«Há que criar soluções, investimento para fixar os jovens», prometeu a professora Paula Freitas, candidata à presidência do executivo camarário de Vila do Bispo, no comício da sua apresentação, garantindo a «visão estratégica para resolver os problemas imediatos, mas também para antecipar o futuro». Antigo ministro da Educação e actual vice-presidente da Comissão Política Nacional dos sociais-democratas, David Justino, deixou um recado interno: «só é pena que o Algarve não tenha mais candidatas do PSD».
Com a presença de mais de 60 pessoas, muitas delas candidatas – entre as quais Tiago Mateus, Presidente da JSD Algarve –, sentadas no auditório do Centro Cultural de Vila do Bispo e mantendo as distâncias impostas pela Direcção-Geral da Saúde devido à Covid-19, a coligação “A Nossa Terra em Boas Mãos”, constituída pelo PSD, CDS-PP, PPM – Partido Popular Monárquico e MTP – Movimento Partido da Terra, iniciou, no dia 14 de Setembro de 2021, ao final da tarde e ao som da música, iniciou a sua campanha para as Eleições Autárquicas que terão lugar a 26 deste mês.
Durante pouco mais de dez minutos, houve animação a cargo da banda musical “Smile Four Coffee”, de Vila do Bispo, com a cantora Tânia Silvestre e os músicos Iládio Amado (teclas), João Amado (bateria) e Mário Soares (guitarra), a que se seguiram, ao longo de duas horas, discursos dos candidatos da coligação liderada pelo PSD neste concelho, e dos convidados Cristóvão Norte, deputado na Assembleia da República e vice-presidente do partido no Algarve, e David Justino, vice-presidente da Comissão Política Nacional laranja e que foi ministro da Educação do governo de Durão Barroso e assessor do Presidente da República, Cavaco Silva.
Neste primeiro comício da coligação “A Nossa Terra em Boas Mãos”, coube à mandatária Maria Judite Galhardo Dias iniciar o rol de elogios, como a pessoa «certa», à candidata à presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Paula Freitas, engenheira e professora de Química da Escola de São Vicente, além de já ter desempenhado o cargo de vice-presidente da autarquia, quando Gilberto Viegas era o principal responsável do executivo municipal.
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«O Algarve precisa de uma voz» e «Paula Freitas é uma voz forte, diz o que tem a dizer», reconhece o deputado do PSD Cristóvão Norte
Pelas 19:35 horas, foi a vez de o deputado Cristóvão Norte subir a palco. Num discurso de cerca de dez minutos, recordou o dia em que, perto da Igreja de Vila do Bispo, endereçou o convite a Paula Freitas para encabeçar a lista para a Câmara Municipal: «Não me deixava acabar, só queria falar, apresentando uma série de problemas deste concelho, como as escolas, a rede viária», observou Cristóvão Norte, com alguma ironia à mistura, enaltecendo o conteúdo da conversa mantida com Paula Freitas e comparando-a a uma laranja «que já deitava sumo por todo o lado» antes de a espremer.
Enquanto isso, «há outros candidatos que querem ganhar dinheiro e ser populares», notou. Como deputado, lembrou que nos últimos dez anos levou à Assembleia da República questões como o Centro de Saúde de Vila do Bispo («nunca ouvi a Câmara Municipal», presidida pelo PS, intervir nesse sentido), o Porto da Baleeira, em Sagres, e a Estrada Nacional n.º 268, à entrada de Sagres.
«Nunca ouvi o executivo apresentar soluções. Numa localidade que marca o princípio do mundo [dos Descobrimentos Marítimos], para quem aqui chega isto parece que é o fim do mundo!» – lamentou Cristóvão Norte, numa alusão ao estado de degradação dessa via, sem bermas, nem iluminação adequada, entre outras lacunas.
«O Algarve precisa de uma voz» e «Paula Freitas é uma voz forte, diz o que tem a dizer» – assinalou o deputado do PSD, enquanto se ouviam aplausos. E considerou que o concelho de Vila do Bispo vai «abrir uma nova página com Paula Freitas».
