A APEF - Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias, vem manifestar a sua profunda preocupação com a situação actual, em que os operadores ferroviários se veem confrontados desde o início do ano com uma escalada de custos com combustíveis e electricidade que põem em causa a sua sustentabilidade.
A APEF apresentou ao Governo português as dificuldades resultantes desta subida de preços, que coloca em causa o transporte ferroviário de mercadorias, dado que são críticos para a sua actividade. Este aumento não é possível ser absorvido pelos operadores, pelo que terão de ser reflectidos no preço dos serviços de transporte, o que põe em risco a competitividade das exportações portuguesas e da ferrovia como meio de transporte para as mercadorias.
Nas condições actuais há uma efectiva perda de competitividade da ferrovia face à rodovia, o que levará a uma transferência modal para a rodovia, contrária aos objectivos de sustentabilidade e descarbonização da Economia portuguesa.
Segundo Miguel Rebelo de Sousa, director executivo da APEF, “verificamos um contraste quer com a rodovia - que dispõe de apoios financeiros - quer com a ferrovia noutros países europeus, que já dispõe de apoios financeiros para fazer face aos constrangimentos existentes”.
A APEF considera inexplicável a existência de um Fundo Ambiental, que tem como propósito apoiar e promover a transição energética, mas que não apoia nem promove de forma alguma o investimento na transferência modal para o modo de transporte mais sustentável: o comboio. A APEF recorda ainda que o próprio Governo comprometeu-se com o objectivo de alcançar uma quota de mercado de 30% em 2030, sensivelmente o dobro da quota atual.
Miguel Rebelo de Sousa refere que “solicitámos ao Governo português a implementação de apoios financeiros que permitam neutralizar o excesso de aumento de custos verificados, de forma a evitar a perda de competitividade da ferrovia. Apresentámos propostas concretas para mitigar a situação e garantir a capacidade para os operadores ferroviários continuarem a sua actividade de forma competitiva, mas, lamentamos que até ao dia de hoje não tenha sido possível recebermos qualquer resposta às propostas por nós sugeridas.”
Nesse sentido, não havendo qualquer apoio financeiro, os operadores ferroviários poderão vir a ter de tomar medidas difíceis, procurando salvaguardar as suas empresas, os seus trabalhadores e compromissos assumidos.