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Parar

Parar

Artigo de Opinião de CATARINA PRATES OLIVEIRA

Edição Impressa do Jornal Correio de Lagos  347 · SETEMBRO 2019 

Estar off como se costuma dizer. Desligar. Dizer adeus: a pessoas, situações, circunstâncias e, dar as boas vindas ao que está para vir. Durante alguns meses ele não estudou, não produziu. Sentiu-se inútil. Foram meses em que adiou projetos, textos e prazos. Quis dar uma pausa a si mesmo, mas acabou por dar um tempo a tudo inclusive, às suas visitas ao mar. Ao fim de algum tempo, perguntou-se o que estava a fazer: já não percebia se estava a encontrar-se ou a perder-se e, foi nesse momento que sentiu o tapete a fugir. Durante aqueles meses pensou sempre no mesmo: no Verão, no mar de Lagos. Era um escape. Mas as coisas que são como são e, por vezes, os planos, expetativas e relações, não saem como se idealizam, porque a vida, com o seu charme, decidiu ser uma outra coisa qualquer.

A certa altura, quando percebeu que estava a fugir das suas emoções, de si próprio, decidiu soltar. Soltou amarras que o mantinham preso a memórias que não passavam disso mesmo e, acordou, como se tivesse despertado se um sono profundo. Primeiro, achou que tinha andado a perder tempo, que podia já ter feito tanto, mas depois, ao abrir bem os olhos, apercebeu-se que não…, quando é para nós, para o nosso bem estar, para nos equilibrarmos, nenhuma pausa é perda de tempo.

Concluiu que ganhou mais nos meses em que decidiu parar, do que teria ganho se continuasse a sair à rua e a sorrir a tudo, como se nada fosse. Fartou-se da máscara e deixou-a cair. Não estava bem e aceitou isso. Ponto. Não tem de ser um tabu falarmos das nossas emoções, admitirmos que estamos numa fase menos boa. Ninguém é maluquinho por procurar ajuda e, muito menos, fraco, como tanto acusam. A nossa saúde mental e psicológico é tão importante como o coração, o estômago ou a perna. É o nosso cérebro e temos de cuidar dele, mesmo que isso implique parar. Há quem pare. Eu também parei: passei um mês junto do mar e agora estou pronta para regressar às luzes da cidade. E está tudo bem, desde que saibamos reconhecer quando não está. 

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