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«Ao Forte de Almádena só se vai de jipe», devido ao mau estado do caminho
Seguiram-se os candidatos às assembleias de freguesia. Bruno Gaio, de 40 anos, empresário da restauração e que encabeça a lista em Budens, resumiu o seu discurso com elogios à candidata a presidente da Câmara Municipal, Paula Freitas, reforçando que com ela, será a oportunidade para se ver «a nossa terra em muito boas mãos», numa alusão ao slogan da campanha da coligação liderada pelo PSD.
«Temos uma equipa muito motivada numa freguesia de que fazem parte Salema, Budens, Figueira, Vale do Boi e Burgau, onde muito pouco se fez nos últimos anos e muito há a fazer», disse Bruno Gaio, referindo-se, nomeadamente, aos serviços de saúde, à «falta de limpeza» numa zona «onde falta uma Junta mais próxima da população, parques infantis e creches, actividades desportivas e eventos culturais, não apenas no Verão». «É necessário planear o futuro, modernizar a freguesia. Ao Forte de Almádena só se vai de jipe», alertou o candidato, criticando caminhos em mau estado de conservação.
«Estamos preparados para trabalhar com transparência e alertar as entidades para resolver os problemas em tempo útil», garantiu o primeiro candidato da coligação liderada pelo PSD à Assembleia de Freguesia de Budens, Bruno Caio, apelando ao voto no dia 26 de Setembro.
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As lacunas na freguesia de Sagres
Por sua vez, Joana Neves, de 35 anos, licenciada em enfermagem e directora de um empreendimento em Sagres, onde encabeça a lista à Assembleia de Freguesia, enumerou as carências existentes nesta zona do concelho de Vila do Bispo, designadamente um «ateliê de Ocupação dos Tempos Livres, incentivos ao associativismo, ao desporto, proximidade à população e apoio aos mais idosos, toponímica com números de polícia em todas as ruas, a requalificação do Mercado de Sagres e proximidade com as empresas».
«A entrada de Sagres continua a ser preocupante devido ao estado em que se encontra a Estrada Nacional 268. Há que melhorar a entrada das praias, nomeadamente com lava-pés e melhores acessos. É preciso um Parque de Merendas. Há que limpar (...) a vila de Sagres», sublinhou Joana Neves, defendendo «pressão» junto da Câmara e da EDP «para a iluminação pública na Rua Infante Dom Henrique».
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«Somos portugueses de categoria inferior, num município que não tem SAP [Serviço de Atendimento Permanente]» na saúde
Pouco depois, com a mandatária sempre no palco, José Jaime Sousa, de 59 anos, mariscador e candidato à Assembleia de Freguesia de Vila do Bispo e Raposeira, começou por destacar o facto de a sua equipa ser constituída por «pessoas humildes, sem segundas intenções», o que provocou aplausos na assistência.
Recordou os 30 anos em que foi comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila do Bispo – «o que me obrigou a um esforço mental, com muito “stress” e muita preocupação» – e membro da Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia local.
«Podia estar bem como estou, no anonimato», admitiu José Jaime Sousa, mas Paula Freitas «insistiu para que eu fosse candidato à Junta». «Perante a história, não recusei, perante este leque de pessoas tive de aceitar», explicou. Sobre o programa, apontou a saúde, a habitação e a educação como «três pilares básicos» para a freguesia de Vila do Bispo/Raposeira, além do desporto. «É isto que os eleitores esperam que a Junta de Freguesia deve propor à Câmara Municipal», avisou o candidato.
«O concelho retrocedeu e não tem condições em relação à saúde e à habitação. Por exemplo, tínhamos médicos e enfermeiros residentes, e uma unidade com camas. Hoje, temos um centro de saúde só para consultas das 09:00 às 17:00 horas e que está encerrado aos fins-de-semana. Para urgências, temos a 40 quilómetros o Hospital do Barlavento, em Portimão. Somos portugueses de categoria inferior, num município que não tem SAP [Serviço de Atendimento Permanente]» – lamentou José Jaime Sousa.
