Os deputados do Partido Socialista (PS) do Algarve querem que o Governo continue a disponibilizar um programa de apoio à produção cultural e à criação artística como instrumento de desenvolvimento económico e de diferenciação da maior região turística do país.
Num projecto de resolução entregue na Assembleia da República, os parlamentares socialistas recomendam ainda que, em complemento a este programa e «dado o contexto de mitigação dos impactos negativos sobre a actividade das empresas» da área da Cultura decorrentes das medidas de combate à pandemia, o Governo «considere a criação de uma linha específica para as empresas do tecido cultural das regiões mais fortemente impactadas, onde se inclui o Algarve».
Na exposição de motivos do diploma, Luís Graça, Jamila Madeira, Maria Joaquina Matos, Ana Passos e Francisco Oliveira consideram que «a Cultura constitui hoje um trunfo importante para o desenvolvimento turístico e o principal elemento de singularidade para atrair a determinado espaço mais e novos visitantes». Neste sentido, «dar a um destino uma marca própria é sem dúvida um dos maiores factores de competitividade e sucesso de uma determinada região turística», defendem os deputados do PS, recordando que o Algarve, o «maior destino turístico português, tanto em número de camas, como em número de visitantes e receitas», tem vindo ao longo dos anos a desenvolver «outros produtos e experiências turísticas».
Além do Golfe, a náutica de recreio, a natureza e a observação de aves, aponta-se que o Algarve «foi também pioneiro no desenvolvimento e promoção de um conjunto de eventos de grande escala como meio alternativo e complementar de atrair visitantes durante um certo período de tempo», de que são exemplo o Master de Golfe e o Campeonato Mundial Equestre de Saltos de Obstáculos, duas provas desportivas de dimensão internacional que se realizam ininterruptamente há 12 anos, «assegurando visitantes numa época de menor procura».
Os parlamentares assinalam ainda dois outros eventos de grande impacto mundial, como o Grande Prémio de Fórmula 1 e o Moto GP, realizados no último ano e já anunciados também para 2021, que «asseguram uma visibilidade e uma posição internacional do Algarve em termos concorrenciais de enorme relevância para a notoriedade turística da região e de Portugal».
Na iniciativa legislativa refere-se que o Algarve, em conjunto com as autarquias, a Região de Turismo e os hoteleiros locais, «foi ao longo dos anos tentando complementar a sua oferta base com outras experiências designadamente também na área cultural, ainda que se admita, com menor visibilidade e reconhecimento».
Para os deputados do PS , «apesar da Universidade do Algarve ministrar um reputado curso de Artes Visuais, com destacados artistas plásticos portugueses no seu quadro docente» e de a região ser residência eleita de um notável elenco artístico, internacional e nacional, «na verdade a Cultura nunca conseguiu desenvolver todo o seu potencial económico, nem o destino turístico Algarve conseguiu materializar esta vantagem concorrencial», apesar do «esforço» que representou nos últimos quatro anos o programa "365 Algarve", promovido em conjunto pelo Ministério da Economia e pelo Ministério da Cultura.
«Sendo reconhecido que o Turismo é essencialmente cultural e que a criação artística e a Cultura são factores de competitividade e de desenvolvimento económico, parece-nos claro que o Algarve, enquanto principal destino turístico do país, deveria desenvolver uma estratégia continuada de forma a afirmar a Cultura como experiência de vivência agradável e entusiasmante para os seus visitantes e, não menos relevante, para os seus residentes», defendem os parlamentares socialistas.