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Coragem de ser Livre e Resiliente

Coragem de ser Livre e Resiliente

Artigo de Opinião  HUGO PALMA 

Saudações Lacobrigenses, escrevo o artigo deste mês em que se comemora a revolução de Abril, enaltecendo os componentes existenciais que considero pertinentes num ser humano que tenha em si o sentimento de desconforto por vivermos numa sociedade com tantas discrepâncias e acima de tudo pouco justa. Vou indagar por temas como a liberdade, coragem e resiliência enobrecendo a sua importância e significado na vivência do ser humano na sociedade actual. É feita uma referência à fogueira das vaidades por ser representativa do que hoje em dia sentimos quando a ignorância, preconceito e ideais extremistas minam a condição humana nos seus pilares de liberdade, igualdade e respeito.  

No renascimento, considerado um período de apogeu dos valores humanos em termos criativos houve uma manifestação oposta dos seus ideais, de seu nome Fogueira das Vaidades (Falò delle vanità),  consistia  na queima de objetos condenados pelas autoridades como causadores de pecado. O foco dessa destruição estava explicitamente em objetos que pudessem tentar uma pessoa a pecar, o que incluía itens de vaidade, cosméticos, vestes finas,  instrumentos musicais, livros tidos como imorais, manuscritos de música secular, além de obras de arte como pinturas e esculturas. Esta manifestação foi um reflexo da incompreensão dos valores criativos e acima de tudo uma rebelião contra o despesismo e governação déspota que não tinha qualquer preocupação com o seu povo. Perante estas realidades, valores maiores devem-se sobrepor na vivência em sociedade. No nosso coração e mente devem prevalecer sempre ideais de liberdade, coragem e resiliência para que a Revolução dos Cravos esteja sempre presente em nós.  

Liberdade não é libertinagem, somos sempre livres de pensar e expressar o que sentimos, mas tal nunca deve ser o mote para comportamentos irreflexos e sem sentido. A liberdade é fundamental para a nossa existência e nunca nos devemos esquecer que não é um bem adquirido. Ainda hoje lutamos diariamente por uma liberdade de existir, sentir e pensar. Como tal devemos ter sempre a coragem de lutar por existirmos num mundo que valorize e respeite a liberdade. A coragem envolve crença e acção, a pessoa corajosa age com intensos sentimentos de compaixão e sentido de crenças.

Coragem do latim “cor” (raiz do mundo) está tradicionalmente ligada ao coração que tem como significado o centro das emoções, permite ao ser lidar de forma mais adaptada às ameaçadoras paixões da vida: amor, odio e raiva são instintos primários motivados através do medo face ao perigo e ansiedade perante o risco e incerteza. A coragem expressa-se como a realização de ideais centrais e nucleares ao ser. Embora baseado no acreditar, num ideal inconsciente emotivo ou expresso num pensamento, palavra ou acção, é universalmente considerada uma qualidade admirável. A qualidade da coragem e actos corajosos envolve aspetos que são intensos e externos, interpessoais e intrapsíquicos. Deve-se  no entanto, realizar a distinção crucial no que poderá ser considerado como verdadeira coragem e o que representa um padrão autodestrutivo ou solução masoquista para um conflito interno. Podendo ser um factor preponderante para ultrapassar a dor e o sofrimento através da crença em acção. Por vezes enfrentamos situações que, ao sermos corajosos desafiamo-nos ao limite concretizando objetivos que considerávamos anteriormente inalcançáveis, com o pulsar de uma crença inabalável nas nossas capacidades, aptidões e conhecimento. Para viver com coragem e liberdade na mente e coração é indispensável ser resiliente face às intemperes da vida.

A resiliência em psicologia está relacionada com a capacidade positiva de lidar com o stress e catástrofes, resistir a consequências negativas em futuros eventos causadores de stress ou ansiedade. Consiste no desenvolvimento de competências ou relações onde anteriormente não existiam e na capacidade humana de ver novas possibilidades  atribuindo significado e sentido às experiências vividas. A força da resiliência  reside em  emoções, tais como; coragem, amor e humor  que permitem  lidar ou ultrapassar emoções difíceis como odio, desejo de vingança, depressão e desejo de destruição. A resiliência do espírito humano pode ser esmagada e destruída, no entanto, para alguns mantém-se sempre a capacidade de superar as adversidades da vida, o   que permite uma adaptação à realidade concreta. Esta adaptação reside no reconhecimento de que existe pouca humildade num ser humano, que se rende á tentação de confundir uma hipótese elegante com uma certeza arrogante, isto impede a aprendizagem e compreensão do mundo. 

“Num vislumbre a vida desvanece sem pedir permissão ao tempo concedido para usufruirmos de tudo o que nos faz sentir e pensar.”  

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