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Ministro da educação inaugurou escola em Loulé que abraça nova realidade demográfica do país

Ministro da educação inaugurou escola em Loulé que abraça nova realidade demográfica do país

Um coro "afinadíssimo” de crianças da Escola EB1/JI Nº4 Hortas de Santo António, acompanhado pelo professor de música Ricardo Silva e pelo guitarrista Ricardo Martins, deu as boas-vindas ao ministro da Educação, João Costa, que veio a Loulé esta terça-feira para inaugurar o novo estabelecimento de ensino da cidade.

Uma escola criada para responder ao aumento demográfico dos últimos anos que se tem registado, particularmente na região do Algarve.

Depois de uma visita ao espaço marcado pela “polivalência, com mobiliário leve, contacto fácil com o exterior e uma biblioteca como centro da interdisciplinaridade”, o responsável governativo mostrou-se surpreendido com esta “obra maravilhosa”. “A inveja que tenho porque do meu gabinete não tenho uma vista como a da vossa biblioteca!”, exclamou perante a audiência, referindo-se ao enquadramento paisagístico do edifício, “abençoado” pela Ermida da Nossa Senhora da Piedade que se encontra não muito longe.

A escola, localizada na freguesia de S. Sebastião, representou um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros e tem capacidade para acolher 170 crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos. O edifício integra 3 salas, na componente de jardim-de-infância, e 4 outras para o 1º ciclo do ensino básico (do 1º ao 4º ano). Neste momento são já 139 os alunos que aqui estão, alguns que transitaram de escolas da periferia da cidade, outros que não tinham ainda vaga no ensino pré-escolar público, mas também muitos filhos de migrantes recém-chegados a Portugal, A multiculturalidade está bem presente não só nesta escola como também no Agrupamento Engº Duarte Pacheco, onde coexistem 25 nacionalidades diferentes, com alunos oriundos sobretudo do Brasil, da Venezuela, Ucrânia, Nepal ou Inglaterra.

“É a primeira vez em muitos anos que tivemos o crescimento do número de alunos em Portugal e, nas zonas com mais imigração, isso faz-se sentir de uma forma mais clara, sendo que todo o Algarve tem essa característica, e Loulé em particular. Isso significa que precisamos de mais capacidade física”, explicou o ministro. Segundo dados lançados por este responsável, em apenas 5 anos, o número de alunos estrangeiros nas escolas portuguesas praticamente duplicou, passando de mais de 50 mil para os atuais cerca de 120 mil alunos estrangeiros que frequentam o ensino em Portugal.

Esta nova realidade coloca “muitos desafios pedagógicos” e obriga a escola a “transformar-se e reinventar-se, adotando metodologias muito mais diversificadas”. Um dos principais desafios é a questão linguística já que a maior parte dos novos alunos não fala o Português e alguns deles falam línguas com as quais não há qualquer proximidade, dificultando a comunicação.

“A imigração é bem-vinda, mas está a transformar completamente as escolas portuguesas. Já são poucas as escolas – se é que há alguma – que não tem alunos estrangeiros. O que era uma exceção, hoje é a regra”, notou João Costa.

É também neste contexto de um concelho que tem crescido muito nos últimos anos, “contrariando a dinâmica demográfica do país”, e atraindo populações oriundas de outras latitudes, que o autarca o Vítor Aleixo assegura o esforço realizado por parte do Município para a integração destas pessoas, em especial ao nível educativo. Dos cerca de 12 mil alunos do concelho, 25% vêm de famílias migrantes o que é bem elucidativo deste novo tecido social.

A Escola EB1/JI Nº4 Hortas de Santo António vem “responder a uma necessidade escolar que cresce” mas, de acordo com o autarca, a falta de novas escolas no concelho é ainda grande, especialmente em Quarteira e Almancil. “Precisamos de mais escolas! O fluxo de alunos que vem sobretudo do Brasil mas também de outros países, é de tal modo intenso que não conseguimos responder rapidamente”, garantiu.

A integração no processo educativo regular de alunos com problemas ligados à saúde mental ou com necessidades especiais, em especial o aumento de alunos com patologia do espetro do autismo, é outra das preocupações do presidente da Câmara Municipal de Loulé, não obstante o investimento que tem sido realizado na área de um ensino inclusivo, por exemplo através da criação dos CREI em Loulé e Quarteira.

Em 10 anos de trabalho, depois de uma “herança boa neste domínio da educação”, o edil destacou o que de mais importante foi projetado e executado neste período: a inauguração da Escola EB 2,3 D. Dinis em Quarteira, a inauguração do Conservatório de Loulé que integra atualmente mais de 300 alunos, e a ampliação da Escola EB 2,3 Engº Duarte Pacheco, que está neste momento a decorrer. Aqui, os trabalhos permitirão criar mais 7 salas de aula, uma cozinha e uma sala de refeições para as aulas práticas dos alunos das turmas dos cursos de edução e formação na área da restauração.

Já em Quarteira, está em marcha um “projeto muito ambicioso” para uma Escola de Dança, “com todas as condições”, que aposta num ensino que privilegia cada vez mais as disciplinas criativas.

Mas neste momento um dos grandes objetivos do executivo municipal passa pela criação e aprovação de um regulamento que permita “criar condições facilitadoras para que professores que têm muitas dificuldades, quando são deslocados, em encontrar uma habitação condigna, possam ter esse seu problema resolvido”. Esta resposta à crise da habitação destinar-se-á não só a docentes como também a médicos, enfermeiros e agentes de autoridade. A Autarquia está já a dar os primeiros passos nesse sentido, através, da aquisição de alguns fogos para o efeito.

Em nome da comunidade educativa, Carlos Fernandes, diretor do Agrupamento, frisou a importância deste novo estabelecimento de ensino: “É uma escola que fazia falta à cidade. Veio dar resposta a essa necessidade premente de colocar alunos no 1º Ciclo, e também no pré-escolar que tinham muitas vezes que ir para as escolas fora do centro urbano, com os problemas de transporte que acarretava para as famílias. Em boa hora apareceu a Câmara Municipal com este projeto”.

Refira-se que o Agrupamento Engº Duarte Pacheco passa agora a integrar 12 escolas, 2402 alunos, mais de 200 professores e outros tantos profissionais nas áreas operacionais, administrativas e técnicos especializados. Mantém um protocolo com o Conservatório de Música de Loulé para o ensino articulado da música. Outra das ofertas é o Centro de Apoio à Aprendizagem, que procura dar resposta organizativa de apoio à inclusão e a situações de multideficiência, recebendo alunos tanto deste concelho como de outros limítrofes.

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