A actual CPS/PSD de Lagos foi eleita em 9 de Dezembro de 2017. Um ano e meio depois, o CL propôs uma entrevista ao presidente do PSD de Lagos, Pedro Palma Moreira, que aceitou o desafio. Nesta edição de Maio, o líder social-democrata de Lagos faz um balanço da sua gestão e aponta estratégias para o futuro.
Pedro Augusto Borges de Lima Palma Moreira, 52 anos, natural de S. Sebastião – Lagos, fez o Curso de Gestão e Técnica Hoteleira da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto (1984-87), Director do Aldeamento Turístico Luz Bay Club na Praia da Luz de 1988-98; Sócio- -Gerente da Luz Parque, Soc. Mediação Imobiliária, Lda 1998-2008; Sócio-Gerente de duas empresas de Investimentos Imobiliários/Exploração Agrícola desde 2008 até à data. Esteve 7 anos em Lisboa onde aproveitou para fazer um curso de Arte/Pintura. Casado, com 4 filhos é sócio de várias associações locais e nacionais culturais, desportivas e de solidariedade social, sendo neste momento presidente da direcção do Clube Karaté de Lagos onde foi atleta quase 20 anos e presidente da Mesa da Assembleia Geral da NECI. Fez parte da Juventude Social Democrata no fim dos anos 70 tendo interrompido a militância com a morte de Francisco Sá Carneiro. Retomou a militância de base em 2012 nunca tendo exercido qualquer cargo na estrutura até Dezembro de 2017 quando foi eleito presidente da concelhia de Lagos.
Correio de Lagos – Tomado o pulso à concelhia lacobrigense, quais as medidas fulcrais encetadas, e se continua motivado para relançar o PSD de Lagos?
Pedro Moreira – As medidas fulcrais que encetámos desde o primeiro dia foi em primeiro lugar fazer um diagnóstico do que estávamos a fazer menos bem. A partir desse diagnóstico traçamos uma linha de actuação para de imediato começarmos a alterar o que considerámos ser as nossas fraquezas e os erros que estávamos a cometer. Posso dar-lhe como exemplo passarmos a dar um maior apoio e acompanhamento às nossas freguesias rurais, acompanhando os nossos eleitos nas Assembleias de Freguesia sempre com um ou dois elementos da comissão política. Esta aproximação e identificação dos problemas reais da população não só das freguesias rurais, mas também da urbana é essencial para, por um lado tomarmos uma consciência mais directa desses problemas e por outro lado encurtarmos o elo de ligação entre a população e o partido. A minha motivação é a mesma da do primeiro dia. Assumi esta responsabilidade para com os militantes, mas principalmente para com os Lacobrigenses que precisam de um PSD forte que faça uma oposição construtiva, mas firme, denunciando o que merece ser denunciado e ajudando com as nossas ideias para a construção de um município economicamente mais sustentável, mais seguro, mais viável e mais adaptado aos desafios dos nossos tempos.
CL – Nas últimas autárquicas o PSD obteve, porventura, um dos piores resultados de sempre. Tem uma estratégia definida para unir as “tropas” e reconquistar a simpatia e confiança dos lacobrigenses?
PM – A estratégia é continuar o trabalho que começamos no início de 2018. Fazê-lo de forma séria, sustentada e apresentando as nossas ideias para a cidade. Já o fizemos apresentando um conjunto de sugestões nas Grandes Opções do Plano para 2019. Surpreendentemente o executivo acolheu algumas (pela primeira vez em muitos anos), outras não, como foram as nossas propostas para o arranjo do Parque das Freiras ou o concurso de Ideias para o terreno do antigo ciclo junto ao edifício dos Paços do Concelho onde ao invés de outra escola que irá congestionar aquela zona tínhamos proposto um Parque/Jardim urbano onde poderiam ser integrados os equipamentos desportivos já existentes e porque não, construir uma nova Biblioteca Municipal, pois a existente está num sítio esconso e sem bons acessos, ou mesmo um Museu exclusivamente dedicado aos Descobrimentos. Lagos tem um clima extraordinário e inexplicavelmente não tem um Jardim digno desse nome onde as famílias possam usufruir de um tempo de lazer como encontramos noutras cidades. É minha convicção que os Lacobrigenses e os nossos militantes saberão reconhecer as diferenças deste PSD para melhor e retirar daí as suas elações.