Refira-se que a coligação liderada pelo PSD não concorre à Assembleia de Freguesia de Barão de São Miguel.
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«É muito difícil não ter dívida. Eu pergunto: o que é isso de ter dívidas? Ao fim de 12 anos, não deixei praticamente obra nenhuma (...)» por executar. «Quem fala em dívida não sabe o que é dívida, não sabe o que é gestão», diz o ex-autarca de Vila do Bispo, Gilberto Viegas, agora candidato à Assembleia Municipal
Já pelas 20:08 horas, o ex-presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Gilberto Viegas, agora primeiro candidato à Assembleia Municipal, numa intervenção que se prolongou por mais de trinta minutos atacou o executivo autárquico, até há poucos meses sob a responsabilidade do socialista Adelino Soares (recentemente nomeado vogal do Conselho de Administração da empresa de tratamento resíduos sólidos Algar, com sede em Almancil, no concelho de Loulé) e o governo de António Costa.
«Nestes 12 anos, há a sensação de que o concelho de Vila do Bispo parou no tempo e essa é a razão principal porque decidi aceitar o convite da professa Paula Freitas», afirmou Gilberto Viegas, para quem «era mais cómodo assistir de fora». Contudo, «estou aqui contra ventos e marés», assumiu, lamentando o facto de Adelino Soares se desculpar com a dívida que, na altura, encontrou na câmara, no montante de cinco milhões de euros. «É muito difícil não ter dívida. Eu pergunto: o que é isso de ter dívidas? Ao fim de 12 anos, não deixei praticamente obra nenhuma por executar», lembrou Gilberto Viegas.
«Se há necessidades para a população, equipamentos que devem ser construídos, então que sejam com dinheiro da Câmara Municipal, ou com financiamento da banca. Quem fala em dívida não sabe o que é dívida, não sabe o que é gestão», sublinhou o ex-autarca, destacando algumas obras da sua responsabilidade, como por exemplo, o lar de idosos de Budens e a creche.
«Quando não se é capaz de empreender, a solução é desculpar-se com os outros», acusou, num recado ao socialista Adelino Soares. «Eu enfrentei as dificuldades, era essa a minha função como presidente da Câmara», notou.
Lamenta que Rute Silva, actual presidente da autarquia e candidata ao cargo, diga agora à população que «não fiz porque o presidente (Adelino Soares) não deixou fazer, quando ela própria aprovou tudo e nunca disse que discordava».
A certa altura da sua intervenção, Gilberto Viegas lembrou quando Rute Silva ingressou na autarquia, em 2009, «como psicóloga estagiária, no tempo em que ele era o presidente. Passados anos, «surpreendeu-me quando se
candidatou em segundo lugar» na lista do PS, o que significava que era «candidata contra mim». E ao questionar Rute Silva sobre essa candidatura, «respondeu-me: “Isto muda”. (...) Doze anos depois, mudou para onde? É isso que tem de ser avaliado», observou.
Por outro lado, Gilberto Viegas lamentou que Rute Silva, até há pouco tempo vice-presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo e responsável pela área do apoio social, diga agora à população que «não fiz porque o presidente (Adelino Soares) não deixou fazer, quando ela própria aprovou tudo e nunca disse que discordava». «Falta motivação e liderança» na Câmara de Vila do Bispo, denunciou.
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«Há dois hospitais obsoletos numa região com mais de um milhão de turistas no Verão. Com tanta “bazuca”, o Algarve não tem direito a uns trocos para se modernizar?...»
