Antigas Glórias do Futebol Lacobrigense
O CL retoma a publicação da tão apreciada rúbrica “Antigas Glórias do Futebol Lacobrigense”, contando para o efeito com a preciosa participação do nosso colaborador Mário Furtado. Como é sabido o futebol português está recheado de jogadores brasileiros, até já são recrutados para os escalões de formação dos “ditos grandes clubes nacionais.” Porém, a vinda de contingentes brasileiros remonta aos anos 70, e Lagos não fugiu à regra. Na verdade, em tempos da profissionalização do futebol do Esperança de Lagos quando militava na 3ª divisão e subiu à 2ª divisão nacional e lá permaneceu durante algumas épocas, sucederam-se as contratações de jogadores oriundo do Brasil. E passaram pelo Esperança vários craques. Quem não se recorda do Valdir, Campinense, Edmar, Beiró, entre outros. Nesse leque também constava Zezé, que se apaixonou por Lagos e aqui vive há já quase meio século.
José Francisco Gomes Filho “Zezé” nasceu a 22/8/1944, Recife-Brasil. Médio ou avançado, mas sempre usando a sua camisola número 10, Zezé foi a “estrela” do Esperança de Lagos durante os dois anos que o clube disputou a Segunda Divisão Nacional, em 1975/76 e 1976/77. Dono de uma técnica apurada, bom no drible e com um remate colocado e forte, Zezé chegou a Portugal já com uma carreira preenchida de êxitos e títulos. Nos 4 anos que esteve no Botafogo do Rio, apesar de jogar pouco na 1ª equipa, foi colega de alguns dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos como Garrincha, Didi, Zagallo, Amarildo, Nilton Santos ou Jairzinho. Também os maiores títulos do seu trajecto futebolístico ganhou-os no popular “Fogão”, Campeão do Rio de Janeiro em 67 e os Torneios Rio-São Paulo de 64 e 66. Com poucas hipóteses de jogar nesse grande Botafogo dos anos 60, Zezé foi transferido para outro Botafogo, o de Ribeirão Preto, São Paulo, onde teve como colega um artilheiro famoso e muito conceituado no Brasil, Sicupira. Mais tarde, no Atlético Paranaense, reencontraram-se no ataque do “Furacão” onde foram Campeões Estaduais do Paraná em 1970. Um primeiro contacto para jogar em Portugal, mais concretamente no Leixões, surgiu nesse ano mas acabaria por não se concretizar. Em 1972, no Sampaio Corrêa do Maranhão, além de Campeão Estadual foi também Campeão da 2ª Divisão Brasileira. No Esperança de Lagos, a partir
Antigas Glórias do Futebol Lacobrigense O CL retoma a publicação da tão apreciada rúbrica “Antigas Glórias do Futebol Lacobrigense”, contando para o efeito com a preciosa participação do nosso colaborador Mário Furtado. Como é sabido o futebol português está recheado de jogadores brasileiros, até já são recrutados para os escalões de formação dos “ditos grandes clubes nacionais.” Porém, a vinda de contingentes
brasileiros remonta aos anos 70, e Lagos não fugiu à regra. Na verdade, em tempos da profissionalização do futebol do Esperança de Lagos quando militava na 3ª divisão e subiu à 2ª divisão nacional e lá permaneceu durante algumas épocas, sucederam-se as contratações de jogadores oriundo do Brasil. E passaram pelo Esperança vários craques. Quem não se recorda do Valdir, Campinense,
Edmar, Beiró, entre outros. Nesse leque também constava Zezé, que se apaixonou por Lagos e aqui vive há já quase meio século. Zezé - O craque brasileiro mais antigo do Esperança que escolheu Lagos para viver, casar e criar filhos e netos.
Na época seguinte transferi-me para o Botafogo (Rio de Janeiro), aí fui campeão Infanto-Juvenil. Depois como júnior fui campeão em 1966 marcando 22 golos, repetindo a proeza pelo mesmo emblema na categoria de Aspirantes com mais 12 golos. De registar que a consagração aconteceu no emblemático clube Maracanã, tendo ainda como grande referência que no mesmo dia disputou-se um clássico entre o Botafogo face ao Flamengo. Na mesma época representei a Selecção Carioca de Juniores e sagrei-me campeão. Do Botafogo fui vendido para o Botafogo de Ribeirão Preto (São Paulo) onde estive uma temporada na 1ª divisão Paulista jogando contra grandes craques, como Edmar, Beiró, entre outros. Nesse leque também constava Zezé, que se apaixonou por Lagos e aqui vive há já quase meio século.