CL – Recentemente, um antigo autarca social-democrata teceu duras críticas à concelhia, afirmando mesmo que o PSD Algarve tinha de dar um puxão de orelhas à secção de Lagos. Como reagiu?
PM – Penso que se está a referir à entrevista dada pelo Sr. Eurico Correia a este Jornal. Tive a oportunidade de a ler com atenção e parece-me que as suas palavras são injustas e desajustadas da realidade no que se referem à concelhia que presido. Não compreendo também as acusações que faz ao vereador Nuno Serafim. Aliás, só as poderei compreender como uma tentativa de ajuste de contas extemporânea. O Vereador Nuno Serafim não faz parte desta comissão política, mas participa das reuniões da mesma por inerência do cargo que ocupa. Nunca se furtou a essa participação sempre que convocado, contribuindo com a sua experiência e conhecimento autárquico na articulação de acções e projectos discutidos em sede de comissão e dando um contributo válido para a nossa acção política conjunta. O Sr. Correia foi um destacado militante e autarca Lacobrigense eleito para cumprir um dever cívico de serviço público por três mandatos. Os mesmos que o elegeram entenderam democraticamente a certa altura, que era chegado o tempo de o substituírem a si e à sua equipa por outros que julgaram mais capazes. Lagos e o PSD devem estar-lhe gratos por essa sua disponibilidade nesses tempos. Pelo que sei, o Sr. Correia juntou-se há poucos dias ao partido do Dr. Pedro Santana Lopes. Talvez se sinta na obrigação de renegar publicamente o seu antigo partido como num ritual de passagem? Não me revejo nesta forma de estar na política e se não me engano na minha análise, os Lacobrigenses também.
CL – Pedro Moreira mostra serviço, desde iniciativas e regulares comunicados do PSD local, marcando presença assídua em reuniões de Câmara, na Assembleia Municipal e noutros eventos realizados em Lagos. É a sua forma de estar na política, ou está na calha a sua candidatura à Câmara Municipal de Lagos, conforme rumores que já correm por aí?
PM – É a minha forma de estar na política, nos negócios e na vida. Assumo os meus compromissos com seriedade e espero que os que me acompanham o façam de igual modo. Aliás só assim poderemos esperar resultados positivos. Temos que ter consciência que os olhos dos Lacobrigenses estão postos em nós e se queremos apresentarmo- -nos como uma alternativa credível de poder, temos que começar a construir desde já uma imagem de competência, de rigor e de ética. Os partidos não se esgotam nas suas tricas internas que para lhe ser sincero, a mim pouco interessam. Interessam-me sim os problemas reais das pessoas e esses só os posso apreender estando no terreno, falando com os munícipes na cidade e nas freguesias rurais. Esta política de proximidade é essencial para primeiro diagnosticar os problemas e segundo encontrar e propor soluções para os resolver. E de momento pouco mais podemos fazer pois com a atual estrutura de poder com 5 vereadores do PS contra 2 da oposição, a nossa capacidade de manobra é praticamente inexistente. Mas foi esta a repartição de cadeiras saída das últimas eleições e a vontade do povo expressa nas urnas é soberana e inquestionável. Assim como será o seu julgamento e a sua vontade nas próximas eleições. Os rumores são naturais e tenho consciência que terão começado no dia a seguir a ter tomado posse como presidente da concelhia. Posso dizer-lhe que neste momento estamos concentrados nas duas eleições que temos pela frente (Europeias e Legislativas) mas que temos várias alternativas em aberto. Como sabe não será esta comissão política que fará a escolha dos candidatos autárquicos, mas conto ainda estar a frente do PSD – Lagos quando a altura chegar, pois foi essa tarefa a que me propus: encontrar uma solução alternativa e credível de poder para apresentar aos Lacobrigenses. O PSD é um grande partido com uma ampla base popular onde cabem muitas sensibilidades, desde o centro-direita ao centro esquerda se quisermos ir pelo factor ideológico. Não querendo fugir à sua pergunta, a minha candidatura não está na calha, mas não voltarei as costas ás minhas responsabilidades principalmente para com os Lacobrigenses se tal for necessário. Uma coisa posso garantir aos militantes e aos Lacobrigenses: comigo à frente da concelhia o candidato ou candidata será apresentado/a atempadamente.