No tocante ao Algarve, Gilberto Viegas não poupou críticas aos cinco deputados do PS do círculo eleitoral de Faro naAssembleia da República, e elogios ao PSD. «Só se ouve a voz do deputado do PSD Cristóvão Norte sobre os problemas do Algarve». Em relação ao governo do primeiro-ministro António Costa, questionou se, ainda, haverá Hospital Central nesta região e electrificação da linha férrea, actualmente sem condições entre Tunes e Lagos, agora com os milhões de euros da chamada “bazuca” europeia, como é conhecido o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em Portugal.
«Há dois hospitais obsoletos numa região com mais de um milhão de turistas no Verão. Com tanta “bazuca”, o Algarve não tem direito a uns trocos para se modernizar...?» – perguntou Gilberto Viegas, que concluiu a sua intervenção a evocar o socialista José Francisco Boaventura, antigo presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, recentemente falecido.
«Merece de todos nós a homenagem à sua memória. Que descanse em paz. A Câmara Municipal deve prestar uma homenagem e não apenas publicar um voto de pesar» – frisou Gilberto Viegas, em mais um recado à actual presidente Rute Silva.
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«Só é pena que o Algarve não tenha mais candidatas do PSD», nota, em jeito de recado, o vice-presidente da Comissão Nacional do partido, David Justino
Pelas 20:42 horas, tomou a palavra o vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD, David Justino. E começou logo por deixar um recado: «Na política não há gratidão, pelo menos que haja reconhecimento». Ao considerar-se «fã de Paula Freitas», candidata à presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo, aproveitou para lançar um outro recado, endereçado ao seu próprio partido: «Só é pena que o Algarve não tenha mais candidatas do PSD». E em jeito de ironia, acrescentou que Paula Freitas vai abrir um «precedente gravíssimo. Irá haver propagação mais rápida do que a Covid...».
A nível nacional, «40 por cento dos candidatos das listas do PSD são independentes e essa é mais uma homenagem do partido que tem a obrigação de incorporar na sociedade essas pessoas».
«O governo do PS promete tudo e há sempre desculpa para não cumprir. Paga promessas com novas promessas (...) Não vejo nada de novo em Vila do Bispo. Há que criar condições, oportunidades para a fixação dos jovens, através de emprego, habitação e equipamentos», disse David Justino, deixando um conselho à candidata do seu partido: «Prometa menos do que é capaz de fazer».
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Paula Freitas: «A autarquia não pode parar. Isto está um desnorteio (...) Não acredito que um funcionário da Câmara se reveja numa desorganização destas»
Como lhe competia, Paula Freitas, candidata à presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo, encerrou o comício de apresentação da coligação liderada pelo PSD. Foi a sua estreia nestas andanças e perante dirigentes do partido, como nos contaram.
Eram 20:57 horas quando a mandatária a chamou ao palco e decidiu entrar logo ao ataque devido ao local da realização deste encontro: «Ontem à noite [13/09/2021] nós ainda não sabíamos se íamos ter Centro Cultural. Isto demonstra o desnorteio, a falta de liderança vivida na Câmara Municipal de Vila do Bispo actualmente (ouvem-se palmas durante alguns segundos). Não é porque hoje [14/09/2021] se iniciou a campanha eleitoral, não é por a actual presidente da Câmara, que assumiu funções, andar em campanha. A autarquia não pode parar. É porque isto está um desnorteio. O que aconteceu connosco, possivelmente já aconteceu com outras pessoas, a qualquer organização».
E acrescentou: «Não acredito que um funcionário da Câmara se reveja numa desorganização destas. Temos funcionários competentes, pessoas de valor.»
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«Fiquei alarmada com a quantidade de funcionários, de técnicos, que abandonou a Câmara Municipal nos últimos tempos. Pessoas válidas, pessoas que fazem falta»
«Antes de partir para o meu projecto de campanha, a minha resposta de acções – prosseguiu – eu fiz um diagnóstico e fiquei alarmada com a quantidade de funcionários, de técnicos, que abandonou a Câmara Municipal nos últimos tempos. Pessoas válidas, pessoas que fazem falta. Um concelho não é o presidente da Câmara, não é a vereação; um concelho é as pessoas que trabalham, é a pessoa que recolhe o lixo, é a pessoa que limpa o Centro Cultural, é a pessoa que faz o atendimento ao público. Quem fica a ganhar? Claro que é o presidente da Câmara que fica com uma boa imagem. Mas para o presidente da Câmara ter essa imagem, o que teve de acontecer? Ter capacidade para liderar essas pessoas, de motivar essas pessoas».
