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Uma noite na Praça da República (Praça do Infante)

Uma noite na Praça da República (Praça do Infante)

Artigo de José Alberto Baptista 

Por razões de saúde familiar, não tenho descido à Cidade nas horas da noite em que se janta e se relaxa.

Ocasionalmente, ontem foi uma noite em que, pela sua calorosa atmosfera, me decidi passear e sentar na esplanada que se espraia sobre a ofendida Praça da República Praça do Infante).

Começo por dizer que o tratamento urbanístico da Praça da República foi para mim, e continua a ser, um equívoco sobre a leitura do coração da Cidade.

E esse equívoco prolonga-se quando se vê a actual Praça invadida por um conjunto de cidadãos que mais parecem apátridas que cidadãos.

Não sei, e desconheço, o que a Lei portuguesa diz em relação a este género de pessoas que vagabundeiam entre os espaços públicos da Cidade, se excedem em bebidas, mesmo em espaços públicos, deixando rastos de lixo em profusão pelo caminho.

E tudo isto ocorre na Praça da República, todos os dias e noites. Voltamos, assim, ao início do texto. Sentado na esplanada fronteiriça com a Praça da República, já depois das dez da noite, fui informado de três factos.

O primeiro, a impotência dos responsáveis da esplanada em sanar o problema de ruido e de bebedeira na Praça da República, por mais mensagens que tenham mandado para a Câmara Municipal, como para PSP.

O segundo, o à vontade com que os participantes do barulho e da bebedeira se movem e ocupam os principais bancos de pedra da Praça. Com vozearias e não só.

O terceiro, a dificuldade das forças da PSP em gerir esta situação, porventura, porque as leis sobre a boa relação entre direitos e deveres dos cidadãos deixa os agentes em situação difícil.

Ora, estes três factos foram constatados nessa minha noite.

Do primeiro, fui informado pelo responsável principal da esplanada /restaurante. Mostrou-me mensagens e respostas de mensagens enviadas às entidades locais. Estava desanimadamente desiludido.

Do segundo, quando uma patrulha da PSP se dirigiu aos grupos, só uma parte, a menor, aceitou o pedido de dispersão.

Do terceiro, após o afastamento da patrulha da PSP, a outra parte tornou-se mais agressiva, mais agitada, apesar de alguns elementos tentarem a apaziguar os mais exaltados.

Dado que a situação se mantinha, com o álcool e a arrogância de alguns elementos a continuar a vozeirar, dirigi-me pessoalmente ao grupo e, serenamente, chamei a atenção para o facto de que era necessário cumprir com as normas do País, pelo que deviam abandonar o lugar para que as pessoas presentes na Praça e na esplanada /restaurante pudessem aproveitar o melhor, e o mais feliz possível, o agradável da noite.

A resistência veio a seguir, de modo agressivo; ao que respondi, ainda serenamente, alertando-os para a hipótese de regresso ao seu País.

A resposta veio mais agressiva. Com a garrafa na mão, a mais exaltada atirou-me em inglês “grosso” que o “país dela era este”.

Aguardei a reacção dos companheiros. Felizmente, os companheiros lá conseguiram arrancá-la do banco de pedra e todos desapareceram por detrás do painel de Alcácer – Quibir, de João Cutileiro.

Não sei se se perderam nas suas areias, ou, se amanhã regressarão com os seus mamelucos!

Contudo, a essa hora, a Praça da República ficou limpa, serena e com cor cinzenta das suas pedras. Mas, não da beleza perdida da sua calçada à portuguesa…

Para terminar, desta experiência pessoal, tirei três conclusões.

A primeira, que a Cidade precisa de uma política de urbanidade pública que a todos obrigue; cidadãos, turistas ou viageiros, sazonais ou estivais.

A segunda, que o Município deve criar Regulamentos que, em consonância com a lei do País e as competências da PSP e da GNR, possam dar capacidade legal para proceder de acordo com a primeira conclusão.

A terceira, faltando a primeira e a segunda conclusão, o poder político municipal deve encontrar um meio, usando a sua autorictas municipal, para resolver esta grave disjunção de uma Cidade feliz.

Assim sendo, creio, que poderemos voltar a ter a Praça da República, depois de tão desnaturada ( a não ser para M. S Tavares) como um lugar, se não feliz, de tranquilidade e alegria.

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