Artigo de Opinião de Miguel Xavier Sequeira, Professor.
Não existe jogo de equipa mais belo e inspirador do que aquele que advém do amor entre duas pessoas, o jogo é por vezes tão intenso que parecem uma pessoa só, tal a cumplicidade e o acerto comum nas ações, mas acima de tudo a vontade de estarem juntas.
O êxito do cinema deve-se à criação e exposição de verdadeiras histórias de amor onde as pessoas foram juntas por um inequívoco destino.
O jogo de equipa é verdadeiramente essencial para se alcançar o sucesso, seja na política, nas empresas, nas escolas, nas famílias, na arte ou no desporto.
O segredo reside no respeito e na admiração que as pessoas nutrem umas pelas outras, mas acima de tudo no prazer de estarem juntas e no orgulho de fazerem parte da mesma equipa.
Por vezes a junção de determinadas pessoas num dado momento e espaço resulta em histórias muito felizes, devido à sua eficaz compatibilidade.
Não há nada mais poético do que a conjugação da ação das pessoas.
Existem funcionários que rendem mais em determinadas empresas, existem alunos que rendem mais com determinados professores, existem atores que rendem mais com determinados realizadores, existem jogadores que rendem mais com determinados treinadores, porque existe uma identificação e uma integridade subjacente à relação que os une e tudo flui com uma naturalidade que culmina numa profunda realização conjunta.
Na política de sucesso todas as equipas são constituídas por pessoas cujas caraterísticas são compatíveis com a natureza do cargo que ocupam.
Nas empresas de sucesso todos os funcionários se sentem úteis.
Nas famílias de sucesso todas as pessoas se sentem ouvidas.
A harmonia que existe numa grande orquestra musical é fruto de uma sincronização notável entre cada instrumento e o comando do maestro, onde todos estão imbuídos de um verdadeiro sentido coletivo que busca a perfeição da articulação de todos os sons.
O cinema conjuga várias artes numa só, um grande filme tem sempre um grande realizador que soube interligar de forma perfeita o argumento, a escolha dos atores, a música, o guarda-roupa, o espaço da ação ou os efeitos sonoros. Um filme tem uma complexidade extrema em termos de união de esforços de vários intervenientes com diferentes talentos com o propósito de criar uma só arte, a sétima, que no fundo junta todas as outras.
Tal como certos músicos se juntaram para criar bandas míticas que se eternizaram através da sua criação, também certos realizadores de cinema conseguiram juntar pessoas e através dos seus talentos criar verdadeiras e inesquecíveis obras de arte.
Nos desportos coletivos o trabalho de equipa é essencial para atingir o sucesso, consegue-se ver perfeitamente quando uma equipa “respira saúde”, ou seja, quando os jogadores demonstram motivação, ambição, espírito competitivo e inteligência tática, no fundo quando demonstram maturidade e parecem ser todos eles uma extensão do treinador dentro do campo. Sente-se essa cumplicidade, esse compromisso urgente que une todos no objetivo de serem equipa, independentemente do resultado que atinjam.
As grandes equipas têm treinadores e jogadores com determinadas características que se juntaram num dado momento para atingir o sucesso.
Todos os intérpretes de uma grande equipa, seja em que área for, tiveram que crescer para atingir a maturidade, no sentido da compreensão do verdadeiro significado da palavra equipa e do papel que têm dentro dela.
Um professor tem que questionar o que é ser professor, um aluno tem que questionar o que é ser aluno e é precisamente na fusão dessas interrogações que ambos encontram o seu sentido.
O sucesso de uma equipa depende da personalidade dos seus intervenientes e do esforço que cada um faz em prol de um objetivo comum, que passa por todos se sentirem realizados.
O extraordinário filme “Orgulho e Preconceito”, de 2005, do realizador Joe Wright, inspirado na obra literária de Jane Austen e com argumento adaptado de Deborah Moggach, é um bom exemplo do contributo de várias artes na tentativa de criarem uma arte maior. O resultado foi um portentoso trabalho de equipa que culminou num filme lindíssimo e inspirador. O filme teve quatro nomeações para os óscares, nomeadamente Keira Knightley para melhor atriz, Dario Marianelli para melhor banda sonora, a música que acompanha a deslocação de Mr. Darcy na direção de Elisabeth Bennet numa das cenas finais é absolutamente brilhante, melhor direção de arte e Jacqueline Durran para melhor guarda-roupa. Através deste filme podemos chegar à conclusão, que o que interessa verdadeiramente não é a palavra amo-te, mas sim a frase espero que me ames, ou seja, a pessoa fazer tudo para que a outra pessoa a ame, todos os dias.
É esse o real espírito de equipa, fazer tudo o que está ao nosso alcance para que a equipa sinta a nossa presença de uma forma positiva e o sucesso é atingido, seja em que área for, quando todos os elementos da equipa também o fazem.