Se for eleita a próxima presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Paula Freitas promete, desde já, «valorizar» os funcionários. «Estou a falar dos últimos anos como professora. Sempre valorizei não só os alunos que tenho na frente. Acima de tudo, eu não sou boa professora se tenho uns excelentes alunos; eu sou boa professora se consigo motivar os alunos que são mais fracos, que apresentam dificuldades (palmas na assistência). Quando consigo atingir o sucesso é com esses alunos. E na Câmara é a mesma coisa. Nós temos funcionários com mais dificuldades, com menos dificuldades. Então, temos de fazer o quê? Garantir-lhes a formação», afirmou.
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«Quando nós nos deslumbramos, perdemos o norte»
Paula Freitas pediu prudência, pois, avisou, «quando nós nos deslumbramos, perdemos o norte». Depois de meses com estabelecimentos comerciais e restaurantes encerrados devido à pandemia da Covid-19, a candidata está contra eleições no mês de Setembro. Muitos dos seus apoiantes não estiveram presentes na apresentação dos candidatos desta coligação liderada pelo PSD, porque estão a trabalhar. «Quem sou eu para pedir às pessoas: deixem o vosso negócio, acompanhem-me». E evocou a imagem da vida da formiga ao «colher no Verão para comer no Inverno».
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«Tenho os maiores críticos na minha casa e eu ouço-os (...) A família é o meu suporte»
Nesta nova aposta política, Paula Freitas garantiu que os filhos a incentivaram, deram-lhe “força” para avançar como candidata à presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo. «Tenho os maiores críticos na minha casa e eu ouço-os. Tenho essa capacidade. A família é o meu suporte», realçou Paula Freitas, destacando o apoio da sua neta Joana, de 6 anos.
Sobre os problemas no concelho, referiu que «são os alunos que me dizem: professora, a escola está velha; os pais, que me dizem: a escola não tem condições». E «os colegas disseram-me: perde-se uma boa colega, mas vamos ganhar uma boa presidente de Câmara» (palmas).
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«Não é preciso ser o presidente de Câmara a autorizar a pintar uma escola. São competências de quem tem a área da educação»
Por outro lado, lembrou uma notícia nos órgãos de comunicação social, destacando financiamento para escolas do Algarve: «No conteúdo da notícia havia 63 escolas, mas a Escola do 1o. Ciclo de Vila do Bispo que, neste momento, se encontra em contentores, não estava contemplada. Uma nova creche no concelho não estava contemplada», lamentou Paula Freitas, queixando-se igualmente da falta de condições no jardim de infância. «Não é preciso ser o presidente de Câmara a autorizar a pintar uma escola. São competências de quem tem a área da educação» – observou, em tom crítico e recebendo mais aplausos.
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«Para uma criança, um jovem ter música, ballet, teatro, natação, onde é que vai? Tem de ir ao concelho vizinho, a Lagos»
No concelho de Vila do Bispo «para uma criança, um jovem ter música, ballet, teatro, natação, onde é que vai? Tem de ir ao concelho vizinho, a Lagos em transportes da autarquia, tal como os mais idosos.» «Será que não era mais fácil projectar, planear para os nossos jovens, para os nossos idosos, condições» para essas actividades? «Penso que sim. E há capacidade de fazer isso».
«Há que criar soluções, há que criar investimento para fixar os jovens», alertou Paula Freitas, considerando que «não resolve» apenas o apoio económico da autarquia quando nasce uma criança. A família «fica com o subsídio e depois faz o quê? Passado um tempo vai embora. Isto não pode acontecer».
