicos mais jovens que devem ir para a linha da frente. Nós, mais velhos, podemos organizar as coisas. Mas há muitos jovens para trabalhar no Covidário.
«A máscara deve ser sempre usada, enquanto a situação desta pandemia da Covid-19 não estiver completamente desactivada. A máscara é a maior protecção que nós temos»
CL – É a vacina contra a Covid-19, a partir de Janeiro de 2021, em Portugal, que vai resolver o problema desta pandemia?
AS – Não digo que a vacina vai resolver todos os problemas, nem impedir uma eventual terceira vaga da Covid-19. Para já, não sabemos qual o efeito que a vacina vai ter. No caso da vacina contra a gripe, sabemos que normalmente poderá provocar alguma reação ao fim de três semanas.
Por outro lado, acho que a máscara deve ser sempre usada, enquanto a situação desta pandemia da Covid-19 não estiver completamente desativada. A máscara é a maior protecção que nós temos. Já nos blocos operatórios toda a gente trabalha há muitos anos com uma máscara, a qual serve para nos protegermos a nós e o próprio utente.
CL – É possível as pessoas poderem deixar a máscara dentro de um ano?
AS – Não sei. Não sei como vai ser o Verão de 2021. É prematuro dizer seja o que for. Penso que vacina poderá ser boa, pois há algo que irá proteger as pessoas vacinadas, além de ser também importante em termos psicológicos. Por outro lado, acho que deve aparecer um medicamento para curar mesmo as pessoas infetadas. Se as pessoas tiverem cuidado, nomeadamente em lavar as mãos, penso que iremos deixar de falar de Covid dentro de algum tempo.
Trabalhar no Hospital de Lagos «foi uma situação muito gira, que nunca mais [vai] esquecer»
CL – Como foi o seu percurso até chegar a enfermeiro do Hospital de Lagos?
AS – Foi uma situação muita gira, que nunca mais vou esquecer. Num dia, em Setembro de 1976, estava à porta do Café Restauração, no centro da cidade de Lagos, onde a gente se juntava sempre, passou lá o Serafim ‘Caldeirada’, como é conhecido o Serafim José Ramos, e perguntou-me: «eh, pá, queres vir trabalhar para o hospital?». E eu respondi-lhe: «trabalhar para o hospital?» E ele insistiu: «sim, vais para lá. A gente precisa de moços e tu és um moço novo». Na altura, eu tinha concluído o 12º. ano (antigo sétimo ano) e estava numa fase de indecisão sobre aquilo que ia fazer. Lembro-me que o doutor Paulo Godinho (já falecido) aconselhou-me a prosseguir os estudos. Passados poucos dias, surgiu a situação em que eu podia fazer o curso de enfermagem no Hospital de Lagos, onde acabei por entrar no mesmo dia do ‘Nani’ (Fernando Graça), que foi para o curso de laboratório de análises clínicas. Trabalhei durante quatro anos como auxiliar de acção médica no Hospital de Lagos e em 1977 fui para a Escola Superior de Enfermagem de Santarém, tendo concluído o curso em1980. E 17 anos depois, obtive a especialidade médico-cirúrgica. E porquê nessa altura? Porque antigamente íamos fazer cursos de especialidade mediante as vagas que o Hospital de Lagos tinha. Assim, quando o enfermeiro concluísse a sua especialidade, tinha vaga. Neste momento, não. Qualquer pessoa pode ir fazer uma especialidade, trabalhando, ou não, nessa área.
Antigo Futebolista, Massagista e Dirigente do Esperança de Lagos, já tem um neto, aprecia «uma boa caldeirada» e recorda quando teve de fugir de um hipopótamo no sul de Angola
António Manuel Correia dos Santos, de 64 anos, natural de Lagos, com Licenciatura em Enfermagem, é casado com Adelaide Medinas, Enfermeira-chefe de Obstetrícia no Hospital do Barlavento, em Portimão, e tem dois filhos: um deles, João, também é Enfermeiro; o outro, Vasco, é Técnico de Imagem (vídeo), nomeadamente, em casamentos e baptizados.
"Tó Manuel", como é conhecido, foi jogador do Clube de Futebol Esperança de Lagos, tendo actuado no sector defensivo, e passados vários anos, exerceu os cargos de massagista e dirigente. Esteve, também, envolvido na política como Vereador do PSD na Câmara Municipal de Lagos, durante a presidência de José Valentim Rosado. Iniciou a sua actividade profissional de Enfermeiro no Hospital de Lagos, foi proprietário de uma Clínica de Enfermagem nesta cidade, tendo, mais tarde, desempenhado cargos de chefia, também no Hospital do Barlavento, em Portimão.
Nas recordações durante a sua experiência em Luanda, não esquece o «respeito dos angolanos pelas pessoas mais velhas»: «Quando eu estava numa fila num supermercado, os clientes mais novos queriam sempre dar-me o lugar, mas nunca aceitei». O que também não esquece, até com alguma ironia, foi um passeio na selva do Sul de Angola para apreciar as belezas naturais, que o fascinaram: «O jipe em que eu seguia com outras pessoas e um guia, parou. Saímos para ver melhor a paisagem, e depois tivemos de fugir do local, pois um hipopótamo, que estava a um quilómetro de distância, vinha a correr na nossa direcção. Também gostei muito de ver crocodilos”, lembra o Enfermeiro António dos Santos.
Agora no regresso a Lagos, trabalha no Lar Rainha D. Leonor: «Saio às 16:30 horas e vou para a minha casa, no Chinicato, onde estão os meus dois cães, Pastores-alemães, para me entreter. E tenho um neto, João Gabriel, de um ano, para dar assistência», conta "Tó Manuel", que não dispensa ouvir música nos temos livres. A nível gastronómico, diz comer «de tudo», porém, gosta muito «de um bom peixe grelhado, nomeadamente, Peixe-espada, e de uma boa caldeirada! Em Angola, era marisco. Sobretudo, lagosta». Reconhece que o seu maior defeito é, por vezes, «não conseguir compreender logo as pessoas» e aponta como a sua principal virtude «procurar resolver os problemas das pessoas e estar sempre disponível», pois descreve-se como alguém «muito humanista». Elege o Ex-presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, como a figura internacional que mais admira, por «ter mudado um pouco este mundo». Já a nível nacional, não destaca quem quer que seja.
Carlos Conceição
José Manuel Oliveira
In: Edição Impressa do Jornal Correio de Lagos nº361 · DEZEMBRO 2020