Posteriormente, fui vendido para Apucarana, norte do Paraná fazendo o campeonato de 69 e no decorrer dessa época fui transferido para o Atlético Paranaiense, um dos grande clubes de Curitiva (Paraá), sagrei-me campeão nacional, fazia 12 anos que não conquistavam aquele título, isto em 1970, curiosamente foi o ano em que o Brasil foi tri-campeão mundial. Neste clube, joguei com dois jogadores de nível mundial: Doval e Djalma Santos (bi campeão mundial). Voltei à minha cidade de Recife, e ingressei no CS Alagoano, em 1971 sagrando-me campeão nacional. Depois fui para Fortaleza Clube Guarani de Sobral, saindo de Fortaleza, fui para Marinhão jogar no Sampaio Correia sendo
campeão, o que não acontecia já havia 12 anos, em 1972. Regressando mais uma vez à minha cidade, Recife, tive contacto com um empresário, Cier Barbosa que em sintonia com Pinto Correia, empresário português (ambos já falecidos). me trouceram para Portugal, para o Algarve, mais propriamente para o Esperança de Lagos. Aí chegado sagrei-me mais uma vez campeão, desta feita, o primeiro título nacional do emblema lacobrigense, subindo ao nacional da 2ª divisão, em 1975. Recordo ainda que fui notícia no Jornal Record na Taça da Honra da Associação de Futebol de Faro em que o Esperança, que estava na 3ª Divisão, venceu por 4-3 ao Farense que militava na 1ª divisão. Neste jogo fiz um hatrick e fui considerado o homem do jogo. Completei sete temporadas, tendo pelo caminho um ano de paragem." Zezé pendura chuteiras mas manteve-se em Lagos Após pendurar as chuteiras, Zezé manteve-se em Lagos, pois aqui casou com uma lacobrigense, Zaida em 1975 que ainda hoje tem a conhecida “Frutaria da Zaida”, Rua da Laranjeira, em pleno Centro Histórico. E também na cidade dos descobrimentos nasceram os seus dois filhos (Márcio Paulo e Lúcio Roberto) e três netos: Ricardo com 9 anos que joga futebol no Farense, Raquel com 12 anos e a Iris com 9 anos, filha do Lúcio. Zezé passou por várias profissões: trabalhando em piscinas, serventia de pedreiro e terminou como ajudante de cozinha. Com 74 anos, já reformado, celebrou no dia 16 de Janeiro, justamente no dia da publicação do jornal Correio de Lagos, a linda soma de 47 anos (a caminho de meio século) nesta cidade que escolheu para viver.
As perguntas do CL
CL – Quais são as melhores recordações que guarda do Esperança de Lagos? Z –Foi a subida à 2ª divisão nacional e na época seguinte ter defrontado grandes equipas portuguesas com histórico na 1ª divisão. CL – Como é que vê o Esperança nos tempos de hoje? Z – Infelizmente, não sai do marasmo comparativamente com as décadas de 70 e 80, recordando que passaram pelo clube bons presidentes, nomeadamente Júlio Serro. Helder Encarnação e outros grandes esperancistas como Aníbal Camacho e Lelecas, o massagista Licínio e o saudoso Ti Chico "galinha”, e sobretudo havia apoios da cidade. CL Quais os clubes de coração no Brasil e em Portugal? Z – No Brasil é o Vasco da Gama (Rio de Janeiro), como sendo vascaino, joguei no Botafogo e nunca perdi com o Vasco. Em Portugal, logicamente que é o Sporting Clube de Portugal. Na década de 60, apareceu no Vasco da Gama, um grande senhor jogador de futebol, que se chamava Fernando Peres, internacional português. É por isso que eu sou sportinguista.
1975 - Subida do Esperança de Lagos a 2ª Divisão Jogadores tinham Prometido Ficar Com Barba Até Subirem De Divisão
1966 - Campeão . Junior Bota Fogo - Futebol Regatas
1966 Zezé + Américo Bota Fogo Fluminense Jogaram juntos na Selecção Amadora Tetra Campeões
1970 Clube Atletico Paranaiense - Djalma Santos, Duval e Cicopira. Campeão após 12 anos sem ganhar
Coutinho, Rildo, Pelé, Clodoaldo, Zito, e muitos outros craques do Santos, já em final de 1968.
de Janeiro de 1973, Zezé foi um dos “heróis” da primeira subida dos lacobrigenses à 2ª Divisão Nacional em 1974/75. Depois de 2 anos inactivo, Zezé veio ainda a jogar no Esperança na época de 1979/80, terminando a carreira após essa temporada.
