A nova presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Gil Eanes

Quem é Margarida Sousa

A jovem estudante da escola secundária Gil Eanes, nasceu em Lagos, tem 18 anos e frequenta o 12º ano, Humanidades. Prepara com intensidade e motivação o seu ingresso na Universidade do Algarve. Margarida foi eleita presidente da Associação de Estudantes a 31 de Outubro de 2018 em lista única. De salientar que desde o 7º ano, com apenas 12 anos, já apoiava as listas, e depois integrou as direcções de anteriores associações de estudantes desta escola. Agora,após um percurso onde acumulou experiências, eis que chega à liderança. Mas esta menina não pára de mostrar os seus dotes e surpreender, sempre a abraçar desafios. Com efeito, Margarida pratica desporto desde tenra idade. Passou pela natação na idade apropriada, experimentou a patinagem de velocidade mas uma lesão num pé impediu-a de continuar. Foi aí que surgiu o andebol justamente o Clube Gil Eanes, tendo competido desde infantis até à época transacta no escalão de Juniores. O gosto pela modalidade fê-la abraçar a arbitragem sendo uma das poucas, mas competentes árbitras da Associação de Andebol do Algarve. Multifacetada, este símbolo da nova vaga das mulheres, já esteve no Grupo Coral de Lagos, participa em iniciativas ligadas à juventude, integra a Associação de Jovens (A)garra como também a Assembleia da Juventude, e até já esteve nas comemorações do 25 de Abril representando precisamente a sua escola Gil Eanes com um poema que o CL publicou. Tem projectos e com frontalidade aponta o caminho a seguir pelas associações de estudantes.

Correio de Lagos – Que motivações te levaram a candidatares-te à liderança da associação de estudantes da Escola Gil Eanes?

MS – Foi um projecto do qual eu sonhava há muitos anos. Acabou por nascer este ‘’bichinho’’ por ter feito parte da Associação de Estudantes em anos anteriores como apoiante e também a integrar variados cargos. Comecei a idealizar tudo com muito tempo de antecedência para que nada falhasse. Uma das minhas grandes motivações foi o facto de me rever muito no papel de presidente por ser uma pessoa muito activa, empreendedora, com vontade de trabalhar, dedicada, perfeccionista e sobretudo com muitas ideias para implementar na comunidade escolar. Acabou por ser um desafio, sendo este um desafio muito importante sobretudo para me pôr à altura e para me fazer crescer como pessoa. Independentemente de saber que era a única lista candidata à AE nunca me desleixei e sempre mantive firme os meus objectivos tanto para a campanha eleitoral como para o ano lectivo. O meu grande objectivo sempre foi fazer algo diferente, algo nunca visto! E foi isso que aconteceu. Inovei na campanha eleitoral, consegui ter uma campanha cheia de actividades, das quais fizeram parte grupos de dança, workshops, banda de música, um rapper lacobrigense, insufláveis, touro mecânico, paintball, um simulador de carro, animais (lagarto, cobra, coruja), barbeiro, salão de beleza, etc. Sempre fui uma pessoa que idealizou uma associação de estudantes activa, que comunicasse com os alunos, que desse a cara em todas as actividades, que estivesse lá para dispor todo o tipo de coisas e que fosse uma associação que pudesse estar na ‘’boca do povo’’ pelos melhores motivos. E foi essa a minha maior motivação! Concretizar os meus desejos e pôr em prática tudo aquilo que eu gostaria de sentir enquanto aluna da Escola Secundária Gil Eanes.

CL – Conhecedora da realidade, que balanço fazes dos anteriores mandatos e que medidas tomaste de imediato?

MS – Na minha opinião, as associações de estudantes ganharam um ‘’estereotipo’’ de alguns anos para cá, e o meu objectivo sempre foi provar o contrário e sair um bocadinho daquilo que estavam habituados. Sendo sincera, era mais do mesmo, festas e mais festas e por último o Miss & Mister. Acho que a AE precisava de um ‘’abanão’’. E foi por aí que sempre me guiei. Sempre tive tudo traçado de acordo com as necessidades que sentia antes de integrar a AE. Todas as medidas que tomei sempre foram, sobretudo, actividades que nos pudessem representar de forma a que pudéssemos ‘’dar a cara’’ e que não fossemos só uma simples Associação da qual as pessoas não sabiam quem a integra. Comecei por fazer muitas actividades e dias temáticos na escola para que houvesse dinâmica na sala do aluno com o objectivo de concentrar os alunos num só espaço, o que fez com que criassem uma relação de empatia com a AE.
 
CL – Que projectos tens em curso e quais as principais novidades?

