A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) vai investir 20 mil euros em projetos de investigação sobre cancro de mama e reutilização de águas provenientes de estações de tratamento.
Os projetos – denominados “M2AI: O papel do microambiente e microbioma no tratamento dos carcinomas de mama triplos negativos ‐ aliados ou inimigos?” e “SOLarClean: Uso da radiação solar para a remoção de antibióticos de águas” – são os vencedores da primeira edição do I2D – Igniting InterDisciplinarity, anunciados ontem.
A duas investigadoras responsáveis pelos projetos – Diana Martins e Diana Lima, respetivamente – assinaram as cartas compromisso que lhes vão garantir 10 mil euros a cada para, nos próximos 18 meses, desenvolverem o seu trabalho.
O projeto “M2AI: O papel do microambiente e microbioma no tratamento dos carcinomas de mama triplos negativos ‐ aliados ou inimigos?” pretende estudar as opções terapêuticas em doentes com carcinoma da mama triplo negativo – um subtipo de cancro da mama mais frequente em mulheres jovens, que representa cerca de 15 por cento de todos os casos de cancro da mama invasivos e para o qual a quimioterapia é, atualmente, a única opção terapêutica disponível. Dada a escassez de terapias eficazes para além da quimioterapia, o cancro de mama triplo negativo é, atualmente, o subtipo de cancro de mama com pior prognóstico, apresentando uma taxa elevada de proliferação e incidência de metástases. Estudando o papel do microambiente tumoral e do microbioma na resposta ao tratamento das doentes com cancro da mama triplo negativo, este projeto procura obter dados que, futuramente, sejam úteis para o prognóstico da doença e adequação de intervenções terapêuticas de precisão. Integram a equipa liderada por Diana Martins, os investigadores Fernando Mendes, Maria Clara Rocha, Carlos Vila Nova, Rui de Oliveira, Anália do Carmo, Flávia Barbosa e Mariana Francisco.
A equipa responsável pelo projeto “SOLarClean: Uso da radiação solar para a remoção de antibióticos de águas”, por sua vez, propõe-se a desenvolver uma estratégia de tratamento de águas considerada sustentável, através de fotocatalisadores magnéticos à base de carbono. O objetivo passa por remover, de forma eficiente, produtos farmacêuticos (como antibióticos, perigosos para o meio ambiente e para a saúde humana) da água tratada nas ETARs, permitindo a sua reutilização de forma segura e evitando o aumento da resistência antimicrobiana. A aplicação da fotocatálise com recurso à radiação solar pode substituir tratamentos terciários pré-existentes considerados dispendiosos ou nocivos. Este projeto vai ao encontro da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável que visa o aumento da reciclagem e reutilização segura da água até 2030 e reconhece a poluição da água como um problema prioritário. Liderada por Diana Lima, a equipa é composta por Ana Paula Fonseca, Nádia Osório, Carla Patrícia Silva, Vânia Calisto e Valentina Silva.
Lançado em 2023 pela Presidência da ESTeSC-IPC, o I2D apoia projetos de investigação de caráter exploratório, implementados em cocriação entre, pelo menos, dois departamentos da Escola e focados em ideias originais que visem lançar novas linhas de investigação interdisciplinar. “Fazer ciência não é fácil, nem é algo que se consiga impor. O objetivo desde prémio é colocar os departamentos da ESTeSC-IPC a comunicar entre si e mostrar que é possível fazer ciência, mesmo com pouco dinheiro”, explicou ontem o presidente da ESTeSC-IPC, Graciano Paulo, na sessão de apresentação dos projetos.
O balanço da primeira edição do I2D – Igniting InterDisciplinarity é positivo e Graciano Paulo anunciou já que, no próximo ano, haverá um reforço da verba atribuída a este programa. “Não tenho dúvidas de que, com esta aprendizagem, com este início, o futuro só pode ser promissor”, afirmou.