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Lagos: CHEGA promoveu debate para a escassez de água!

Lagos: CHEGA promoveu debate para a escassez de água!

A 6 de Março, pela primeira vez na Assembleia Municipal de Lagos um grupo municipal convocou um debate na Ordem do Dia e que durou quase duas horas.

Com o concelho de Lagos na situação mais crítica do país em termos de disponibilidades hídricas, Paulo Rosário, coordenador do grupo municipal do CHEGA, alertou para o problema histórico da poluição da ribeira de Bensafrim. O também líder concelhio chamou a atenção para a gravidade do problema nas zonas rurais "é o segundo ano consecutivo que as populações estão sem acesso à água da barragem.

Algumas famílias dependem agora de garrafões para ter água em casa". Em resposta, a Câmara Municipal de Lagos que teve recentemente que reactivar furos para retirar água subterrânea defendeu-se com algumas medidas que tem levado a cabo, mas não convenceu nem conseguiu responder quanta água gasta com o quê.

Por fim falou-se na central dessalinizadora prometida pelo Governo central e cujas hipóteses de localização em cima da mesa são Lagos ou Albufeira. "Certamente que não haverá central antes de 2030, mas em Lagos, só mesmo a Câmara Municipal é que parece não se importar, acusa Paulo Rosário.

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Intervenção de Paulo Rosário:

Ponto 4: Alerta Vermelho: Lagos sem Água

É a primeira vez nesta AM que um grupo municipal tem a iniciativa de promover um ponto de debate na ordem do dia. O Chega entendeu que existe um tema que precisa de mais atenção por parte do poder local, o único tema aliás que talvez suplante a necessidade de habitação.

A necessidade de termos Água para os lacobrigenses.

Esta assembleia já tem muita acção feita sobre isto, e espero que como este grupo municipal, os restantes tenham hoje bastante a dizer sobre o tema e amplifiquem a importância e a urgência merecidas.

Em Portugal a água sempre foi um bem escasso.

Não é ilimitado.

Sobretudo no Sul do país está em situação de seca extrema. E de todas as zonas do país, é precisamente em Lagos que o problema está mais grave, que o risco é maior e que importa mais estarmos conscientes do que se passa.

E tendo presente que o mais importante é a água que os lacobrigenses precisam para beber, comecemos pela Água não potável.

A água da ribeira de Bensafrim é poluída.

Já o era antes de Lagos ter a actual ETAR e melhorou bastante quando esta foi construída. Mas nas últimas duas décadas, com o crescimento da população e da negligencia do poder público, a ETAR tornou-se cada vez mais ineficiente e a poluição têm-se agravado de ano para ano. Aliás no Verão passado Lagos bateu recorde de bandeiras vermelhas e praias interditas..

- Nós lacobrigenses sentimos a poluição quando olhamos para a água na marina e do Porto

- Sentimos a poluição quando vemos descargas de esgotos a saírem da nossa avenida.

- Sentimos a poluição quando estamos, moramos ou passamos pela entrada da nossa cidade sem tapar o nariz.

- E todos sentimos a poluição quando temos praias interditadas a banhos uma e outra vez, quando perdemos bandeiras azuis atrás de bandeiras azuis.

Estes anos todos a Câmara repetiu que não é da sua competência, que é um problema de outros, que é um problema de uma tal empresa águas qualquer coisa do Algarve. E sacode esta água do capote como se o município de Lagos não fosse um dos principais accionistas dessa empresa.


Mas nós sabemos o que a Câmara fez nesta matéria nos últimos anos ou o que não fez.

A pergunta que fica é se este ano iremos ter uma época balnear mais normal, ou será que passaremos mais um ano com toda a nossa excelência cada vez mais poluída? É a primeira pergunta que fica.

Sem água limpa, o turismo perde e a população sofre.

Mas Lagos está também sem água para as populações rurais.

É o segundo ano consecutivo que as populações no perímetro de rega do Alvor estão sem acesso à água da barragem da Bravura.