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«Não é com teletrabalho que nós vamos ajudar as pessoas. Temos de ter aqui um Gabinete que apoie a população»
A determinada altura, recordou que em plena crise provocada pela Covid-19, houve «situações dramáticas» no concelho de Vila do Bispo, atingindo as classes mais desfavorecidas. «Pessoas que não tinham problemas no seu emprego e de repente, por força da Covid, ficaram sem emprego. E é muito grave quando uma pessoa tem de ir pedir a alguém: eu preciso de ajuda, preciso de comida. Porque nem toda a gente tem essa capacidade de mostrar perante a população que está a precisar de ajuda», alertou.
Por isso, defendeu, «temos de criar condições em que as pessoas se sintam seguras. Não é com teletrabalho que nós vamos ajudar as pessoas», observou a candidata à presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo. «Temos de ter aqui um Gabinete que apoie a população» (palmas).
Para elaborar o programa eleitoral, Paula Freitas andou «na rua a ouvir a população». «Não andei a fazer campanha», notou, adiantando que «uma folha A3 não chega» para anotar «as muitas necessidades» que lhe foram transmitidas pelos habitantes do concelho.
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Escolas, reabilitação dos centros históricos, rede viária e apoio à economia local
Além das lacunas existentes nas escolas, que tão bem conhece como professora, destacou: «Claro que não fica esquecida a reabilitação dos centros históricos; claro que não fica esquecida a reabilitação dos espaços públicos, dos equipamentos; claro que não fica esquecida a rede viária no concelho; claro que não fica esquecida a entrada de Sagres (é interrompida com fortes aplausos na assistência); claro que não fica esquecido apoiar a economia local nos diversos sectores – pesca, pesca artesanal, agricultura, comércio, turismo; incentivar o empreendedorismo jovem; apoiar as empresas locais, dinamizar um Gabinete de apoio ao desenvolvimento económico».
Nesse sentido, Paula Freitas prometeu que, consigo na presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo, «esse gabinete não vai servir só o empreendedor, vai servir a população em geral», referindo-se, nomeadamente, ao apoio a prestar aos habitantes quando, por exemplo, pretendem comprar uma casa.
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«Tenho capacidade para motivar os funcionários e não preciso de acabar com o horário da jornada contínua»
Neste seu discurso, com alguma emoção à mistura, garantiu que a única garantia que deixa é «melhorar o concelho, colocar a nossa terra em boas mãos», como, de resto, indica o slogan da sua candidatura (aplausos). «Temos a visão estratégica para resolver os problemas imediatos, mas também para antecipar o futuro», salientou.
Numa altura em que se diz «não votem na Paula porque a Paula vai acabar com o horário da jornada contínua na Câmara», assegurou: «Não preciso de acabar com o horário da jornada contínua. Tenho é de criar condições a nível administrativo em que o munícipe se sinta satisfeito, em que se motivem os funcionários quando trabalham das 09:00 às 15:30 horas. Tenho capacidade para motivar os funcionários da autarquia e não preciso de acabar com o horário» (mais aplausos).
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«Mudar» o concelho e «sair do descontentamento»
Já nas despedidas, Paula Freitas chamou os candidatos aos vários órgãos autárquicos do município de Vila do Bispo, presentes no Centro Cultural, tendo subido ao palco um total de três dezenas de pessoas, altura em que apelou ao voto na sua equipa para o concelho «mudar» e «sair do descontentamento». Eram 21:30 horas, quando terminou o comício de apresentação da coligação liderada pelo PSD, que quer deixar “A Nossa Terra em Boas Mãos”, e pouco depois Paula Freitas abraçou-se, emocionada, à sua neta Joana, de 6 anos, que veio ao seu encontro junto à saída de uma das portas do Centro Cultural de Vila do Bispo.
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Carlos Conceição
José Manuel Oliveira