Garantir a partilha de dados sobre a história clínica do utente através de um trabalho colaborativo entre diferentes profissionais de saúde é uma das 40 medidas apresentadas no Livro Branco que a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF) vai lançar no próximo dia 22 de Novembro. A "Visão dos jovens farmacêuticos portugueses para a década" é o título do documento, criado com o propósito de melhorar a gestão de recursos na saúde, em prol da qualidade de vida de uma sociedade mais evoluída.
“Muitas vezes os farmacêuticos têm de tomar decisões sobre a saúde das pessoas sem ter na sua posse toda a informação necessária. Quando são necessários esclarecimentos acerca da terapêutica prescrita ao utente, a interação com outros profissionais de saúde é crucial, mas praticamente impossível de concretizar. Esse é apenas um exemplo dos múltiplos constrangimentos que sentimos diariamente.” esclarece Manuel Talhinhas, presidente da APJF.
O Livro Branco foi redigido por cerca de 100 jovens farmacêuticos, em colaboração com especialistas de várias áreas (profissionais de saúde, académicos, decisores políticos e pessoas que vivem com doença). A obra contempla a visão desses intervenientes sobre temas emergentes do sector da saúde em Portugal, com destaque para os seguintes: reforçar o papel dos profissionais de saúde enquanto agentes activos no combate à desinformação em saúde junto da população; garantir a partilha de dados entre profissionais de saúde e diferentes prestadores de cuidados nessa área, potenciando os resultados para o cidadão; incentivar o trabalho interdisciplinar e colaborativo; incluir as pessoas que vivem com doença nas decisões sobre o acesso ao medicamento.
A APJF acredita que o resultado da sua reflexão consiga impactar, nacional e internacionalmente, decisores políticos e outros stakeholders, “através da identificação das dificuldades atuais do sector da saúde e de propostas de mudança. Num momento em que cerca de 40% dos farmacêuticos activos tem idade inferior a 35 anos, torna-se imperioso que tenhamos uma voz activa na definição de medidas que visem a melhoria do bem-estar dos portugueses”, adianta Manuel Talhinhas.
Perspectivando também a influência da intervenção da APJF a nível internacional, é sua ambição abrir uma “discussão fora de portas” envolvendo stakeholders relevantes do sector que possam encontrar na visão destes profissionais, a inspiração para os planos que ditam as tendências a nível internacional.
Sobre o Livro Branco
O livro reflecte a visão dos jovens farmacêuticos em áreas que serão alvo de uma grande transformação nos próximos anos, antecipando um futuro replecto de oportunidades e de uma necessidade urgente de agilidade e adaptação.
Enquanto alicerce desta transformação, os autores do livro destacam os seguintes aspetos: a importância de uma sociedade mais informada para a saúde e bem-estar, com o reforço da literacia em saúde e o papel dos profissionais de saúde, mas também do compromisso que o próprio cidadão deverá assumir; a premência de um ecossistema de partilha de dados e informação em saúde, promotor de uma colaboração mais efectiva; a regulação de futuro para o sector farmacêutico e para a profissão e as formas de garantir um acesso universal a tecnologias de saúde e inovação, com a valorização dos dados de vida real e do papel da pessoa que vive com doença, ao longo de todo o processo.
Os autores da obra dirigem o resultado das suas reflexões aos decisores políticos, às entidades intervenientes no sector da saúde, aos farmacêuticos e demais profissionais de saúde, às associações de pessoas que vivem com doença, mas também à sociedade como um todo, com o cidadão como principal beneficiário das propostas apresentadas.
Sobre a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos
Associação juvenil socioprofissional e sem fins lucrativos, fundada em 1989, destinada a constituir uma plataforma de entendimento, solidariedade e apoio recíproco entre os jovens farmacêuticos, visando o desenvolvimento da profissão em prol dos cidadãos e da sociedade. Através da representação e defesa dos seus associados, farmacêuticos com idade inferior a 35 anos, desenvolve as suas atribuições nos domínios científico, cultural, social, pedagógico, político, profissional, cívico e internacional.