A exposição prolongada aos ecrãs provoca uma sobrecarga no sistema visual, com especial impacto nos doentes com olho seco.
Numa altura em que regressamos ao confinamento e, consequentemente, à elevada utilização de aparelhos electrónicos, acabamos por estar mais expostos aos ecrãs durante grandes períodos de tempo. Por outro lado, durante esta exposição, pestanejamos menos (cerca de ⅓ daquilo que seria o normal), o que se reflecte na ausência de lubrificação em algumas áreas da nossa superfície ocular, o que poderá resultar em problemas de visão ou no aparecimento de olho seco.
A elevada exposição actual aos ecrãs, seja por razões de natureza social, de lazer ou profissional, provoca uma sobrecarga no nosso sistema visual. Assim, é importante estar atento a alguns sintomas frequentes, como a visão turva, dores de cabeça, sensação de ardor ocular, olho vermelho, lacrimejo e sensibilidade à luz. No caso de doentes com problemas oculares já diagnosticados, como é o caso do olho seco, estes sintomas podem ser manifestados com maior frequência e gravidade.
Segundo o Dr. Nuno Alves, médico especialista em oftalmologia, «há diferentes tipos de olho seco, com causa e tratamentos completamente distintos, pelo que é fundamental diagnosticar e definir um plano terapêutico adequado para cada caso clínico». Desta forma, é essencial uma observação médica, para um diagnóstico e tratamento adequados. No entanto, o especialista acrescenta ainda que «na impossibilidade de ter uma observação médica especializada atempada, tem também a possibilidade de utilizar um lubrificante artificial».
Por outro lado, há algumas acções simples que, diariamente, nos podem ajudar a tentar prevenir ou diminuir o impacto da exposição aos ecrãs. Pestanejar conscientemente e, se necessário, suplementar a lubrificação da superfície ocular com lágrimas artificiais, nomeadamente sem conservantes, são alguns dos exemplos. No caso de a actividade ser prolongada no tempo, é também importante evitar o uso de lentes de contacto, uma vez que estas podem provocar stress adicional na superfície ocular. É ainda fundamental introduzir pausas a cada hora de actividade, para retomar a frequência normal de pestanejo e, simultaneamente, permitir que o olho consiga focar-se em outras distâncias, nomeadamente para longe.
Em suma, tendo em conta que o uso de ecrãs digitais está presente de forma incontornável na nossa vida, é fundamental não só hidratar a nossa superfície ocular, mas também estar atento a possíveis sintomas que poderão colocar em causa a saúde dos nossos olhos, procurando ajuda médica, sempre que necessário. É também essencial tentar reduzir o número de horas diárias de exposição aos ecrãs e de fazer pausas regulares, que permitam a recuperação do esforço visual e ocular.