O sono é uma componente essencial para a saúde.1 Em pessoas que apresentam dor crónica, por exemplo lombalgia, são comuns as queixas de perturbações do sono como insónias, sono superficial e despertares frequentes durante a noite. Estes distúrbios do sono prejudicam o funcionamento cognitivo e físico, bem como a qualidade de vida, e estão associados a uma maior utilização dos recursos em saúde.
Filipe Palavra, médico neurologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, afirma que “entre 55% a 88% dos doentes com dor crónica apresentam perturbações do sono e mais de 40% dos doentes com perturbações do sono reportam dor crónica.” Neste contexto, recorda que “é fundamental que a abordagem à dor crónica tenha também em conta aspetos relacionados com o padrão de sono para que o tratamento e acompanhamento do doente seja o mais adequado e efectivo possível”.
Na práctica clínica, as perturbações do sono devido à dor podem ser indicativas da gravidade e do impacto a nível funcional desta patologia, existindo também evidência significativa de que esta seja uma relação bidireccional e recíproca.1 Os distúrbios do sono aumentam a sensibilização central em doentes com dor e podem também ser um factor preditivo da própria dor.1
O sono é caracterizado por um estado de consciência alterado com ciclos específicos de actividade de ondas cerebrais. Durante o sono ocorre uma libertação coordenada de substâncias neurotransmissoras e de hormonas, que regulam o crescimento, o desenvolvimento, a imunidade e as funções metabólicas.1 As perturbações do sono, como a privação do mesmo, estão associadas a muitas comorbilidades, a custos sociais e a custos de saúde (directos e indirectos)1, e devem ser avaliadas como um sintoma clinicamente importante no contexto da dor crónica.
Referências bibliográficas
1. Adam Woo & Gamunu Ratnayake. Sleep and pain management: a review. Pain Management. 2020. 1758–1869
2. Artner J, Cakir B, Spiekermann JA et al. Prevalence of sleep deprivation in patients with chronic neck and back pain: a retrospective evaluation of 1016 patients. Journal of Pain Research 2013:6 1–6
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