Não são apenas os pomares que secam e os 600 agricultores que perdem. Pela freguesia de Odiáxere algumas famílias dependem agora de garrafões para ter água em casa. Noutros locais os furos secam ou ficam com água cada vez mais salobra.

Isto é para ser levado a sério: O nível da barragem, mesmo estando fechada ao consumo rural, está pior que no ano passado. Não chove em condições.

E este verão infelizmente teremos mais lacobrigenses a depender dos autotanques dos bombeiros para ter água potável.

Lagos está sem água própria. A água que corre nas torneiras vem sobretudo de Portimão

O que é que a Câmara fez? Reactivou Furos para abastecimento à cidade.

O nosso aquífero está tão mau que nenhum agricultor em Lagos pode abrir furos de rega faz anos, desde que o poder público permitiu (e permite) surgir certas plantações intensivas. Para os furos particulares existentes fala-se em impor um autocontrolo adicional. Mas para alguns, a água subterrânea estar interdita para os rurais é problema deles. A Câmara, essa, não teve problema em reactivar furos uns meses atrás para abastecer as suas rotundas e as suas relvas? E se vai ser pedido o autocontrolo aos particulares, será que a câmara sabe quanta água subterrânea está o município a retirar para a cidade? E dessa, quanta é usada no consumo doméstico? E pode ser que possa responder também quanta água subterrânea está a ser usada nos campos de golfe e nos abacateiros?

Central Dessanilizadora.

É-nos prometida uma central de produção de água a partir da água do mar. Alguém em Lisboa começa a preocupar-se, e já levanta a probabilidade de ser instalada em Lagos. E o governo até já mudou de ideias quanto à capacidade. Já não é uma central de teste de 8 hectómetros. Já se fala de uma central com capacidade de 24 hectómetros, quase tanta água como a que está agora na barragem.

O Governo ainda não sabe como será financiada esta central, e provavelmente só para o final do ano é que será encomendado o Estudo de Impacte Ambiental.

O Governo de Lisboa pode não conseguir fazer nada disto, e certamente que não haverá central antes de 2030, mas pelo menos já vai mostrando alguma preocupação com o futuro da falta de água em Lagos.

Em Lagos, só mesmo a Câmara Municipal é que parece não se importar do que vai acontecer nos próximos anos.

Fez um ano o mês passado que esta Assembleia deliberou que a Câmara executasse um plano urgente de combate ao desperdício de água. Todas as bancadas partidárias aprovaram esta deliberação, com exceção do PSD, e quando um dia houver Atas das reuniões poderemos todos saber o que foi falado nessa reunião.

Desde Fevereiro passado que esta Assembleia Municipal mandatou a Câmara Municipal para racionar, reduzir e controlar o consumo de água para fins de estética urbana. E ainda realizar uma campanha de consciencialização e sensibilização para a escassez de água.

Houve depois ainda outras moções discutidas e aprovadas sobre o tema, uma assembleia extraordinária sobre o tema.
Um ano passou, e todos sabemos o que a Câmara Municipal fez – NADA. Bola. Zero.

Lagos está sem água. Os lacobrigenses estão sem água.

E existem responsáveis, ou que deveriam ser responsáveis, que contribuíram para a situação de hoje.

Esses responsáveis são os mesmos que permitiram que só hoje haja obras na ETAR, que permitem que até hoje, campos de golfe continuem a extrair água do nosso esgotado lençol freático ou da nossa esvaziada barragem. Responsáveis que continuam a jogar água para na rua em rotundas e separadores, em fontes e espelhos de água como este aqui atrás de nós.


Quais as desculpas? Não há desculpas possíveis quando o desperdício está à vista de todos. O que existe são responsabilidades por assumir e trabalho que não foi feito. Os lacobrigenses estão fartos de meias desculpas. Os lacobrigenses querem responsabilidade. O lacobrigenses querem acção.

Disse.

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