Entrevista ao Director Executivo do CCL Luís Rodrigues
“Uma Década de Dinâmica Cultural e Educativa”
Foi nos passados dias 1 e 2 de Fevereiro que o Centro Ciência Viva de Lagos celebrou o seu 10º Aniversário. Um espaço dedicado a todos os amantes da ciência com diversos conteúdos interactivos e exposições que dão lugar a uma experiência maravilhosa e enriquecedora para todas as idades. Uma viagem por um universo de conhecimento e sabedoria com uma equipa fabulosa que procura sempre transmitir a importância da ciência e o seu impacto na vida dos seus visitantes. No decorrer das festividades deste aniversario do CCVL estiveram várias actividades e eventos em destaque. No dia 1 de Fevereiro de realçar a palestra sobre “ A Navegação Astronómica nos Descobrimentos” com Rui Agostinho. Teve lugar também a inauguração da Exposição “Astronomia em Imagens” , de curadoria conjunta de toda a equipa do Centro Ciência Viva de Lagos, onde democraticamente demonstrando o sentido de cooperação de todos os membros da equipa, cada um escolheu três imagens e justificou a sua escolha, seja por motivos científicos, estéticos ou emotivos, contribuindo para uma deslumbrante exposição fotográfica. No segundo dia de assinalar o espetáculo “Isto é Matemática: Os maiores segredos do Mundo” com Rogério Martins que demonstrou a importância do raciocínio matemático e a sua relevância na sociedade e no mundo que nos rodeia. De sublinhar a assinatura dos protocolos com as escolas relativamente ao lançamento da Escola Ciência Viva, No final da tarde de 2 de Fevereiro, foi hora de partir o bolo de aniversário com sala cheia, registando-se a presença da presidente da direcção e vereadora da cultura e educação, Sara Coelho.
Entrevista com Luís Rodrigues o “Homem do Leme” O CL teve o privilégio de visitar o CCVL e partilhar uma conversa enriquecedora com o seu actual Director Luís Azevedo Rodrigues que abriu as portas para este deslumbrante universo que é o Centro Ciência Viva de Lagos.
Correio de Lagos- Quem é Luís Rodrigues?
Luís Rodrigues- Chamo-me Luís Azevedo Rodrigues, sou um aveirense de 47 anos que veio parar ao Algarve, tenho dois filhos algarvios com muito orgulho, apesar de me sentir nortenho vivo e gosto de viver na terra dos meus filhos como eu gosto de chamar. Sou Professor doutorado em Paleontologia, fiz investigação no Museu Nacional de História Natural a convite do Professor Galopim de Carvalho, passei muito tempo fora nos Estados Unidos, China, Argentina. Sou professor, sendo a minha formação inicial em biologia e geologia, depois comecei a fazer investigação. Sou um comunicador de ciência, mas neste momento faço um bocadinho de tudo na gestão do Centro Ciência Viva de Lagos.
CL – Desde logo que razões determinaram a sua vinda para o CCVL?
LR- Não fui eu que escolhi, escolheram-me e tive o privilégio de ser convidado pela Agência Ciência Viva e Câmara Municipal de Lagos. Foi um desafio assustador pois o meu percurso era outro, como professor, comunicador e investigador de ciência, sempre estive habituado a trabalhar sozinho e o meu objecto de estudo eram os dinossauros e eles não falam muito. Foi um desafio pois num Centro Ciência viva trabalha-se com a ciência, tecnologia, educação, formação e divulgação. Das primeiras coisas que me custou mais a encetar este trabalho foi sobretudo gerir pessoas pois são o melhor do Mundo, mas também o mais difícil.
CL – Que balanço faz deste período como director do Centro?
LR- Quem lançou a ideia e quem a acarinhou foi o Professor Rui Loureiro com o anterior executivo nomeadamente a Doutora Joaquina Matos que era Vereadora e que continua a acarinhar e apoiar muito este projeto. Dos dez primeiros anos do Centro Ciência Viva de Lagos posso falar dos últimos sete com um balanço muito positivo, sobretudo tentamos atingir vários objetivos, como tornar o Centro relevante para a comunidade não só de Lagos como de todo o Algarve. Sermos um promotor de ciência e tecnologia para que as pessoas desenvolvam um pensamento critico que é tão importante para as suas escolhas alimentares, saúde e como cidadãos inseridos num ambiente democrático. O Centro Ciência Viva de Lagos procura ser relevante não só através da sua exposição que é belíssima, bem como ser um museu de ciência no qual se pretende que as pessoas tenham uma interacção positiva e explorem. Procurámos complementar a nossa oferta desenvolvendo as oficinas, onde os visitantes e as escolas possam desenvolver o seu gosto pela ciência. Há três anos fizemos uma aposta no movimento "Maker" e "Tinkering" os chamados engenhocas, desde as pessoas que gostam de trabalhar a madeira, recrear e construir objetos, eletrónica, programadores, modulação e impressão 3d. O projecto Dòing é também uma aposta neste movimento “makers”, uma oficina para conceber projectos. Apostamos actualmente na digitalização e impressão 3d porque é muito importante para a questão do património natural do Algarve.
