“Nós temos de ter a consciência de que o Ambiente tem de ser preservado”: Estas foram as palavras de Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, numa entrevista à RTP após o Festival “AfroNation”, que trouxe 20 mil pessoas à cidade.
No dia seguinte, o primeiro dia do Festival da Sardinha, a TVI faz uma reportagem em direto onde é bastante visível o uso de plástico naquele que é provavelmente o mais conhecido evento de Portimão.
Na SIC, no dia 8 em direto e no dia 9 em diferido, na rubrica “Olhá a Festa” pode-se igualmente ver inúmeros pratos, talhares, taças, invólucros e copos de plástico pelas mesas do recinto. Materiais que como sabemos são descartáveis e não biodegradáveis. Serviriam para o consumo e utilização única das cerca de 100 mil pessoas que visitaram o festival este ano.
O plástico é um dos maiores desafios do século XXI: “O mundo deve unir-se para vencer a poluição por plástico”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres a 5 de Junho de 2018.
Lembrou que as partículas de microplástico hoje presentes no oceano “superam as estrelas de nossa galáxia” e que o “nosso mundo está a ser inundado por resíduos plásticos prejudiciais. Todos os anos, mais de 8 milhões de toneladas acabam nos oceanos”.
Nesse dia Mundial do Meio Ambiente, Guterres pediu ainda que todos interrompam o uso de plásticos descartáveis, como garrafas: “Recuse o que você não pode reutilizar”, declarou.
Os números não enganam: Mais de 40% de todo o plástico produzido durante 150 anos foi usado uma única vez antes de ser descartado e, de todo o plástico produzido, apenas 9% foi reciclado. Estima-se que a produção de plástico em 2050 chegue a 33 mil milhões de toneladas e que, de acordo com a comunidade científica, por essa altura se nada for feito, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos.
Então, voltando às palavras da Presidente Isilda Gomes, se “uma cidade turística tem de se abrir ao mundo”, e se “Portimão tem turistas o ano inteiro”, não estará mais do que na altura de substituir os materiais não degradáveis de utilização única por outros mais amigos do ambiente?
A forma como se recuperam estes plásticos também deixa a desejar: Se os que sobram espalhados pela via pública preocupam, aqueles que se acumulam no rio prejudicam ainda mais. O que não está no lixo vai irremediavelmente bater ao mar, para se juntar aos tais 8 milhões de toneladas que se acumulam todos os anos, e com isso prejudicam toda a biodiversidade afeta à vida nos oceanos.
A Comissão Política Distrital do PAN Algarve deixa o repto para que se transformem as palavras em ações e que se opte pela utilização mais responsável dos materiais plásticos de utilização única eliminando de preferência o seu uso, e que se criem as condições adequadas para a reutilização e reciclagem de todos os utensílios usados em eventos futuros para que Portimão assuma o compromisso de ser verdadeiramente uma cidade mais limpa e amiga do Ambiente.