CL – Para além da actividade política, o Pedro Moreira é presidente da Assembleia-Geral da NECI e presidente da Direcção do Clube Karaté de Lagos. Que retrato faz do associativismo lacobrigense e particularmente no que concerne à estratégia da Câmara Municipal de Lagos?
PM – O associativismo Lacobrigense sempre foi forte e variado. Tanto na vertente desportiva como na cultural e solidária, mas a perceção que tenho é que os Lacobrigenses continuam bem activos nesta parte da sua vida social. A estratégia da Câmara Municipal não tem variado muito com os anos (estou a falar do período democrático) e com a excecção dos anos da penúria provocada pela quase bancarrota do consulado do Dr. Barroso, tem apoiado o associativismo, aliás como é seu dever. A forma e as segundas intenções por detrás destes apoios é que podem por vezes deixar-nos algumas dúvidas. Em democracia a transparência é fundamental nestes processos. Felizmente nos últimos anos e verdade seja dita, temos assistido a um caminhar positivo neste sentido por parte dos serviços.
CL – Continuando nas linhas orientadores da autarquia liderada por Joaquina Matos, em sua opinião quais são os principais pontos negativos da gestão PS, e que soluções aponta o PSD?
PM – Na minha opinião o consulado socialista à frente do município de Lagos encontra-se esgotado. Ao fim de quase duas décadas à frente dos destinos da autarquia, o executivo não tem estratégia de médio/ longo prazo para a cidade e é incapaz de reagir aos desafios que uma cidade que tem a sua economia alicerçada no Turismo apresenta. Está à vista de todos infelizmente o problema grave e crónico com a limpeza urbana, apesar dos nossos alertas atempados e inclusive dos técnicos e chefes de departamento dos serviços. Foram politicamente teimosos, incompetentes na avaliação e os resultados desastrosos estão à vista. E não é por falta de disponibilidade financeira certamente. Não conseguem planear (a última Páscoa foi mais um exemplo com os contentores das praias a abarrotar de lixo), nem reagir em tempo útil. A imagem que transmitimos a quem nos visita é vergonhosa e uma menos valia que prejudica todos os agentes económicos da cidade. Com a segurança, idem. Deixaram-se dormir em 2008 com o problema da habitação e acordaram agora, estremunhados a quererem resolver um problema grave que devia ter sido atacado há anos e que neste momento cria uma asfixia económica na cidade por falta de mão de obra. Em 2008 com a crise imobiliária, a quase totalidade dos construtores civis de pequena dimensão que estavam mais dimensionados para a construção de habitação para a classe de rendimentos médios/ baixos entrou em insolvência e desapareceram, tendo apenas resistido três ou quatro construtores de maior dimensão que estavam mais vocacionados para o mercado turístico e de luxo. Juntamente com a facilitação do licenciamento do Alojamento Local estes dois factores vieram criar uma escassez de alojamento de longa duração que era previsível. A tudo isto o executivo assistiu impávido e sereno quando deveria ter actuado imediatamente no mercado ora disponibilizando terrenos para construção a custo controlado, ou chegando a acordo com os construtores para a construção de habitação social em contrapartida de novos licenciamentos em terrenos seus, por exemplo. Lagos está inserido numa zona turística de alta pressão imobiliária e esse fator obriga a cuidados redobrados por parte do município na atenção com a população com menos recursos. Foram completamente esquecidos! Se isto é o socialismo deles... A Saga Épica da aprovação do Plano Director Municipal, que já estava ultrapassado