CL – Como viveu este décimo aniversário?
LR- Vivi com muita alegria, mas também com algum stress, eu encaro o Centro Ciência Viva como uma casa com uma família, gostamos de receber bem e preparamos o nosso aniversario para os nossos visitantes que são eles o mais importante, e também para os nossos associados, a Agência Nacional Ciência Viva, o Município de Lagos e a Universidade do Algarve. Ao mesmo tempo tivemos o espectáculo e uma exposição democrática em que toda a equipa participo na escolha individual de três imagens com um tema que é a descoberta do universo, a produção científica tem de estar aberta ao público e neste sentido foram utilizados recursos disponibilizados pela NASA, ESA por vários e observatórios. Tivemos a assinatura dos protocolos com as escolas relativamente ao lançamento da Escola Ciência Viva, sendo o centro um dos sete escolhidos a nível nacional. Será uma escola dentro do museu onde as turmas do primeiro ciclo vão passar uma semana dentro do centro com diversas actividades, experiências, contactar com cientistas, robots e programação, investigação da evolução biológica e um menu semanal onde exploram a ciência. Estamos com atrasos circunstanciais devido a processos burocráticos e alguns atrasos provocados pela necessidade de avaliação por parte da Direção Regional da Cultura do Algarve devido à proximidade do nosso jardim da Igreja de São Sebastião. Neste jardim pretendemos colocar uma casa de madeira, a Casa do Jardim, e é apenas este factor que nos impede actualmente de iniciar a Escola Ciência Viva, pretendemos estar com a situação resolvida para iniciar este projecto no terceiro período escolar.
CL – Que projectos estão em curso e quais as novidades?
LR- Temos este projecto, a Casa do Jardim, que é um orgulho para Lagos e para o Centro Ciência Viva de Lagos ter sido escolhido, pois dispõe de uma equipa extremamente competente para o desenvolver Estamos também a desenvolver o Projecto EcoScience, financiado pelo governo que visa promover mudanças ao nível da mentalidade ecológica, da promoção de valores de preservação do ambiente com diversos intervenientes e colaboradores. Estamos a participar no Projecto EuroScitizen que envolve trinta países e que pretende que a promoção da evolução biológica seja importante para os cidadãos europeus, impede que os conteúdos de evolução biológicos sejam afastados dos currículos, financiado pela União Europeia para quatro anos. O Erasmus+ é uma aposta na formação da equipa que permite a constante evolução dos nossos técnicos, financiado pela União Europeia. Pretendemos apostar também numa vertente do turismo de natureza com conteúdo científico que permite conhecer melhor o património proporcionando uma experiência enriquecedora acrescentando informação e conhecimento.
CL- Uma mensagem para os Lacobrigenses
LR- A mensagem mais óbvia é que nos visitassem mais, e nós temos os Domingos dedicados a eles onde os lacobrigenses têm entrada gratuita. Gostaria de desafiar os lacobrigenses que nos provocassem de que forma podemos ser mais relevantes para eles, que nos façam chegar o que gostariam de ver no Centro Ciência Viva de Lagos. Um especial agradecimento a toda a equipa do CCVL Sara Maria Horta Nogueira Coelho - Presidente da Direção Luís Azevedo Rodrigues -Diretor Executivo Manuel Martins - Vogal da Direcção Coordenação: Hélder Ferreira - Adjunto da Direcção; Sara Mira Monitores: Diana Correia; Joana Alho; Pedro Marcelino; Tatiana Silva; Ricardo NunesAdministrativa: Carla Rio Escola Ciência Viva: Dina Cintra e Helena Vieira Manutenção: Marilândia Quintas.
“Sermos um promotor de ciência e tecnologia para que as pessoas desenvolvam um pensamento critico que é tão importante para as suas escolhas alimentares, saúde e como cidadãos inseridos num ambiente democrático”