O presidente da Câmara Municipal de Albufeira agradeceu à Confederação de Turismo Português e disse estar muito feliz por este ano as Comemorações do Dia Mundial do Turismo realizarem-se em Albufeira.
José Carlos Rolo sublinhou que o Turismo é uma das principais atividades económicas em Portugal, no Algarve e, particularmente, no concelho de Albufeira. “É uma atividade extremamente impactante na dinâmica e nos resultados de outras atividades que dependem direta ou indiretamente do turismo e fortemente dependente das condições financeiras e económicas a nível interno e externo. Daí ser uma das primeiras atividades a acusar qualquer crise, mas também das que mais rapidamente recupera e o melhor exemplo está na crise pandémica de 2020 e 2021 e na retoma que aconteceu logo nos dois anos seguintes, 2022 e 2023”. O Turismo representa 15,8% do PIB e é uma atividade transversal a todo o território nacional. Movimenta e influencia vários setores da economia, do primário ao terciário, dependendo, igualmente, de todos eles”, disse. O autarca destacou que os números de 2023 estão ao nível de 2022 e 2019, mas que apesar deste cenário encorajador é preciso ter cautela devido a todas as incertezas em relação ao futuro. Um dos temas que referiu como obrigatório refletir e agir com urgência, reunindo Governo, empresários e autarquias, tem a ver com a escassez de mão-de-obra qualificada e o alojamento para os trabalhadores do setor. O responsável máximo pelo Município de Albufeira não quis deixar de realçar “a importância do Alojamento Local, atividade que contribuiu fortemente para a requalificação do turismo, acabando com a maior parte das camas paralelas, pelo aumento de impostos para o Estado, pela dinâmica que deu à economia local e pela requalificação urbana que contribuiu para o melhoramento de muitas cidades. José Carlos Rolo abordou também a segurança de pessoas e bens como um dos fatores mais importantes para a escolha do destino, chamando a atenção para que as zonas densamente turísticas, como Albufeira, que passam de 44 mil habitantes para aproximadamente meio milhão de pessoas durante a época alta do turismo têm dificuldades acrescidas neste aspeto, sendo imperioso elaborar e colocar em prática um Plano de Segurança adaptado ao número de pessoas presentes no local. De igual forma é imprescindível promover o reforço dos meios humanos e materiais na área da emergência médica. No seu discurso falou também do problema das alterações climáticas e da descarbonização, da transição digital ao serviço da atividade turística, quer ao nível da promoção quer da operação. “A transição energética, não podemos esquecer, é fundamental para a sustentabilidade do setor”. A terminar a sua intervenção questionou o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda com a seguinte questão “considerando a importância da atividade para a economia do país será que não merecíamos ter um Ministério do Turismo”.
No âmbito da sua intervenção, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, aproveitou para anunciar o financiamento de 100 milhões de euros destinados a empresas do setor, dos quais 30 milhões correspondem ao reforço, até 2025, da Linha + Algarve, dirigida a continuar a apoiar a requalificação de empreendimentos da região.
Já Francisco Calheiros, presidente da CTP, referiu que as Comemorações do Dia Mundial do Turismo e a realização desta Conferência marcam a “rentrée” da atividade na pérola do turismo português. “Temos um destino de excelência, maduro e que vai continuar a atrair turistas”. A conjuntura internacional é difícil, dificultando os investimentos devido aos custos de contexto; sendo que a atividade depende muito de fatores externos. O Turismo é o setor que mais conta para a economia nacional, que melhor se tem adaptado às dificuldades, que tem capacidade para arrastar outras atividades; no fundo é um fator estratégico de Coesão Social”.Da sua intervenção destacamos as seguintes afirmações: “o Turismo é o motor da economia nacional, mas para crescer precisamos do novo aeroporto. Por outro lado, afirmou que não é acabando com o Alojamento Local que se resolve o problema da habitação, sendo necessário que o Governo dê um forte impulso ao investimento”.
António Costa Silva, que discursou a seguir ao presidente da Câmara Municipal de Albufeira, afirmou que “temos que fixar em Portugal o maior centro de excelência do Turismo para o futuro e temos que ter o selo da sustentabilidade no topo das nossas prioridades”. O ministro da Economia e do Mar destacou como grande desafio para o setor, “definir o modelo para o futuro do turismo para atrair cada vez mais pessoas”.
Seguiu-se a intervenção de Miguel Maya, CEO do Millenium BCP, que entre outras situações referiu o peso excessivo do turismo no PIB nacional, a questão do novo aeroporto, a gestão da água e a dessalinização, tendo referido que em Israel, 80% do consumo de água depende deste método, os atrasos na rede ferroviária e a necessidade de fixação de talento jovem.
O programa prosseguiu com dois períodos de debate; um subordinado ao tema “Turismo e o Desenvolvimento Territorial”, com a presença de Miguel Campos Cruz (presidente da Infraestruturas de Portugal); Alexandre Solleiro (CEO da Highgate Portugal); André Gomes (presidente da Região de Turismo do Algarve) e António Brochado Correia (Territory Manager Partner da PwC Portugal). O segundo debate foi dedicado ao “Algarve e o Futuro do Turismo”, tendo como intervenientes Nuno Fazenda (secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços); Hélder Martins (presidente da AHETA); José Apolinário (presidente da CCDR Algarve); António Portugal (diretor Executivo da RENA) e Nuno Sepúlveda (presidente do Conselho nacional da Indústria do Golfe). O debate foi conduzido pela jornalista Rosário Lira.
Ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, coube-lhe fazer o encerramento dos trabalhos, tendo referido que o Turismo tem sido não só um fator de sustentabilidade, mas também de coesão territorial. O presidente aproveitou para elogiar o Governo pela atribuição de 30 milhões de euros para o turismo do Algarve “é um estímulo para que a região não adormeça”, sublinhou.
O Presidente disse ter a certeza que “os empresários e os responsáveis ligados ao turismo estão atentos à qualificação no Turismo e à política de preços”, sendo que nesta última área devem ponderar muito bem. “Há que fazer um ajustamento a nível nacional com efeitos na Coesão Territorial “. Marcelo Rebelo de Sousa terminou a sua intervenção com uma nota positiva, sublinhando que “apesar do contexto internacional difícil, temos capacidade para darmos continuidade ao sucesso do Turismo em Portugal”.