MS –Da minha lista de objectivos poucos são os projetos que faltam concretizar. Iniciei o ano em grande e nunca tive nenhuma altura mais parada. Procuro sempre ter actividades para os alunos, para estes poderem sentir que a associação de estudantes é um núcleo presente todos os dias na escola, que está ali para auxiliar e oferecer tudo a que têm direito. Comecei por realizar o dia do pijama e proporcionar um dia confortável a todos os alunos, no qual poderiam ir para a escola de pijama. Nesse dia a AE também teve o prazer de o celebrar em conjunto com a turma do pré escolar E da Escola Sophia de Mello Breyner. Disponibilizamos vários tipos de equipamentos aos nossos alunos como a venda de folhas de teste, pensos e tampões higiénicos, carregadores de telemóvel, cartas, mantas (para quando têm frio). Também construímos um local de conforto na nossa sala do aluno com dois sofás e uma mesa para que esta ficasse mais agradável. Em termos de actividades, colocámos uma mesa de snooker e um alvo de setas para que pudessem ter uma alternativa aos matraquilhos. Foram também organizados torneios (matraquilhos, setas, snooker) onde os alunos, mais uma vez, participaram em grande número. Celebrámos o dia mundial do voluntariado angariando ração para gato e para cão em parceria com a associação cadela carlota. Esta levou dois cãezinhos bebés para apelar a adoção e para dar a conhecer uma das grandes associações de caridade. A associação de estudantes não ficou indiferente e deslocou-se ao abrigo da associação para poder ter contacto com os animais abandonados e ajudar na adoção destes. Em épocas festivas procuramos sempre decorar a nossa sala do aluno para que todos possam sentir o espirito da época em si. Foi o caso do natal, do dia namorados, etc. Costumamos fazer também dias temáticos de forma a angariar dinheiro para actividades futuras como é exemplo, o nosso famoso ‘’Dia do crepe’’. Um dos dias mais importantes foi a realização da nossa palestra sobre o cancro dada pelo enfermeiro Rui do Centro de Saúde e com a ajuda da prof. Guadalupe para festejar o Dia Mundial do Cancro. E, como forma de ajudar os nossos alunos em termos escolares, decidimos criar um ‘’Atendimento aos Alunos’’ para que estes pudessem tirar qualquer tipo de dúvidas que surgissem e, para também, poderem dar ideias de eventuais actividades que gostassem que proporcionássemos. Também é de salientar o facto de termos vários workshops onde podem participar não só alunos, como professores, pessoas de outras escolas e pessoas que não frequentam nenhuma escola. As principais novidades, que ainda faltam cumprir, é a realização do grande evento Miss&Mister em parceria com a associação de estudantes da escola Júlio Dantas. É o maior evento do ano e o que dá sempre mais trabalho, sendo este que conta com mais de 1200 pessoas. Tenho também outras novidades que ressaltaram muito à vista assim que colocadas na lista de objectivos. Uma delas é a disposição de secadores nos balneários do pavilhão, outra é o baile de finalista do 9º ano que há muito tempo que não é realizado, e outra grande novidade é a realização de um mega arraial de final de ano. São muitas as actividades idealizadas até ao final do ano, das quais, muitas delas, vão surgindo semana após semana.

CL – Como analisas o movimento associativo de estudantes em Lagos e também na nossa região?

MS – O movimento associativo por parte de estudantes relaciona-se muito com as Associações de Estudantes e a realidade hoje em dia prende-se com o interesse de alguns alunos em organizarem-se e criarem as suas listas candidatas no início de cada ano lectivo. Infelizmente de há uns anos para cá tem se verificado uma diminuição de listas candidatas às associações. No caso da Gil Eanes, por ser uma escola com menos alunos que a Júlio Dantas, sempre se registou por ano uma lista mas no caso da Júlio Dantas, tem se registado um decréscimo. Há 4-5 anos registávamos uma média de 3-4 listas candidatas e actualmente temos 1-2 listas que se propõe a eleições. É este o cenário atual do movimento associativo nos alunos, mais virados para a comunidade escolar e menos para a comunidade geral. A nível regional não tenho muito conhecimento da realidade mas da nossa cidade e pelo facto de pertencer aos órgãos sociais da (A)Garra tem me permitido acompanhar outros registos a nível associativo e o facto de Lagos, há cerca de 3 anos, não ter nenhuma associação jovem com o registo que esta tem mostra-nos, que há jovens que, embora muitos deles não estejam permanentemente cá, se preocupam e têm vontade de fazer coisas em Lagos. Esse é um aspecto de salientar e um sinal de que devemos aproveitar esta matéria para gerar mais interesse e vontade em fazer de Lagos uma cidade próxima dos jovens e acessível para todos eles.

CL – Inserida no associativismo em diferentes vertentes, que mensagem deixas à juventude das Terras do Infante?

MS - A mensagem que pretendo deixar é a de que se realmente este meu percurso for inspirador, que inspire outros jovens a iniciar este caminho associativo e também deixar uma palavra de coragem, sacrifício e compromisso no sentido de abraçar este tipo de desafios pois só desta forma poderemos estar mais perto de realizarmos um trabalho que nos satisfaça e que nos enriqueça tanto a nível pessoal como profissional.