antes de ser aprovado (foram quase 20 anos e o normal é serem revistos a cada dez) também não abona a favor do executivo. Já há notícias do novo PDM? É que está na altura de ser revisto e como a expansão do Pólo Tecnológico da Fonte Coberta não correu muito bem, estamos curiosos para saber quais são os planos de crescimento urbano da cidade. Podia falar da falta de Jardins dignos desse nome, da falta de uma Agenda Cultural à altura dos nossos pergaminhos, a oportunidade perdida em que se está a tornar o Plano de Pormenor da Meia Praia, com asneira atrás de asneira, do desperdício de recursos históricos como a Caravela Boa Esperança que se encontra a apodrecer na Ribeira de Bensafrim, só para lhe dar um exemplo de vários, o desleixo e desperdício com a maior riqueza potencial da câmara municipal, que são os seus recursos humanos. Os quase 900 trabalhadores da edilidade, muitos dos quais encontram as suas capacidades desaproveitadas, são incentivados a se valorizarem academicamente com a promessa de progressão nas carreiras para depois se verem preteridos e ultrapassados por contratações ad-hoc, ou arrumados em departamentos por aí ao sabor dos humores de algumas chefias. A saúde é também uma preocupação nossa e consideramos uma falha deste executivo. Pedem (e bem, mas mais como uma tomada de posição pois todos sabemos o abandono a que o Algarve está votado nesta matéria pelo governo central do PS) um novo Hospital para Lagos mas podiam avançar com a construção de um SAP- Serviço de Atendimento Permanente, à semelhança de Albufeira nos terrenos do Centro de Saúde, conforme ficou preparado ainda no tempo do executivo do nosso companheiro José Valentim, fazendo aí o atendimento das pequenas urgências e encaminhamento para os Hospitais de especialidade dos casos mais graves como acontece agora com o hospital existente (que de hospital só tem praticamente o nome). Esta Obra era sim exequível em tempo útil e uma enorme mais valia para a população Lacobrigense. Poderiam então manter o antigo Hospital como Centro de Cuidados Paliativos (o que é de momento) ou já que o executivo decidiu transformar a Praça do Infante num Salão de Festas, prejudicando e muito a qualidade de vida dos utentes deste equipamento, talvez construir um CCP de raiz num local com melhores acessos, mais calmo e com outra dignidade. Mais algumas coisas haveria para elencar, mas temo que o espaço fique curto e decerto teremos outras oportunidades para mais entrevistas.
CL – Nesta ocasião, que mensagens gostaria de deixar aos militantes do PSD e aos lacobrigenses?
PM – Aos militantes do PSD – Lagos gostaria de deixar uma mensagem de agradecimento pelo apoio que têm dado ao partido ao longo dos anos e dizer-lhes que contamos com todos para em conjunto lutarmos pela nossa cidade. Os partidos políticos são plataformas de activismo cívico e de prática de cidadania, cada vez mais necessária nos nossos dias. A todos e todas os/as Lacobrigenses gostava de lhes deixar para já, um apelo ao voto nas próximas eleições. Quaisquer que sejam as vossas cores políticas ou ideologia, VOTEM. Mesmo que estejam desiludidos com os políticos, vão votar. O direito ao voto é também um dever de cidadania. É um direito que foi duramente conquistado por muitos homens e mulheres que antes de nós sacrificaram a família, o seu bem-estar, a sua estabilidade económica e principalmente a sua Liberdade e muitas vezes a Vida para que hoje todos nós o possamos usufruir. É principalmente uma falta de respeito à memória e ao sacrifício de todos estes que por nós lutaram, prescindirem deste direito de forma leviana. Digam não à Abstenção!