Antigos treinadores de futebol do Clube Desportivo de Odiáxere, Mário Leão e José Araújo, rumaram esta época à Arábia Saudita

Os antigos treinadores do Clube Desportivo de Odiáxere (CDO) rumaram nesta época à Arábia Saudita:
Mário Leão, que já foi treinador dos Seniores do CDO, e na última época era o treinador dos Sub-19 do mesmo clube, que foram vice campeões distritais. Agora é o director técnico dos jovens da academia do Ettifaq.
O José Araújo que foi treinador nos sub15 do CDO, e também coordenador do União Atlético clube de Lagos, na época transacta foi treinador do Unggul FC, que militava a 1 Divisão, na Indonésia, e que agora é treinador de jovens na academia do Ettifaq.
Desde final de Agosto de 2025, os antigos treinadores do CDO, Mário Leão e José Araújo rumaram à cidade de Khobar, na Arábia Saudita para treinarem a academia do Al Ettifaq Football Club.
Terminada a época transata receberam a oportunidade, através do empresário de ambos, Vitor Hugo da Union Sports Agency para irem, juntamente com outro treinador algarvio para academia do Ettifaq FC. O Mister Mário Leão é o Director Técnico da Academia, enquanto o mister José Araújo é treinador de algumas equipas jovens, enquanto Gonçalo Camacho é treinador de guarda-redes, responsável pelo treino de todos os jogadores desta posição da academia.
A academia faz parte do Clube, e existe uma ligação direta em toda a estrutura. O clube é dos históricos da Arabia Saudita, na qual já conquistou vários títulos. Todo o clube está situado numa grande rua, com o estádio principal com capacidade para 15 mil pessoas, no início dela. Depois o centro de treinos da equipa principal com 3 campos de relva de futebol de 11, de seguida o centro de treinos da formação com 2 campos de relva de futebol de 11, e no fim da rua o centro de treinos da academia, com 1 campo de futebol de 11 e 4 campos de futebol de 7 todos sintéticos.
No que respeita à academia, neste momento tem 230 atletas dos 4 aos 16 anos, sendo um dos objectivos chegar aos 300 atletas. Contudo, o principal objectivo é potenciar os jogadores para darem o salto para contextos superiores dentro do próprio clube. Na última época, 11 jogadores passaram da academia para as equipas principais do clube, sendo que nesta época o objectivo dos treinadores portugueses é aumentar consideravelmente esse número.
“A academia tem condições de topo, no que respeita a recursos físicos, materiais e humanos. Temos uma boa equipa de trabalho por trás dos treinadores, que lhes dá todas as condições, e assim permite-lhes ao máximo estarem focados no seu trabalho de potenciar os jogadores, em todas as vertentes, seja técnica, táctica, física e até psicológica para eles estarem mais preparados para o futebol profissional, sem nunca desfraldar a componente lúdica do projecto, pois os jogadores têm de ser felizes a aprender e a desenvolver o seu futebol.
Em relação ao país, a Arabia Saudita está a abrir-se ao mundo dia após dia, e cada vez mais parece não existir muita diferença para a Europa. Na cidade onde os treinadores estão (Khobar), as infraestruturas são de topo, estradas, edifícios, hospitais, centros comerciais, é tudo muito bom, o que faz com que seja mais fácil a adaptação à cultura. Existe muitos locais para lazer, seja em termos de desporto, com vários ginásios, campos de padel, futebol, etc etc, onde vemos muita gente a praticar desporto, seja espaços culturais, como monumentos, teatros, concertos, cinemas, ou de apenas de confraternização, através de muitos cafés, lounges, rooftops, onde a grande parte da população passa os seus fins de semana. As pessoas são muito simpáticas e tentam ajudar, sendo que 40% da população do país é estrangeira, logo existe também uma multiculturalidade dentro da Arabia Saudita o que é muito enriquecedor, porque permite o contacto com pessoas vindo de diferentes contextos, realidades e países.
O clima é muito quente no verão, com temperaturas a ultrapassar os 50 graus, onde treinar é um pouco complicado, mas ao longo do tempo vai baixando, estando neste momento em Outubro um clima próximo com o de verão português, sendo um bonito país perto do Golfo Pérsico para visitar.”
Correio de Lagos – Desde logo, perguntar se pesou na vossa decisão de rumar para a Arábia Saudita, o facto de grandes craques portugueses /jogadores e treinadores), destacando-se Cristiano Ribaldo e Jorge Jesus, que têm sucesso e são mediáticos?
Mário Leão – Não, não pesou. O que pesa, ainda assim, é que o facto de haver portugueses de renome na Arábia Saudita faz com que o mercado procure mais portugueses. O português, atleta e treinador, é muito bem visto por aqui.
