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Base de dados de naufrágios do Barlavento algarvio apresentado em Lagos

Base de dados de naufrágios do Barlavento algarvio apresentado em Lagos

Decorreu ontem, no Auditório Paços do Concelho Séc. XXI, o “I Simpósio de História e Arqueologia Náutica e Subaquática de Lagos”, onde foi apresentado este projecto resultante da parceria entre o Instituto de Arqueologia e Paleociências (IAP) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (História, Territórios e Comunidades do Centro de Ecologia Funcional - Ciência para as Pessoas e o Planeta) e a Câmara Municipal de Lagos. O estudo, divulgação, salvaguarda e valorização do património subaquático são os seus principais objectivos.

O evento, que contou com abertura do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Paulo Jorge dos Reis, e da Directora do IAP, Rosa Varela Gomes, integrou três sessões. Filipe Castro (IAP e HTC – CFE NOVA FCHS) apresentou um balanço dos trabalhos efectuados entre 2006 e 2008, os quais servirão de base para as novas perspectivas deste projecto. Já Paulo Costa (HTC – CFE NOVA FCHS) falou da sua experiência enquanto investigador de naufrágios ligados à II Guerra Mundial, cuja metodologia envolve análise da imprensa da época, investigação de arquivos, entrevistas com gentes ligadas ao mar e colaboração de equipas de mergulhadores. Foi ainda referido que a costa portuguesa, em especial entre Sagres e o Cabo de São Vicente, conta com vários registos de afundamentos associados à Grande Guerra, uma vertente de história contemporânea que também merece ser analisada no âmbito do projecto de base de dados.

Alexandre Monteiro, arqueólogo náutico e subaquático do IAP apresentou, então, a base de dados dos naufrágios históricos do Barlavento algarvio, um trabalho de levantamento e compilação dos locais com potencial arqueológico subaquático que surge como a primeira fase do projecto. Até à data, estão registados cerca de dois mil naufrágios em Portugal continental, duzentos e dez dos quais na área do nosso Barlavento, sendo que Lagos, pela sua relevância histórica ao longo dos séculos e características geográficas, acaba por ser um local de destaque nesta actividade.

Numa segunda fase do projecto, serão formadas equipas para investigação em conjunto com a Universidade Nova, município de Lagos e outras entidades parceiras, como a Faculdade de Engenharia do Porto, que dispõe de sistemas de detecção e prospecção geofísica do mar, sendo ainda necessário angariar fundos de financiamento dados os elevados custos do projecto de intervenção que culminará com a intervenção nos locais de naufrágios considerados mais relevantes.

Com este projecto, que resulta de uma protocolo estabelecido entre as entidades em 2016, pretende-se ainda focar as histórias que envolvem estes naufrágios, “devolvendo” às pessoas o conhecimento sobre o nosso percurso histórico, social e cultural. Esta base de dados e consequente processo de investigação e intervenção permitirão, no futuro, valorizar a costa do Barlavento algarvio numa perspectiva científica, patrimonial e turística.

Para Rosa Varela Gomes, “esta base de dados é fundamental para a investigação da presença de barcos e espólios que não constam nos registos”, naufrágios que contam a sua história e estimulam a imaginação associada ao passado. Com os seus “equipamentos culturais de referência”, faz todo o sentido que Lagos seja entidade parceira neste projecto. Já Hugo Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Lagos, que fechou esta primeira edição do Simpósio, referiu que o município oferece toda a disponibilidade para a concretização deste projecto e que “pelo potencial histórico e geográfico de Lagos, este é um processo muito importante para a valorização do concelho enquanto destino, permitindo que a próprio História possa ser visitada e conhecida por todos”.

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