O Algarve é o destino eleito por campistas e autocaravanistas de diversas regiões de Portugal, bem como de outros países, em teletrabalho ou lazer. O dirigente do Eco Camp Salema, Joaquim Lourenço, afirma que «Em tempos de pandemia, é uma honra sermos escolhidos por dezenas de pessoas para poderem, em família, passar esta tormenta».
A zona reservada ao Autocaravanismo no Eco Camp da Salema conta com mais de uma centena de ocupantes, dos quais fazem parte os habituais turistas reformados e outros que chegaram após a pandemia. A possibilidade de estar perto da natureza, as temperaturas amenas e o clima de segurança são factores apontados para a escolha de teletrabalho no Sul do país.
O dirigente da Associação dos Parques de Campismo do Alentejo e do Algarve (APCAA), Joaquim Lourenço, declarou ao Correio de Lagos que «este ano, devido ao surto pandémico que assolou a Europa, muitas foram as pessoas que decidiram passar a época de Inverno fora das suas cidades no centro da Europa. O cliente típico dos anos anteriores, sénior e reformado, decresceu. Em compensação, o cliente jovem na faixa etária que vai dos 25 aos 45 anos aumentou». Sendo o distanciamento social cumprido, muitos turistas optam por este ambiente como espaço de trabalho, dando lugar a um «novo tipo de turismo».
São várias as nacionalidades que o Eco Camp Salema acolhe, desde alemães, holandeses, ingleses e franceses. Com todas as condições essenciais nas suas autocaravanas, desde cozinha a casa-de-banho, apenas há a necessidade de sair para comprar comida ou passear os animais de estimação. O dirigente e proprietário do Eco Camp Salema refere que «grande parte destes turistas em confinamento na natureza são praticantes de Surf, amantes de desportos de natureza e, tendo nós as condições de segurança, de Internet rápida e de um espaço para trabalho, somos então percursores de um novo tipo de turismo» e acrescenta que esta será uma tendência a crescer nos próximos tempos, devido à possibilidade de ensino e trabalho à distância.
Ao que o CL apurou, turistas ingleses afirmam que se sentem mais seguros em Portugal do que no Reino Unido. Defendem que aqui há um maior cumprimento das restrições impostas pelo Governo, assim como a utilização de máscaras e locais a serem desinfectados.
O dirigente deste parque de campismo aponta também a fraca densidade populacional, o espaço da Costa Vicentina e o espírito de comunidade e de respeito como factores para a escolha do confinamento na região algarvia.
Embora em Março de 2020 os parques de campismo tenham tido obrigatoriamente que encerrar devido ao confinamento decretado pelo Governo, tiveram a opção de reabrir em Maio com uma lotação máxima de dois terços da sua capacidade total.
Já para a entidade que gere a Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo no Algarve, esta é apenas parte do que se passa no Algarve, estimando que o mesmo se verifique em termos de Campismo Selvagem e ocupação de parques ilegais.