O que pesou na decisão foi a importância do clube, o projecto, a parte financeira, e a abordagem. Havia muito interesse do clube e isso foi algo muito positivo.
José Araújo – Não. O que me levou a vir para cá, assim como no passado me levou à Indonésia, são 3 coisas: oportunidade de conhecer novas realidades, a aventura que é descobrir um novo país, e o salário que faz com que a minha vida fique mais fácil quando quiser voltar a Portugal.
CL – Que diferenças encontram entre o futebol da Arábia Saudita e a realidade do futebol português?
ML- Talvez sejam mais as semelhanças do que as diferenças, já que falamos de um futebol com muita qualidade técnica, com tendência para o crescimento táctico, e sem grande prevalência do físico.
Há cada vez mais jogadores estrangeiros, e que retiram espaço ao atleta saudita, tal como em Portugal.
JÁ – Para mim, a grande diferença, pelo menos neste contexto onde estamos inseridos é a intensidade do jogo. Não acredito que seja das condições atmosféricas, como nós pensávamos. É uma questão de mentalidade, e isso está a mudar com a vinda de muitos treinadores estrangeiros para as grandes equipas, como também para a formação e da própria especialização do treinador árabe. Acredito que o jogador árabe e o futebol da Arábia Saudita irá ser ainda mais forte no futuro, pois a aposta tem sido acertada e os frutos irão aparecer ano após ano.
CL – Está no vosso horizonte regressar a Portugal nos próximos tempos, ou vão continuar a ganhar bagagem para outros voos?
ML – Não, não tenho em mente regressar nos próximos tempos. Se possível, pretendo ficar na Arábia Saudita e continuar a evoluir tanto na vertente do treino como da Direção Técnica.
JÁ – Eu já não faço planos a médio/longo prazo. Sou treinador há 9 anos, e já treinei em 3 países distintos, em 9 cidades diferentes e em vários clubes. Logo deixei de fazer planos já há algum tempo, vou para onde achar que vou ser mais feliz, fico se achar que é aqui que eu sou mais feliz. E é isso que me move no futebol, a felicidade! Neste momento sou muito feliz no Ettifaq.
CL – Parece que o Clube Desportivo de Odiáxere se tornou uma escola de treinadores. Qual é a vossa opinião, perante a experiência que ambos tiveram neste emblema lacobrigense?
ML – O Odiaxere é um clube que facilmente fica no coração de quem passa por lá. Tive duas curtas passagens, tanto em seniores como em juniores, e em ambas vivi momentos felizes. É um clube diferente, com pessoas muito dedicadas, como a Sofia, o Rui e o Otávio, e que merecem todo o sucesso.
JÁ – Só quem lá passa é que sabe a forma como o Odiáxere nos marca. Para mim sou eternamente grato pelo Odiáxere, porque foi o clube que apostou em mim, quando me mudei para o Algarve. Não sei onde eu estaria se não fosse o Odiáxere. Porque apostar num treinador quando ele já tem moral no Algarve é fácil, mas dar oportunidade a um treinador que com 23 anos tinha vindo de outra cidade (a treinar seniores, é verdade) mas sem conhecimento do futebol algarvio, é mais difícil, e o Odiáxere fez isso. Tive lá um ano apenas, entretanto já se passaram outros três, mas cada vez que vou ao clube continuo a sentir o carinho da direção, dos jogadores, e dos adeptos, e isso faz-me ser muito feliz e grato por ter defendido as suas cores.
CL – Pretendem deixar alguma mensagem para os algarvios e particularmente para os lacobrigenses e o CDO?
ML – Que o Algarve continue a produzir talentos, tanto atletas como treinadores, que orgulhem a região e os clubes. Somos bons a fazer talento, e ainda podemos melhorar, mas precisamos de melhorar a parte da gestão e do investimento para produzirmos ainda mais, e até manter os talentos.
Ao CD Odiáxere, desejos de uma boa época desportiva, em especial ao amigo Ruben Peres dos sub19, e que atinjam todo o sucesso que merecem.
JÁ – Continuem a trabalhar e acima de tudo a sonhar! Quando queremos muito uma coisa e temos a força de vontade, o espírito de sacrifício e a lealdade que vi jogadores e treinadores algarvios terem, podemos fazer qualquer coisa e atingir qualquer objetivo. Por isso sonhem e trabalhem pelos vossos sonhos! Ao CDO desejo o maior sucesso, ao Rui, ao Octavia, à Sofia, e a toda a estrutura, especialmente ao meu grande amigo e antigo colega Ruben Peres dos sub19, e aos vários antigos jogadores meus que estão nos seniores e que me fazem ser um privilegiado por os ter treinado!




