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Estudo sobre vulnerabilidade dos adolescentes às drogas vence Prémio Ispa de Investigação

Stress social precoce, induzido pela separação maternal, pode ter impacto na adição
Estudo sobre vulnerabilidade dos adolescentes às drogas vence Prémio Ispa de Investigação

O artigo submetido a concurso por Renata Alves, com o título Stress em idade precoce afeta vulnerabilidade às drogas na adolescência, publicado na revista Scientific Reports, é o vencedor do Prémio Ispa de Investigação em Psicologia e Ciências do Comportamento – Edição de 2022.

O estudo tem por base um trabalho de investigação coordenado por Ana Magalhães no grupo de investigação em Biologia da Adição do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto em colaboração com a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), que avaliou o impacto da separação materna nas duas primeiras semanas de vida em ratos com diferentes vulnerabilidades para a depressão.

O estudo teve como objectivo investigar o impacto da combinação de factores genéticos (suscetibilidade para a depressão) e stress social precoce, induzido pela separação maternal (modelo animal bem caracterizado na indução de stress precoce), na vulnerabilidade para o desenvolvimento de problemas de adição em ratos adolescentes.

A equipa de investigação utilizou duas estirpes de ratos (com e sem propensão genética para a depressão) que foram sujeitas a separação maternal nos primeiros 14 dias de vida, durante 3 horas por dia. Posteriormente, avaliaram o estado emocional e a vulnerabilidade à toxicodependência durante o período da adolescência.

Os resultados deste estudo revelaram que a separação maternal alterou o comportamento quer dos ratos adolescentes com características depressivas, que passaram a apresentar comportamentos mais do tipo ansioso, quer dos ratos adolescentes não depressivos, que passaram a demonstrar comportamentos mais exploratórios. Apesar destas respostas tão diferentes, quer num caso quer noutro, em ambas as estirpes verificou-se que a separação maternal potenciava a vulnerabilidade ao condicionamento por substâncias psicoactivas como a cocaína, evidenciando que a separação maternal parece ser um factor mais determinante que a suscetibilidade para estados depressivos.

Este estudo é importante porque nos permite perceber qual o factor com maior risco para a vulnerabilidade ao abuso de drogas e dar pistas para estratégias preventivas durante o desenvolvimento, de forma a tornar os indivíduos mais resistentes à adição. Este conhecimento pode ser útil em futuros estudos em humanos”, adianta a investigadora Renata Alves.

Hoje, é já bem aceite que a vulnerabilidade face ao uso, e posterior abuso, de substâncias psicoactivas, é determinada pela exposição aumentada a factores de risco durante o desenvolvimento, conjugada com a ausência de factores protetores. Sabe-se que entre estes factores de risco, a depressão e o stress em idades precoces têm um impacto importante no desenvolvimento, mas pouco se sabe sobre o efeito da combinação destes dois factores na vulnerabilidade às substâncias psicoactivas na adolescência. Este é um período de aumento da independência e de mudanças nas relações parentais e com os seus pares. Tal como em humanos adolescentes, também os ratos submetidos a esta transição de desenvolvimento revelam um aumento significativo na interação com os seus pares, assim como a execução de comportamentos de risco."

Renata Lopes Alves, natural de Gondomar, antiga estudante do Mestrado em Psicobiologia do Ispa, tem um Doutoramento em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), e encontra-se actualmente a trabalhar como investigadora no ALBORADA Drug Discovery Institute – da Universidade de Cambridge, juntamente com uma equipa multidisciplinar de químicos e biólogos, cujo o foco é descobrir novos fármacos para o tratamento de doenças neurodegenerativas. O seu papel nesta equipa centra-se principalmente no planeamento e condução de estudos neurocomportamentais, em diferentes estirpes de murganhos (pequenos ratos), que mimetizam doenças neurodegenerativas que afetam uma parte significativa da população mundial.

A cerimónia de entrega do prémio terá lugar no dia 16 de Maio às 18h, e será transmitida em directo no Facebook do Ispa.

O Prémio Ispa de Investigação em Psicologia e Ciências do Comportamento tem como objectivo estimular a investigação e inovação, o método, a criatividade e o rigor científico, desenvolvidos por jovens investigadores em Portugal no domínio da Psicologia e das Ciências do Comportamento. O prémio visa distinguir cientistas com menos de 35 anos que tenham obtido o último grau há menos de 5 anos, cujos trabalhos de investigação tenham sidos realizados numa instituição de I&D nacional e publicados em revistas internacionais nos últimos 3 anos.

Do júri da edição de 2022 fizeram parte Professores-investigadores com vasta experiência nesta área:

  • Professor Doutor Alexandre Castro Caldas (Universidade Católica Portuguesa de Lisboa)
  • Professor Doutor André Mata (ISCTE)
  • Professor Doutor Francisco Peixoto (Ispa – Instituto Universitário)
  • Professor Doutor Jorge Almeida (Universidade de Coimbra)
  • Professora Doutora Maria Gouveia Pereira (Ispa – Instituto Universitário)

Mais informações sobre o Prémio Ispa de Investigação em Psicologia e Ciências do Comportamento em ispa.pt/premio-ispa/.

Sobre o Ispa – Instituto Universitário

Pioneiro na área da psicologia em Portugal, o Ispa tem 60 anos de história e excelência no ensino superior e na pesquisa científica. Conta actualmente com três escolas: Psicologia, Biociências e Educação.

Estas três grandes áreas de estudo reflectem a excelência do projecto pedagógico e científico, a elevada qualificação do corpo docente, a dinamização de projectos (nacionais e além-fronteiras) em nome próprio e em parceria, e o trabalho contínuo em prol das ciências psicológicas, sociais e da vida - resultando num elevado reconhecimento pelo mercado de trabalho e elevadas taxas de empregabilidade.

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