Como resultado da pandemia, a crise económica e social abateu-se de forma dramática sobre o país e sobre o Algarve. Para o Bloco, por força da monocultura do Turismo, mais de 80% da economia regional encontra-se directa ou indirectamente dependente do sector, o que tem contribuído para o avolumar da crise.
No ano de 2020, a actividade turística apresentou uma quebra de 800 milhões de euros, estimando-se que os bens transaccionáveis gerados pelo Turismo no Algarve tenham diminuído mais de 5 mil milhões de euros. Muitas empresas já não vão abrir portas, o que, na óptica do Bloco de Esquerda (BE), poderá «potenciar a chaga do desemprego que, neste momento, já atinge mais de 35.000 pessoas».
Salários em atraso, precariedade laboral e baixos salários preocupam o Bloco, que em comunicado ressaltou uma situação «grave» no Grupo Hoteleiro JJW Hotels & Resorts: existem não só salários mas também subsídios em atraso, atingindo centenas de trabalhadores desta empresa, por sua vez propriedade de um sheik árabe que detém 2 hotéis de 5 estrelas – o D. Filipa em Vale de Lobo e o Hotel Penina em Alvor, bem como o Formosa Park, no Ancão, e 2 campos de golfe, San Lorenzo e Pinheiros Altos, na Quinta do Lago.
«Os apoios do Governo têm sido muito insuficientes para acudir ao Algarve e o plano de recuperação anunciado ainda não saiu do papel. É necessário o reforço de medidas extraordinárias para salvar os empregos, para recuperar a economia do Algarve», afirma o partido. Por outro lado, reconhece que há concelhos na região que se encontram numa situação «ainda pior», como Portimão, devido ao prolongamento do confinamento imposto pelo Governo.
Toda esta problemática foi ontem, dia 6 de Maio, colocada na Assembleia da República pelo deputado João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda, numa audição com o Ministro da Economia. No final da sua intervenção foram colocadas três questões:
- Se o Governo vai intervir junto dos empresários para acabar com o problema dos salários em atraso e que atinge já centenas de trabalhadores;
- Face à avassaladora crise que afecta o Algarve, o Bloco de Esquerda questiona se o Governo vai declarar o Algarve como uma Região de Catástrofe Social e Económica, reforçando os apoios à economia regional;
- Considerando a situação específica do concelho de Portimão, obrigado ao prolongamento do confinamento pelo Governo, deve o referido concelho ter direito a apoios suplementares para ajudar a mitigar a crise? E, neste caso, se o Governo está disposto a conceder esses apoios.
O Ministro da Economia respondeu que o Governo iria reforçar os apoios aos empresários do concelho de Portimão, por estarem sujeitos a um período de maior confinamento.