A história contada no Correio de Lagos por Zezé com um brilho nos olhos
“Comecei no Ferroviário de Recife com 15 anos, mesmo com idade inferior, mas já revelando maturidade joguei no campeonato Pernambucano da 1ª divisão. Na época seguinte transferi-me para o Botafogo (Rio de Janeiro), aí fui campeão Infanto-Juvenil. Depois como júnior fui campeão em 1966 marcando 22 golos, repetindo a proeza pelo mesmo emblema na categoria de Aspirantes com mais 12 golos. De registar que a consagração aconteceu no emblemático clube Maracanã, tendo ainda como grande referência que no mesmo dia disputou-se um clássico entre o Botafogo face ao Flamengo. Na mesma época representei a Selecção Carioca de Juniores e sagrei-me campeão. Do Botafogo fui vendido para o Botafogo de Ribeirão Preto (São Paulo) onde estive uma temporada na 1ª divisão Paulista jogando contra grandes craques, como Coutinho, Rildo, Pelé, Clodoaldo, Zito, e muitos outros craques do Santos, já em final de 1968.
Posteriormente, fui vendido para Apucarana, norte do Paraná fazendo o campeonato de 69 e no decorrer dessa época fui transferido para o Atlético Paranaiense, um dos grande clubes de Curitiva (Paraá), sagrei-me campeão nacional, fazia 12 anos que não conquistavam aquele título, isto em 1970, curiosamente foi o ano em que o Brasil foi tri-campeão mundial. Neste clube, joguei com dois jogadores de nível mundial: Doval e Djalma Santos (bi campeão mundial). Voltei à minha cidade de Recife, e ingressei no CS Alagoano, em 1971 sagrando-me campeão nacional. Depois fui para Fortaleza Clube Guarani de Sobral, saindo de Fortaleza, fui para Marinhão jogar no Sampaio Correia sendo campeão, o que não acontecia já havia 12 anos, em 1972. Regressando mais uma vez à minha cidade, Recife, tive contacto com um empresário, Cier Barbosa que em sintonia com Pinto Correia, empresário português (ambos já falecidos). me trouceram para Portugal, para o Algarve, mais propriamente para o Esperança de Lagos. Aí chegado sagrei-me mais uma vez campeão, desta feita, o primeiro título nacional do emblema lacobrigense, subindo ao nacional da 2ª divisão, em 1975. Recordo ainda que fui notícia no Jornal Record na Taça da Honra da Associação de Futebol de Faro em que o Esperança, que estava na 3ª Divisão, venceu por 4-3 ao Farense que militava na 1ª divisão. Neste jogo fiz um hatrick e fui considerado o homem do jogo. Completei sete temporadas, tendo pelo caminho um ano de paragem."
Zezé pendura chuteiras mas manteve-se em Lagos
Após pendurar as chuteiras, Zezé manteve-se em Lagos, pois aqui casou com uma lacobrigense, Zaida em 1975 que ainda hoje tem a conhecida “Frutaria da Zaida”, Rua da Laranjeira, em pleno Centro Histórico. E também na cidade dos descobrimentos nasceram os seus dois filhos (Márcio Paulo e Lúcio Roberto) e três netos: Ricardo com 9 anos que joga futebol no Farense, Raquel com 12 anos e a Iris com 9 anos, filha do Lúcio. Zezé passou por várias profissões: trabalhando em piscinas, serventia de pedreiro e terminou como ajudante de cozinha. Com 74 anos, já reformado, celebrou no dia 16 de Janeiro, justamente no dia da publicação do jornal Correio de Lagos, a linda soma de 47 anos (a caminho de meio século) nesta cidade que escolheu para viver.
As perguntas do CL
CL – Quais são as melhores recordações que guarda do Esperança de Lagos?
Z –Foi a subida à 2ª divisão nacional e na época seguinte ter defrontado grandes equipas portuguesas com histórico na 1ª divisão.
CL – Como é que vê o Esperança nos tempos de hoje?
Z – Infelizmente, não sai do marasmo comparativamente com as décadas de 70 e 80, recordando que passaram pelo clube bons presidentes, nomeadamente Júlio Serro. Helder Encarnação e outros grandes esperancistas como Aníbal Camacho e Lelecas, o massagista Licínio e o saudoso Ti Chico "galinha”, e sobretudo havia apoios da cidade.
CL Quais os clubes de coração no Brasil e em Portugal?
Z – No Brasil é o Vasco da Gama (Rio de Janeiro), como sendo vascaino, joguei no Botafogo e nunca perdi com o Vasco. Em Portugal, logicamente que é o Sporting Clube de Portugal. Na década de 60, apareceu no Vasco da Gama, um grande senhor jogador de futebol, que se chamava Fernando Peres, internacional português. É por isso que eu sou sportinguista.