No dia 12 de Março, o deputado do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, eleito pelo círculo eleitoral de Faro, João Vasconcelos, em conjunto com outros membros da Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda Algarve, reuniram com a Plataforma Água Sustentável (PAS).
A reunião surgiu no âmbito da problemática das alterações climatéricas e da escassez de água na região, a fim de auscultar a PAS sobre o Projecto de Recuperação e Resiliência, nomeadamente no que concerne ao
Programa Regional de Eficiência Hídrica do Algarve (PREHA), bem como outras preocupações resultantes da desertificação em curso no Algarve.
Foram abordadas as soluções apresentadas pelo governo no âmbito do PREHA como «um facto consumado», com um diminuto tempo de Consulta Pública, como sejam a captação no Guadiana-Pomarão e a construção de centrais de dessalinização para fazer face ao problema hídrico no Algarve futuramente. Estas propostas constam do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas do Algarve (PIAAC) como medidas a ser analisadas se a situação climática se agravar.
Para o Bloco, os recursos hídricos subterrâneos do Algarve revelam um problema, uma vez que os mesmos apresentam níveis aquíferos demasiado baixos. Entre outras problemáticas, também a inexistência de controlo por parte da APA (gência Portuguesa do Ambiente) sobre as perfurações dos solos e a exploração/contaminação dos recursos foi um dos pontos ressaltados nesta reunião.
A PAS, tal como sucede com o Bloco de Esquerda, considera que «a agricultura intensiva produz consequências nefastas nas recargas dos aquíferos e na poluição dos mesmos». Assim, e por solicitação do Bloco de
Esquerda, a plataforma ficou, igualmente, de analisar possíveis soluções para a água desperdiçada para o mar nos terminais do Rogil e Vila Nova de Milfontes, proveniente do sistema de rega do perímetro do Mira e Barragem de Santa Clara.
«São cerca de 20 milhões de metros cúbicos de água desperdiçada, por ano, durante quase 50 anos», afirma o grupo parlamentar, ao que acrescenta: «Torna-se premente a adopção de medidas para combater a desertificação que avança a passos largos no Sul do país, incluindo o Algarve, onde os índices de pluviosidade vêm decrescendo cerca de 30 milímetros em média a cada 10 anos».